A Comissão Nacional de Eleições de Moçambique divulgou no dia 30 de Outubro os resultados das eleições presidenciais e legislativas que decorreram no dia 15 do mesmo mês. Na corrida às presidenciais estiveram Afonso Dhlakama, do partido RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), Filipe Nyusi, do partido FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e Daviz Simango, do partido MDM (Movimento Democrático de Moçambique).
Antes da divulgação dos resultados, houve quem expressasse o seu sentimento de repúdio ao que aconteceu no dia 15 de Outubro, referindo-se a “fraude eleitoral”.
Apóstolo da Desgraça escreveu:
De uma leitura rápida sobre FRAUDE ELEITORAL, olhem o que eu encontrei:
Uma fraude eleitoral é a intervenção deliberada numa eleição com o propósito de impedir, anular ou modificar os resultados reais, favorecendo ou prejudicando alguma candidatura, partido ou coligação.
A fraude eleitoral pode acontecer de forma previamente planificada:
* a partir da fase de recenseamento eleitoral e registo total dos eleitores;
* no processo de votação;
* durante o processo de apuramento dos votos.Porque em Moçambique ainda usamos o sistema de votação manual, a fraude eleitoral é feita da seguinte maneira:
* inserção de ELEITORES-FANTASMA – consiste em incluir nomes de eleitores inexistentes nos cadernos eleitorais, ou manter como ativos eleitores já falecidos, para que de alguma forma alguém, de carne-e-osso, vote no lugar deles;
* Substituição de eleitores: consiste em fazer com que uma pessoa vote em lugar de outra ou outras, por exemplo, passando por pessoas falecidas;
* Compra de votos ou coacção sobre eleitores para impedir que livremente elejam candidatos ou opções propostas na votação;
* ROUBO DE URNAS ou boletins eleitorais antes de serem devidamente apurados e contados;
* ADULTERAÇÃO DAS ACTAS ELEITORAIS modificando os números dos resultados reais;
* Substituição de boletins eleitorais, actas, etc.
* INTRODUÇÃO DE BOLETINS PREVIAMENTE PREENCHIDOS nas urnas;
* CORTES DE ENERGIA PROPOSITADOS fazendo com que o apuramento manual ou os sistemas de cálculo electrónicos possam sem manipulados através da substituição de valores nas bases de dados;
* SUBORNO das pessoas que contam os votos.
* ADULTERAÇÃO DE PROGRAMAS INFORMÁTICOS (software) na fase do apuramento final. Aqui importa salientar que se a adulteração for feita pelos próprios programadores do sistema, fica impossível de ser detectada.PS: Amigos, foram ou não reportados todos esses casos de EVIDENTE FRAUDE ELEITORAL nas recentes eleições gerais e cujos resultados ficaremos a conhecer a partir de hoje?
Os resultados, agora oficiais, já vinham sendo projectados há alguns dias. A página do Txeka acompanhou a divulgação dos mesmos:
Resultados finais das Eleiçoes presidenciais 2014
Filipe Nyusi – 57,03 %
Afonso Dlhakama – 36.61 %
Daviz Simango – 6.36 %
Jose Mac-arthur comentou, no Facebook, que a vitória de Nyusi era a vontade popular, sem esquecer a necessidade de existência de um governo inclusivo:
Esta é a vontade da maioria ,espero que a minoria se conforme, e o facto da [tendência] do voto ser regional espero que nao seja motivo para exclusao [económica],se isso acontecer sera uma caos total,,,,e prejudicial para o pais ,dado que maior parte dos recursos se [encontram] nestas [regiões] que se nao acautelarem podem criar condiçoes de afugentar empresario o que nao e bom para qualquer presidente ,,,o meu conselho e incluir ate [mesmo] pessoas que se identifica com a [oposição] para o pais [crescer], a VOSSA EXCELENCIA SERA TAMBEM PRESIDENTE dessa maioria q votaram na oposiçao no centro do pais e os que nao almejaram os seus intentos conformem….
Contudo, houve quem não concordasse com estes resultados, Daniel Alfredo Mussane disse:
Seja bem vindo ao mundo do país do nada Nyusi! Este lugar em que hoje provisoriamente estás reconheço que não devias, o meu voto afirmo: não contou, só espero que Deus faça as suas vontades… Voltemos aos novos numeros, esses são falsos infelizmente! Ainda Moçambique sem chefe de estado, aonde vamos?
No que diz respeito às legislativas, o resultado foi o seguinte: Frelimo elegeu 144 Deputados; Renamo 89 e MDM obteve 17 Deputados eleitos.
No dia da divulgação destes resultados, surgiram relatos de “agitação popular” em algumas zonas da Cidade de Maputo, como sinal de protesto. Alexandre Zerinho publicou o seguinte:
Informações indicam que ha confusão na Praça dos Combatentes vulgo Xiquelene.
