Organizações do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial (FSM) vão levar uma missão humanitária à Faixa de Gaza entre os dias 31 de março e 5 de abril [2]. A missão sairá de Túnis, onde foi realizado o Fórum Social Mundial deste ano, que terminou no último dia 28.
Contando com uma extensa delegação brasileira composta por organizações não governamentais e movimentos sociais e sindicais, o projeto foi idealizado no ano passado pela Frente em Defesa do Povo Palestino [3] e aprovado pelo Conselho do FSM em novembro.
A missão levará ajuda humanitária e itens de primeira necessidade à Gaza. O objetivo é reunir-se com membros da sociedade civil palestina e organizações de trabalhadores, mulheres e da juventude, além de visitar hospitais e escolas. Também foi solicitada assistência material e diplomática ao governo brasileiro.
Para acontecer de fato, a missão depende agora do governo do Egito [4], que controla a entrada da cidade palestina de Rafa [5], localizada na fronteira com o Sinai. O caminho via Rafa foi o escolhido pelas organizações para acessar Gaza.
A missão foi apoiada por Eduardo Suplicy [6], secretário de Direitos Humanos de São Paulo, que esteve presente no FSM 2015 [7].
Fiquei honrado em ser convidado para uma ação que pretende colocar a bandeira da resolução pacífica do conflito e de plenos direitos aos palestinos para que tenham sua cidadania e sua nacionalidade. Queremos, como brasileiros que, da mesma forma que árabes, palestinos, judeus e pessoas de todas as raças se dão bem no Brasil, possam ter uma convivência pacífica no Oriente Médio. Eduardo Suplicy
Suplicy, no entanto, havia cancelado a sua participação na missão após troca de emails [8] com Ricardo Berkiensztat, presidente executivo da Federação Israelita de São Paulo, que escreveu ao secretário manifestando “preocupação com uma viagem de apoio ao grupo terrorista Hamas”.
Em resposta de esclarecimento [9], Suplicy reafirmou seu apoio a missão e ressalta “que de forma alguma apoia grupos terroristas”. Caso fosse a Gaza, o secretário se propôs a visitar também a cidade israelense de Sderot para ratificar sua intenção em promover o entendimento entre os dois lados.
O deputado federal Jean Willys também manifestou apoio à missão no Twitter:
Declaro aqui meu apoio irrestrito à realização de missão humanitária à Faixa de Gaza: http://t.co/bZQ41JcvQH [12] pic.twitter.com/UH7NaA7spD [13]
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) 16 março 2015 [14]
@jeanwyllys_real [15] Todo brasileiro deveria apoiar ajuda humanitária ao povo palestino, campo de concentração israelense, típico do nazismo.
— Peter_ Lyra (@Peter_Lyra) 17 março 2015 [16]
Mohamad El Kadri, da Associação Islâmica de São Paulo e da Frente em Defesa do Povo Palestino, disse ser importante, para dar tônus a missão e a delegação, [4]estender o convite a políticos e representantes de governos [17].
Algumas entidades já foram à Palestina mas os resultados não foram muito bons. Por isso queremos envolver militantes, políticos, representantes de governos para que possamos efetivar acordos com Gaza e obter resultados concretos, avanços políticos.
As duras sanções impostas por Israel e Egito à Gaza, através do bloqueio econômico e comercial que já dura 7 anos [18], gerou uma grave crise humanitária no local. As medidas foram tomadas por Israel após as eleições parlamentares na Palestina em 2006 [19], que deram a vitória ao Hamas [20].
Em julho de 2014, após o sequestro e assassinato de três jovens israelenses [21]na Cisjordânia e posterior vingança de israelenses que raptaram e queimaram vivo [22] um jovem palestino, Israel lançou a ofensiva Operação Margem de Proteção [23], que deixou mais de 2000 palestinos mortos, entre os quais mais de 1500 civis. Do lado israelense, foram 71 mortos (seis civis). Mais de 100 mil palestinos [24] ficaram sem condições de retornar às suas casas em Gaza.