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Há anos, as iranianas, principalmente a geração mais jovem, procuraram avidamente a “marca” certa, o que signfica a importada, de preferência com etiqueta ocidental. As marcas importadas pareciam mais atuais, estilosas e portanto eram mais caras. Existiam poucas marcas nacionais disponíveis, e as que existiam não eram consideradas de bom gosto conforme o padrão das jovens.
Mas há poucos anos atrás, as coisas começaram a mudar. Estilistas iranianas surgiram com ideias próprias. Modelos femininos locais e coloridos começaram a aparecer e despertar interesse.
Hoje existem no Irã dezenas de marcas nacionais, registradas ou não. Como outras na indústria da moda mundial, os novos modelos são lançados no mercado a cada estação. Como outros profissionais do setor de fashion,eles possuem seus próprios modelos, porém diferente de outros nesse ramo de negócios, não são chegados à divulgação pela cidade.As fotos profissionais delas já fizeram o próprio espaço nas redes sociais.
Poosh, uma marca registrada iraniana para as mulheres
A Poosh (também conhecida como Pooshema) desenha uma variedade de produtos, desde roupas até acessórios, bolsas artesanais e sapatos. Farnaz Abdoli é a principal estilista da marca e dirige um grupo de costureiras que representam a Poosh.
“Quando jovem, não era capaz de achar a roupa desejada. Eu sempre pensava, por que deveria ser forçada a seguir um padrão específico quando quando o assunto é moda do dia a dia? Por que não deveria vestir algo que fosse atraente e,ao mesmo tempo,não infrinja o código de vestimenta islâmico?” afirmou Abdoli.
Marca Poosh/ Desenhada pela estilista de moda Farnaz Abdoli- Coleção Primavera/Verão 2014
Com isso em mente, Abdoli, graduada em Desenho Gráfico, decidiu criar seu próprio estilo. Ela participou de muitos workshops de moda Teerã, Istambul e Dubai, promoveu alguns desfiles, e há três anos fundou a marca Poosh.
“Antes de cada estação, confiro as tendências de moda pelo mundo e busco estar de acordo com ela… Mantenho contato com as estilistas iranianas que vivem no exterior, discuto minhas ideias com elas e às vezes elas me aconselham,” assumiu.
Poosh é oficialmente uma marca registrada no Irã, o que significa que Abdoli tem todas as autorizações necessárias da Sociedade do Vestuário, da Administração Pública, do Ministério da Cultura e do Conselho Islâmico.
Abdoli explicou que o processo de conseguir todas as permissões foi demorado e caro, o que segundo ela pode ser a razão pela qual não existe muitas marcas oficiais femininas fora do país.
“É uma área delicada,” confessou. “Você está sob grande pressão para não passar do limite. Portanto a maioria das pessoas não estão a fim de assumir um risco e investir nisso. Por isso agora, temos várias modelistas que trabalham clandestinas e só anunciam nas redes sociais como Facebook e Instagram.”
A Poosh completou todas as fases administrativas. É uma marca oficial com uma loja no oeste do Teerã, mas ainda usa as redes sociais como a única ferramenta de propaganda e possui mais de 85.000 seguidores no Facebook [fa].
“A maior parte dos nossos seguidores vivem no exterior,” afirmou. “Temos muitos pedidos de outros países, principalmente dos EUA e do Canadá, e muitos deles nem mesmo são iranianos. Eles nos conheceram através de anúncios produzidos e divulgados na mídia em inglês.”
Mas a remessa dos pedidos não é uma tarefa fácil. “Devido às sanções, não é possível aceitar moeda estrangeira pelo banco. Logo aqueles que têm um intermediário no Irã têm uma chance de comprar nossos produtos,” esclareceu.
A Poosh escolhe seus modelos de uma série de pedidos que recebe. Ela possui um grupo profissional de fotógrafos de moda que sabem como não exceder os limites, apesar de Abdoli destacar que não existe orientações específicas ao que se refere às fotografias publicitárias das mulheres iranianas.
“Não precisamos submeter cada uma de nossas fotos a uma autorização, mas em todo caso estamos sob supervisão. Pode ser que, em algum momento, iremos receber uma advertência, porém até hoje não tivemos nenhum problema com as nossas fotos.”
