Organizações do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial (FSM) vão levar uma missão humanitária à Faixa de Gaza entre os dias 31 de março e 5 de abril. A missão sairá de Túnis, onde foi realizado o Fórum Social Mundial deste ano, que terminou no último dia 28.
Contando com uma extensa delegação brasileira composta por organizações não governamentais e movimentos sociais e sindicais, o projeto foi idealizado no ano passado pela Frente em Defesa do Povo Palestino e aprovado pelo Conselho do FSM em novembro.
A missão levará ajuda humanitária e itens de primeira necessidade à Gaza. O objetivo é reunir-se com membros da sociedade civil palestina e organizações de trabalhadores, mulheres e da juventude, além de visitar hospitais e escolas. Também foi solicitada assistência material e diplomática ao governo brasileiro.
Para acontecer de fato, a missão depende agora do governo do Egito, que controla a entrada da cidade palestina de Rafa, localizada na fronteira com o Sinai. O caminho via Rafa foi o escolhido pelas organizações para acessar Gaza.
A missão foi apoiada por Eduardo Suplicy, secretário de Direitos Humanos de São Paulo, que esteve presente no FSM 2015.
Fiquei honrado em ser convidado para uma ação que pretende colocar a bandeira da resolução pacífica do conflito e de plenos direitos aos palestinos para que tenham sua cidadania e sua nacionalidade. Queremos, como brasileiros que, da mesma forma que árabes, palestinos, judeus e pessoas de todas as raças se dão bem no Brasil, possam ter uma convivência pacífica no Oriente Médio. Eduardo Suplicy
Suplicy, no entanto, havia cancelado a sua participação na missão após troca de emails com Ricardo Berkiensztat, presidente executivo da Federação Israelita de São Paulo, que escreveu ao secretário manifestando “preocupação com uma viagem de apoio ao grupo terrorista Hamas”.
Em resposta de esclarecimento, Suplicy reafirmou seu apoio a missão e ressalta “que de forma alguma apoia grupos terroristas”. Caso fosse a Gaza, o secretário se propôs a visitar também a cidade israelense de Sderot para ratificar sua intenção em promover o entendimento entre os dois lados.
O deputado federal Jean Willys também manifestou apoio à missão no Twitter:
Declaro aqui meu apoio irrestrito à realização de missão humanitária à Faixa de Gaza: http://t.co/bZQ41JcvQH pic.twitter.com/UH7NaA7spD
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) 16 março 2015
@jeanwyllys_real Todo brasileiro deveria apoiar ajuda humanitária ao povo palestino, campo de concentração israelense, típico do nazismo.
— Peter_ Lyra (@Peter_Lyra) 17 março 2015
Mohamad El Kadri, da Associação Islâmica de São Paulo e da Frente em Defesa do Povo Palestino, disse ser importante, para dar tônus a missão e a delegação, estender o convite a políticos e representantes de governos.
Algumas entidades já foram à Palestina mas os resultados não foram muito bons. Por isso queremos envolver militantes, políticos, representantes de governos para que possamos efetivar acordos com Gaza e obter resultados concretos, avanços políticos.
As duras sanções impostas por Israel e Egito à Gaza, através do bloqueio econômico e comercial que já dura 7 anos, gerou uma grave crise humanitária no local. As medidas foram tomadas por Israel após as eleições parlamentares na Palestina em 2006, que deram a vitória ao Hamas.
Em julho de 2014, após o sequestro e assassinato de três jovens israelenses na Cisjordânia e posterior vingança de israelenses que raptaram e queimaram vivo um jovem palestino, Israel lançou a ofensiva Operação Margem de Proteção, que deixou mais de 2000 palestinos mortos, entre os quais mais de 1500 civis. Do lado israelense, foram 71 mortos (seis civis). Mais de 100 mil palestinos ficaram sem condições de retornar às suas casas em Gaza.
1 comentário
Boa Fabio. Gostei de ver que Brasil ainda ajuda quem precisa ajudar. O mundo árabe olha pro Brasil como país “amigo”, estou falando sobre a politica exterior neutra brasileira.