Moçambique: Governadora sugere que os mais desfavorecidos comam patas de galinha na ceia de Natal

A governadora da capital Maputo em Moçambique, Lucília Hama, encorajou as pessoas com dificuldades financeiras a aproveitar os derivados do frango e do peixe para as suas ceias de Natal. A governanta exortou os maputenses a racionalizar os principais alimentos, nomeadamente o frango e o peixe. 

The Amazing Feet of Chickens. Foto: Flickr by David Goehring (CC BY 2.0)

The Amazing Feet of Chickens. Foto: Flickr by David Goehring (CC BY 2.0)

Para a Governadora, se os maputenses não puderem comprar o frango, pelo menos devem garantir que tenham os seus derivados no prato, tais como as patas ou os pescoços das galinhas: “O importante é que tenham algo para comer, nem que sejam patas de galinha, nem que seja o pescoço da galinha (…) o que nós queremos é que tenham um prato para passar o dia da família [Natal] assim como a passagem de fim de ano”, disse em declarações à televisão. Lucília Hama foi alvo de várias críticas e caricaturas nas redes sociais repudiando as suas afirmações efectuadas em pleno horário nobre da televisão Moçambicana, o Telejornal:

 José Jaime Macuane, pesquisador e docente universitário na Universidade Eduardo Mondlane publicou na sua página do Facebook uma mensagem irónica sobre este caso:

À luz dos últimos acontecimentos na cidade de Maputo, já temos elementos para propôr um novo conceito para a nova edição do Dicionário de Política: Governo Nutricionista

 Ericino de Salema, conceituado jornalista em Moçambique, publicou em jeito de brincadeira:

Patas e tripas de galinha + farelo = prato absolutamente derivado. Com uma taça de chibuku, cinco estrelas!

No mesmo post, Joao Valentim Nhampossa disse o seguinte:

Parece que os nossos governantes gostam muito de aves…se não vendem patos, oferecem patas, pescoços e tripas de galinha…não terá um talho essa senhora e anda aqui a usar o cargo para angariar clients…

Victor Joaquim criticou a forma como os governantes tem estado a lidar com os cidadãos:

Os membros deste governo vivem a larga. Enquanto isso, a incidência da pobreza tem persistido nas últimas decadas em niveis relativamente elevados no contexto africano. Os programas públicos de combate a pobreza servem apenas para criar ilusão nos mais pobres. A dignidade dos individuos e familias que se encontram privadas de uma participação plena na vida e na sociedade. Individuos para os quais uma surpresa negativa – na saúde, no emprego, num qualquer acidente − pode representar uma privação de necessidades básicas. Individuos para quem o investimento no futuro não passa de uma ilusão

Em outra publicação mais caricata ainda, Naja Karina das Índias disse:

Devido aos apelos da excelentíssima sra Governadora, a associação dos pescadores se reuniu, e; para não ficar atrás concluiu que vai lançar no mercado os derivados de peixe: escamas, barbatanas, goelas e todo o resto que antes não era aproveitado

Don Max Galliano fez uma comparação entre as palavras da Governadora, e a realidade dos moçambicanos: 

Bom dia Voltando ao caso “miudezas”, será que a Governadora “Patinhas Panadas” proferiu aquelas palavras sob efeito de nervos (problemas no lar) ou por achar que o povo Moçambicano começou a comer frangos no ano de 2013? Epah, é de lamentar que o plano dela de combate a “pobreza absoluta” é o uso absoluto do frango, isto é comer: penas, bilis, fígado, moelas, cabeça, patas, resto de farelo, pescoço, pele, sangue, lingua,etc. Mas isso não é da minha conta mesmo, garçom traga-me um kilo de patas assadas com guizado de penas de galinha…

Numa publicação de Egídio Vaz sobre o assunto, vários foram os comentários de total repúdio às afirmações da Governadora, Adelino Braquinho disse:

Antes de a governadora ser governadora, os Mocambicanos desfavorecidos, ja usavam miudezas de frango; portanto, este apelo da governadora, `e inoportuna e nem sequer merece comentarios.

Benjamim Agostinho Mucopote referiu o seguinte:

Está completamente desnortedada essa governadora.Ha assuntos sérios que ela pode se dar o tempo a falar.Ficou muito mal na fotografia.

Alice Mabota, presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique comentou nos seguintes moldes:

Quanto a mim uma boa governadora como mãe, seria aquela que se preocuparia com o incremento da produção do frango que serviria de prato acessivel para os pobres e, assim procuraria que houvesse mais investimentos para pequenos produtores de frangos e batata. que ao se produzir em quantidades iria reduzir o preço do frango e permitir a acessibilidade a qualquer cidadão e nunca enveredar pelo caminho sujo de mandar os cidadãos consumir patinhas, e, olhem que para mim como as moelas servem de aperitivo não os mensionou. Os pobres para comerem vasculham lixo. É asse o pensamento medíocre de alguns dirigentes. Que pena que só se escolhe os medíocres para dirigirem o pais ..A MELHOR FORMA DE REINAR SEM SER QUESTIONADO…

Nota do editor: As patas da galinha, e os seus derivados, são muito apreciadas na China e em outras partes do mundo, a “gaffe” cometida pela Governadora de Maputo foi conotada, nas redes sociais (e pela população em Moçambique) como “inoportuna”, sem demonstrar respeito e solidariedade face à população mais desfavorecida  com dificuldade em comprar alimentos mais adequados para uma quadra como o Natal e a celebração do novo ano.

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