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‘Queremos viver': milhares sofrem com fome e sede em Yarmouk, Síria

Categorias: Síria, Direitos Humanos, Esforços Humanitários, Guerra & Conflito, Juventude, Mídia Cidadã
Kafranbel stands in solidarity with Yarmouk, with a banner that reads: Yarmouk's stomachs are filled with dignity, you bastards. Source: The We Want to Live campaign's Facebook page

A cidade Kafranbel se solidariza com Yarmouk com uma faixa que diz: “Estômagos de Yarmouk estão cheios de dignidade, bastardos”. Fonte: a página de campanha no Facebook We Want to Live (Queremos Viver)

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Este artigo foi publicado em SyriaUntold. [1]

À medida que a tragédia síria aumenta a cada dia, a atenção internacional se concentra cada vez mais na grande figura de confrontos geopolíticos e militares. Enquanto isso, outras questões passam despercebidas, como o cerco que o campo palestino de Yarmouk tem sofrido há mais de um ano. A última consequência do cerco de Yarmouk é a sede, que seus habitantes vivenciam há semanas. Queremos Viver: Sede Sob Cerco [2] é o nome de uma campanha popular que aborda essa questão, tentando dar-lhe a atenção que ela merece.

O Campo do Yarmouk, localizado em Damasco, capital da Síria, já foi o lar de 160 mil palestinos e sírios. Hoje, só 18 mil refugiados continuam morando no campo cercado.

Lançado por jovens sírios e sírio-palestinos de dentro e fora do campo, a campanha tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre como o regime do Assad está retaliando Yarmouk. “Seus habitantes são empurrados para morrer de fome, sede e doenças”, um dos organizadores da campanha disse a SyriaUntold. “O cerco está em curso há muito tempo, mas a situação ficou ainda pior desde que o regime cortou a água.”

Yarmouk sofreu um cerco parcial partir de 17 de dezembro de 2012 e cerco total desde 17 de julho de 2013. Pelo menos 170 pessoas morreram de fome, e mais de 20 mil continuam a suportar o cerco. A cidade também tem sofrido repetidos ataques [3], ataques aéreos e bombardeios com armas pesadas em edifícios civis, escolas, hospitais e mesquitas.

Para lidar com os cortes de água, muitos em Yarmouk têm recorrido a transportar água de poços em todo o campo para as suas casas. Em muitos casos, a água não é potável e tem causado doenças às pessoas que a tomam.

One of the We Want to Live campaign' designs. Source: the campaign's Facebook page

Uma das fotos de campanha “Queremos viver”. Fonte: Página do Facebook da campanha.

A campanha Queremos Viver mostrou diversas manifestações criativas focadas em Yarmouk, de folhetos e banners que refletem sobre a tragédia de sede e de fome induzida, aos jogos sendo realizados dentro do campo. Com o objetivo de distribuir a solidariedade com a população sitiada, os ativistas compartilharam fotos e mensagens de Yarmouk e incentivaram outras pessoas a participar da campanha. Centenas de usuários de mídia social fizeram selfies em solidariedade com o acampamento e compartilharam as fotos no Facebook e no Twitter, usando #LetUsBe e #thirst_under_siege como hashtags.

“Só queremos o que merecemos: viver com dignidade” — esta era uma das bandeiras levantadas pelo povo de Yarmouk. A cidade de Kafranbel, conhecida pelos seus banners espirituosos, compartilhou a seguinte mensagem ao regime:

Yarmouk’s stomachs are filled with dignity, you bastards.

Os estômagos de Yarmouk estão cheios de dignidade, seus bastardos.

Este artigo foi publicado em SyriaUntold. [1]

Tradução editada por Débora Medeiros [4] como parte do projeto Global Voices Lingua [5]