No mesmo seguimento, Celio Mabjaia ia fazendo referência a outros locais onde também decorria alguma agitação:
O povo roubado estava à [reivindicar] nesse momento no mercado Xipamanine, Praça dos combantentes, baixa da cidade de Maputo, Praça dá Juventude, e vai alastrar-se em todo Moçambique, o povo Unido jamais será vencido.
Por sua vez, Egídio Vaz, um renomado analista político em Moçambique publicou o seguinte comentário no seu mural:
Transporte de passageiros comprometido em Maputo. Algumas igrejas cancelaram os cultos vespertinos. Malhampsene, Xiquelene e Magoanine há relato de pequenas agitações.
Algumas universidades fecharam os cursos nocturnos (ISTEG por exemplo ). Melhor informar-se antes de sair de casa. A minha expectativa é que isso passe ao cair da noite.
Contudo, o comentário de Egídio Vaz suscitou reacções menos esperadas. Arcadio Neson reagiu da seguinte forma:
Egidio vaz ñ crie medo animosidade no povo pq o seu partido perdeu.voces tao mto bem em vossas vidas mas agitam a pobres a se manifestarem cm voças analises.nao queremos mais casos d Montepuez; Mogincual entre outras regiões do norte que voces nos agitam xega.nenhum do norte ira a manifestaçoes que voces apregoam
O Jornal “Canal de Moçambique” publicou no dia seguinte (31 de Outubro) um cenário dessa agitação que também se fez sentir na Cidade da Beira, a segunda maior do país:
Ameaças de manifestações contra fraude da Frelimo criam tensão em Maputo e na Beira (#canalmoz)
Maputo (Canalmoz) – As cidades de Maputo e Beira viveram, na quinta-feira, momentos incomuns, quando foram postas a circular mensagens de manifestações contra a fraude eleitoral que tornou Nyusi e a Frelimo vencedores das eleições de 15 de Outubro. As duas cidades estiveram com o comércio parcialmente fechado. O medo da população agravou-se quando o Governo despachou paras as ruas brigadas da Força de Intervenção Rápida e da Polícia de Protecção. Fortemente armada, a força antimotim circulou pelas ruas das duas cidades, criando pânico na população. Desde o meio da tarde de ontem até à noite, a cidade de Maputo esteve com problemas de transporte público. Várias pessoas tiveram de percorrer longas distâncias a pé. (…)
Comboios socorrem população
Os três comboios que geralmente ligam a cidade de Maputo à cidade da Matola e aos distritos de Boane, Namaacha, Moamba Marracuene e Manhiça, ontem socorreram milhares de pessoas que queriam chegar a alguns pontos da cidade e da província de Maputo.
Devido à falta de “chapas” [transportes públicos] na Praça dos Trabalhadores, muita gente recorreu a comboios, para chegar às suas zonas. (…)Na cidade da Beira, a Polícia fez desfiles nas ruas, exibindo material de guerra, o que colocou a população em pânico desde as primeiras horas. O comércio também esteve fechado. Na Munhava, houve alguma agitação da população. A Polícia foi de imediato proteger a sede do partido Frelimo, que se localiza naquele bairro, e que tem sido sempre alvo da fúria popular. (Cláudio Saúte, em Maputo, e José Jeco, na Beira)
Em relação ao relato do CanalMoz, Pedro Obra Obra disse:
Quem ganha sem fraude não precisa da policia para proteger se a policia esta em força na rua é porque algo correu mal. quem não deve não teme!
Em resposta, Heliodoro Vicente Machungo referiu o seguinte:
Caro Pedro Obra somente dizer que se a policia se fez sentir nas ruaa nao e por causa de quem nao deve nao teme mais sim e uma questao de evitar vandalismo ou seja evitar oportunistas e tu sabes bem o que acontece quando a uma revolta popular nao e o governo que sente mais sim os comerciantes que sofrem e ate mesmo os inocentes o que nos nao sabemos fazer e ir protextar onde deve ser o sitio certo(ponta vermelha e etc)…
Os meios de comunicação social internacionais deram destaque a estes resultados:
Moçambique/Eleições: Frelimo diz que vitória reflete “os resultados que o povo quis” http://t.co/OeFyETvEco
— Correio da Manhã (@cmjornal) 30 outubro 2014
Moçambique: CNE dividida declara Nyusi e Frelimo vencedores das eleições Gerais: Os resultados anunciados dão … http://t.co/K0zvEMq8VS
— News 24h Angola (@news24hago) 31 outubro 2014
Contudo, refira-se que estes resultados aguardam pela validação e proclamação pelo Conselho Constitucional, órgão máximo da justiça em Moçambique, sem contar que alguns partidos da oposição já submeteram a este órgão, pedidos de anulação das eleições em alguns círculos eleitorais.