Anar Design, uma mistura do desenho moderno e tradicional
Anousheh Assefi explicou que embora não tenha registrado sua marca “Anar”, o que significa “romã” em farsi, ela tem sua própria galeria e expõe uma mostra de xales e manteaus, um modelo de sobretudo longo ou curto que se tornou uma peça de moda essencial das iranianas.
Nascida em 1983, Assefi se formou em Design Têxtil e tem mestrado em Ilustração. Fundou a Anar Design juntamente com uma amiga em 2006, e logo depois que a amiga partiu do país, Assefi passou a trabalhar sozinha.
Anar Design/ Desenhada pela estilista de moda iraniana Anousheh Asefi/Coleção Primavera 2014 collection
Assefi, queleciona Desenho de Moda em várias instituições no Irã, acredita na mudança no gosto das iranianas por marcas importadas para outras nacionais nos últimos anos, ser devido a maior variedade de tecidos que no passado.
“Pouco a pouco as pessoas se acostumaram às cores e começaram a vestir manteaus coloridos para parecerem diferentes,” ela explicou.
“Além do mais o tipo de manteau que vestimos no Irã é de certo modo uma invenção nossa e não pode ser importada… As peças de manteau importadas poderiam não ter a mesma delicadeza e qualidade.”, acrescentou.
Anar Design anuncia nas redes sociais. A marca tem mais de 3.800 seguidores no Facebook [fa] que são informados sobre as novidades e os próximos eventos.
Anar Design é uma mistura de cores, desenhos ocidental e oriental. “Graças ao meu trabalho, estou atenta às tendências mundiais da moda,” esclareceu. “Além disso, tenho interesse em combinar o moderno e o tradicional entre eles, por exemplo criar patchwork usando seda de hoje em dia.”
As modelos são amigas de Assefi. “Elas devem estar em forma e serem atraentes. Além disto, elas devem se sentir confortáveis nas fotos tiradas e distribuídas na internet. Geralmente eu mesma edito as fotos, mas às vezes minhas amigas vêm me ajudar.”
Mesmo que em algumas fotos, as modelos não vistam o véu, ela disse que ninguém nunca as alertou de seguir o código de vestimenta islâmico.
Radaa, fácil de usar
Maryam Vahidzadeh tem 24 anos e vive no sul da cidade de Shiraz. Sua marca Radaa, que significa “manto”, foi criada no verão de 2012. Ela a registrou recentemente e o processo está na fase final.
“Meus desenhos não têm um tema. Eu só acredito que a pessoa deve sentir-se confortável em suas roupas… Escolho os tecidos que não precisam passar com frequência e meus temas não são imaturos e desinteressantes. Posso dizer que eles são mais modernos e confortáveis do que clássicos e formais,” afirmou Vahidzadeh.
Radaa/ Desenhada pela estilista de moda iraniana Maryam Vahidzadeh- Coleção Primavera 2014
Vahidzadeh, graduada em Arquitetura, após ver que as pessoas demonstravam interesse nos desenhos nacionais, teve a ideia de criar a sua própria marca.
“Nos últimos anos muitas desenhistas iranianas começaram a trabalhar de forma ativa e pública… ao contrário de alguns anos atrás, agora as marcas nacionais são mais vantajosas do que as estrangeiras,” comentou. “Acho fantástico que sejamos capazes de desenhar de acordo com o nosso gosto e não sejamos forçadas a vestir os modelos de fora que estão em um estilo diferente.”
Por ser uma marca registrada, Radaa tem permissão de anunciar publicamente, mas está muito ativa no Facebook, onde tem por volta de 13.500 seguidores [fa].
Vahidzadeh demonstrou estar interessada em expandir seu negócio e a área de distribuição. Ela recebeu alguns pedidos de países estrangeiros como o Reino Unido, mas explicou que pelas altas despesas postais e algumas restrições, não pôde remeter seus produtos.
Ela acrescentou, “Também ofereci colaborar com algumas desenhistas da Holanda e da Suécia, mas isto não foi possível.”
As modelos da Radaa são algumas das amigas de Vahidzadeh. Ela disse que não há muitas pessoas em Shiraz que tenham interesse em ser modelos e ela recebe principalmente pedidos do Teerã.
Hoje existem dezenas de especialistas em designer concentrados na roupa das mulheres do Irã. Ainda que possa não existir regras estabelecidas quanto à moda feminina e as fotos de moda, a nova onda de estilistas está mais motivada do que nunca para satisfazer as mulheres conhecedoras de moda do Irã.