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Brasil ou Argentina? Adversários do futebol se confrontam em Bangladesh, a milhares de quilômetros da Copa do Mundo

Categorias: Sul da Ásia, Bangladesh, Arte e Cultura, Ativismo Digital, Esportes, Mídia Cidadã, Relações Internacionais
Football fever spreads in Bangladesh. Playing football in front of a wall colored with different national flags of the participants in the FIFA World Cup. Jatrabari, Dhaka. Image by Sourav Lasker. Copyright Demotix (8/6/2014) [1]

O entusiasmo por futebol se espalha em Bangladesh. Jogando futebol em frente a um muro pintado com as cores de diferentes bandeiras dos países participantes da Copa do Mundo da  FIFA. Jatrabari, Dhaka. Imagem de Sourav Lasker. Copyright Demotix (8/6/2014)

A Copa do Mundo 2014 estava para iniciar no Brasil, no último dia 12 de junho, e um entusiasmo frenético pela disputa já havia tomado conta de Bangladesh, como sempre ocorre a cada quatro anos. 

Nada consegue diminuir a paixão que este país do Sul da Ásia  tem por futebol, nem mesmo sua perene baixa classificação junto à FIFA [2] [en] – neste ano ficou na posição 167. Bengalis podem não ter a oportunidade de celebrar os feitos de seu próprio time durante os campeonatos da Copa do Mundo, mas acompanham com fervor e torcem apaixonadamente por seus times estrangeiros favoritos. 

A maioria dos bengalis são fãs incondicionais dos times, seja do Brasil ou da Argentina. A rivalidade entre os dois times se apodera de cada fã bengali. Ahmad-Musa relata [3][bn] em seu blog Somewhereinblog:

১২ জুন সাও পাউলোতে শুরু হচ্ছে ফুটবল যুদ্ধ। এই যুদ্ধে বাংলাদেশের আপমর জনতা মূলত ভাগ হয়ে যাবে ব্রাজিল-আর্জেন্টিনা শিবিরে। ঘরে ঘরে চলবে এই সমর্থন যুদ্ধ।এলাকা মহল্লায় কার আগে কে কত বড় পতাকা উত্তোলন করতে পারে, কাদের সমর্থক বেশি তা নিয়ে চায়ের টেবিলে ঝড় উঠেছে।

A guerra futebolística terá início, em São Paulo, no dia 12 de junho. Bangladesh inteira estará, praticamente, dividida entre dois campos – Brasil e Argentina. Tal demonstração de suporte a um dos dois times estará representada em cada residência. Todo bairro encontra-se repleto de espírito competitivo sobre quem será capaz de hastear a bandeira de seu time antes de seus vizinhos. Estão ocorrendo debates calorosos, acompanhados de um sem fim de xícaras de chá, sobre quem terá hasteado a maior bandeira, qual time conta com o maior número de torcedores, etc. 

Traders are out to make some quick money as the sale of jerseys of various countries soar ahead of the FIFA World Cup in Brazil. Image by Md. Manik. Copyright Demotix (5/6/2014) [4]

Os comerciantes estão prontos para ganhar dinheiro extra com a venda de camisetas de vários países, à medida que o negócio aumenta em antecipação à Copa do Mundo FIFA no Brasil. Imagem de Md. Manik. Copyright Demotix (5/6/2014)

Todos exibem fidelidade a seus times não só nas camisetas que vestem, mas principalmente nas mídias sociais. 

Marina Chawdhury (@M_e_R_i_n_a) tuitou [5] de forma leve (diferentemente dos demais) que ela não discute sobre futebol:

Eu torço pelo Brasil e sou uma pessoa da paz. Não discuto com os torcedores de outros times. 

Tailors sew Brazil and Argentina flags at a shop in Dhaka ahead of the World Cup.  Image by Rohit Rajib. Copyright Demotix (21/5/2014) [7]

Alfaiates fazem bandeiras do Brasil e da Argentina numa oficina em Dhaka, em preparação para a Copa do Mundo. Imagem de Rohit Rajib. Copyright Demotix (21/5/2014)

A venda de bandeiras das nações competidoras alcançam o patamar mais elevado durante o período da Copa do Mundo. Torcedores e fãs exibem bandeiras de seus times favoritos em suas casas, um fenômeno que levou o blogueiro Sobak Pakhia a  [8]fazer o seguinte comentário [8]:

বিশ্বকাপ ফুটবলের সময় ব্রাজিল, আর্জেন্টিনার পতাকা উড়ানোর উপর করারোপ করলে সরকার কিছু টেকাটুকা কামাইতে পারতো।

O governo poderia arrecadar dinheiro se cobrasse uma taxa de pessoas que hasteassem bandeiras do Brasil e da Argentina. 

