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S. Tomé e Príncipe: Maioria Absoluta para Patrice Trovoada

Categorias: África Subsaariana, São Tomé e Príncipe, Eleições, Mídia Cidadã, Política
Apoiantes ADI. Foto: Facebook

Apoiantes do partido ADI durante uma campanha de rua. Foto: Facebook [1], reprodução autorizada.

Patrice Trovoada, eleito Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe com maioria absoluta. Os media locais apelidaram a eleição do dia 12 de Outubro de “TSUNAMI” eleitoral. Uma campanha sem o “banho (compra de votos)” mas com alguma violência registada no distrito de Caué.

 

A população de São Tomé e Príncipe (STP) foi convocada a eleger o novo governo nas eleições gerais do passado dia 12 de Outubro. O partido Acção Democrática Independente (ADI) [2] venceu as eleições legislativas e municipais obtendo 33 dos 55 deputados do parlamento são-tomense. [3] O Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) [4], a segunda força política do país, conquistou 16 assentos.

Patrice Trovoada [5] retoma assim a cadeira de Primeiro-ministro, cargo que abandonou em 2012 após ter sido demitido [6] pelo Presidente Manuel Pinto da Costa na sequência de uma moção de censura.

As promessas de baixar o preço do arroz [7]e facilitar o acesso gratuito à internet [8] bem como tornar S. Tomé na “Dubai de Africa” [9] ajudaram a convencer o eleitorado são-tomense e conquistar a maioria absoluta numa campanha apelidada pelos media locais de “TSUNAMI” [10].

O candidato da ADI, que esteve ausente do país por alegada perseguição política [11], regressou a STP a meio da campanha eleitoral onde efetuou alguns comicios, sempre acompanhado de figuras politicas de Portugal [12]e de segurança apertada. A caravana acabaria por ser atacada [13] ao décimo dia da campanha por um grupo de indivíduos que envergavam as camisolas do maior partido de oposição.

Individuos envergando a camisola do MLSTP atacaram a caravana do ADI e um repórter de imagem Português. Foto: Facebook [14], reprodução autorizada.

Na página do facebook do candidato do ADI as reacções [13] dos simpatizantes do partido, como a de Leida Lisboa, fizeram-se sentir:

A violência n vai nos levar a lodo nenhum, isto é uma vergonha, apesar de sermos um povo simpático e elogiado pelo mundo tambem somos muitos ignorantes e suberbos, deixem esses pensamentos negativos para trás somos todos irmãos  comportamentos de fuga n vai intimidar o ADI somos forte e pertencemos as mesma raizes.

Outro são-tomense, Will Cadio, diz também ser contra a violência. Acrescenta no entanto que não acredita que estes indivíduos sejam realmente militantes do MLSTP:

 meu partido e s.tome e principe e sou contra qualquer tipo de violência seja ela qual for , s.tome nao merece esse tipo de vergonha .Deixo uma pergunta no ar :sera que as pessoas so porque tinham camisolas do mlstp eram realmente do mlstp ??? Nao acredito q um partido com uma história como mlstp tenha alguma coisa a ver com isso , atenção mais uma vez digo e repito nao sou d partido nenhum e sou contra a violência. Abraxos

Guiomar Aguiar também se questiona se serão mesmo militantes do MLSTP-PSD:

Sera que Sao mesmo militantes do MLSTP…Duvido. ..Que façam uma boa investigacao…Abaixo a violencia!

Um video [15] realizado pelo ADI durante o décimo dia de campanha integra as imagens da violência:

As campanhas eleitorais em STP têm sido caraterizadas pelo “Banho” – o fenómeno de  “compra de votos” [16]. Esse fenómeno se aconteceu, no mínimo não esteve visível [3] nestas eleições de 2014, considerou o Presidente da Comissão Eleitoral Nacional são-tomense (CEN), Victor Correia. 

Patrice Trovoada é filho de Miguel Trovoada [17], antigo Primeiro-ministro(1975-1979) e mais tarde Presidente(1991-2001) um dos fundadores do partido Movimento pela Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), em 1972. Viria mais tarde a fundar a Acção Democrática Independente [18], atualmente liderada pelo filho Patrice [19]

Patrice Trovoada em campanha eleitoral

Patrice Trovoada em campanha eleitoral. Foto Facebook [20], reprodução autorizada

São Tomé e Príncipe tornou-se independente de Portugal em 1975, durante 16 anos viveu um regime de partido único, liderado pelo MLSTP [21], com Pinto da Costa a Presidente da República e Miguel Trovoada como primeiro chefe do Governo.