Mais de 100.000 pessoas encheram a Porta do Sol, praça no coração da capital espanhola e lugar emblemático dos protestos dos últimos anos, para pedir uma mudança no sistema. No passado sábado, 31 de janeiro de 2015, manifestantes de distintas cores políticas, de diferentes idades e de várias cidades de Espanha juntaram-se em Madrid naquela que já ficou conhecida como a “Grande marcha pela mudança”.
A concentração foi convocada pelo Podemos, partido criado há apenas um ano e que neste período de tempo já conseguiu assegurar cinco assentos no Parlamento Europeu e posicionar-se como possível vencedor das eleições gerais espanholas que tomarão lugar em 2016.
Em resposta à convocatória desta formação política com vocação cidadã que ganhou protagonismo por agregar ideias surgidas durante os anos de indignação com raiz na crise financeira, os cidadãos deram força ao Podemos com uma comparência nas ruas que se pode considerar histórica.
A marcha de 31 de janeiro tomou a forma de um comício político a céu aberto no qual a audiência assistiu às intervenções de membros do partido Podemos. Entre os discursos pronunciados a partir de um palco, o público repetia em uníssono os lemas mais célebres dos protestos do movimento dos indignados. Mas desta vez, ao contrário das manifestações anteriores, a indignação não foi o único motor da concentração mas sim também a vontade de unir forças para mudar o sistema. “Sí, se puede” (Sim, podemos) foi o grito mais ouvido do dia, entoado também nas concentrações dos últimos anos para exprimir que a cidadania se sente capaz de pôr um fim à corrupção das instituições e a uma casta privilegiada que não luta pelos seus interesses.
“Sonhamos, mas levamos muito a sério os nossos sonhos”, foi a frase mais repetida por Pablo Iglesias, líder do partido Podemos que convocou a marcha através de uma campanha que se tornou viral na internet. O seu discurso começou com uma menção à Grécia, país que elegeu no final de janeiro o partido Syriza para formar um governo que se oponha à elite europeia.
Para o político, a Grécia é só o primeiro país a rejeitar as medidas de austeridade e o segundo deve ser Espanha com o Podemos no governo. O líder insistiu nos problemas que o país atravessa no que toca a desigualdade, pobreza e exclusão, denunciando a gestão dos diferentes governos das últimas décadas e já apresentou propostas de mudança ressaltando a necessidade de dar uma volta à esquerda: “2015 é o ano da mudança para Espanha e para a Europa”.
O líder prestou homenagem aos grupos de activistas que no passado e até agora lutaram pela defesa dos direitos da cidadania: professores e estudantes que formaram uma “maré verde” em defesa da educação, as “batas brancas” que se fecharam nos hospitais pela saúde pública, as mulheres que lutaram pelo direito ao aborto, os “avós incansáveis” que exigiram justiça social para as novas gerações, os “estafados” (ludibriados) que enfrentaram a banca, os trabalhadores imigrantes e os cidadãos que saíram às ruas para impedir os despejos. “Graças ao movimento popular a mudança será possível. Nunca mais um país sem o seu povo”, concluiu.
No Twitter, as pessoas usaram as suas redes sociais para partilhar fotos e vídeos do evento, as razões da sua participação na marcha ou até as esperanças que colocaram neste dia:
El pueblo ha dicho basta ya d estafadores, corruptos y falsos patriotas…el cambio está en nuestra mano! #EsAhora31E pic.twitter.com/rwadufhEj2
— ZBelaus (@ZBelaustegui) enero 31, 2015
O povo disse que já basta de vigaristas, corruptos e falsos patriotas… a mudança está nas nossas mãos! #EsAhora31E
Este sábado la ilusión y la esperanza por el cambio van a inundar Madrid: > 31E Cibeles-Sol 12H < #LaMarchaDelCambio pic.twitter.com/WHQi0uOs3L
— Luis Rueda Martín (@luisrueda96)
Este sábado a vontade e a esperança de mudança vão inundar Madrid: > 31E Cibeles-Sol 12H < #LaMarchaDelCambio
Madrid, 31E. Se siente el sueño de un pueblo que esta construyendo su futuro con alegría y esperanza pic.twitter.com/IIxfIjNtSU #SonreirEsVencer
— Rafa Mayoral (@MayoralRafa) febrero 1, 2015
Madrid, 31E. Sente-se o sonho de um povo que está a construir o seu futuro com alegria e esperança. #SonreirEsVencer (Sorrir é vencer)
Tic, tac. Tic, tac. El sonido del cambio. #EsAhora31E
— Pablo Soto (@pabloMP2P) enero 31, 2015
Tic, tac. Tic, tac. O som da mudança. #EsAhora31E
Hoy es un momento constituyente. Es la hora de la gente. No olvidaremos el #31e @ierrejon petandola #EsAhora31E pic.twitter.com/SRcXdLECLZ
— toret (@toret) enero 31, 2015
Hoje é um momento constituinte. É a nossa hora. Não vamos esquecer o #31e @ierrejon a bombar #EsAhora31E