Ashiqur Rahman Rean escreveu [9]no Facebook:

Neymar and Messi should get their “revenue share” from the flag sales in Bangladesh during World Cup: they would go mad if they know the sales number here.

Neymar e Messi deveriam ganhar “participação de receita” advinda da venda de bandeiras em Bangladesh durante a Copa do Mundo: eles ficariam doidos se soubessem as estatísticas de venda aqui.

Nillufar Sharmin Jessy faz comentários sobre a exibição, por toda parte, de bandeiras das nações participantes, em quase todos os prédios e veículos:

Frenesi de Copa do Mundo em Bangladesh. Pessoas agitando bandeiras em suas residências ou veículos..#LOVEFOOTBALL [10].@WorldCupPosts [11] pic.twitter.com/sXl5tV7HfR [12]

O curioso é que, embora o país não tenha sido escalado para jogar na Copa do Mundo, sete times internacionais jogarão vestindo camisetas feitas em Bangladesh. Zubayer Aziz está orgulhoso deste fato. Ele tuitou [14]:

As camisetas usadas pelos jogadores brasileiros para a Copa do Mundo terão sido feitas em Bangladesh e, com orgulho, trarão este registro nas etiquetas.#MadeInBangladesh [15]

O blogueiro e educador, Ragib Hasan, [16] levantou a seguinte questão [16] no Facebook:

কিন্তু আর্জেন্টিনা ব্রাজিলের এই পতাকার ভীড়ে আমার এই সোনার বাংলার পতাকাটা কোথায়?
বাংলাদেশের পতাকা আইন অনুসারে বিদেশী পতাকা কেবল তখনি ওড়ানো চলে, যখন বাংলাদেশের পতাকা ওড়ানো হয় এবং সব চাইতে উঁচুতে সগৌরবে। খেলা নিয়ে আনন্দ, উল্লাস এসব আমাদের জীবনের, আমাদের বেঁচে থাকারই অংশ। কিন্তু খেলার উন্মাদনায় বাংলাদেশের লাল সবুজের পতাকার মর্যাদাটা ভুললে চলবেনা, কারণ লাখো শহীদের অর্জিত এই পতাকাটা কোনো ব্রাজিলীয় বা আর্জেন্টিনীয়র রক্তে না, বরং এই বাংলার মানুষের রক্তে, আত্মত্যাগেই এসেছে। কাজে ওড়ান পছন্দের দলের পতাকা, মনের আনন্দে, কিন্তু একই সাথে বাংলাদেশের পতাকাও উড়ুক, আর উঁচুতে, আমাদের গর্বে, আনন্দ বেদনার চিরসঙ্গী হিসাবে।

Em meio à presença, por toda parte, das bandeiras do Brasil e da Argentina, onde fica nossa bandeira bengali? De acordo com a legislação sobre o uso de bandeiras, pode-se hastear uma bandeira estrangeira somente quando se hasteia também a bandeira bengali, a qual deve ser exibida, em toda sua glória, num patamar mais elevado. Tudo bem quando se trata de fanatismo e divertimento ao redor de esportes (e do futebol). Faz parte de nossas vidas, é um tônico em nosso cotidiano. Mas ao mesmo tempo que temos este comportamento, também temos que nos lembrar de respeitar e honrar nossa própria bandeira nacional. Não devemos nos esquecer disto; alcançamos nossa bandeira com o sacrifício de nossos mártires, e foi o sangue deles, o sacrifício deles, que nos trouxe esta bandeira – e não qualquer sangue brasileiro ou argentino. Portanto, vá em frente, hasteie a bandeira de seu time favorito, mas ao mesmo tempo, deixe que nossa bandeira nacional voe mais alto, como símbolo de nosso orgulho nacional, nossas alegrias e tristezas.

Tradução editada por Débora Medeiros [17] como parte do projeto Global Voices Lingua [18]