- Global Voices em Português - https://pt.globalvoices.org -

Netizen Report: A censura continua enquanto os protestos se tornam violentos na Venezuela

Categorias: Venezuela, Mídia Cidadã, GV Advocacy

Ellery Roberts Biddle [1], Mohamed El-Gohary [2], Lisa Ferguson [3], Hae-in Lim, Sarah Myers [4], Bojan Perkov, e Sonia Roubini contribuíram para este relatório.

O Netizen Report do Global Voices Advocacy oferece um instantâneo internacional de desafios, vitórias e tendências emergentes no campo dos direitos na Internet por todo o mundo. O relatório desta semana começa na Venezuela, onde uma vaga de manifestações pacíficas [5] [en] sobre instabilidade alimentar e segurança pública se transformou num levantamento nacional, depois da detenção de vários estudantes [6] [es] na semana passada.

Manifestantes inundam as ruas do bairro de Cachao, em Caracas. Foto por @Pedro_Alvarez_ via Twitter. [7]

Manifestantes inundam as ruas do bairro de Cachao, em Caracas. Foto por @Pedro_Alvarez_ via Twitter.

Os membros do governo e os seus apoiantes chamam “neo-fascistas” aos manifestantes e acusam os líderes dos EUA de incitar a oposição. As autoridades detiveram pelo menos 100 pessoas, incluindo o líder da oposição, Leopoldo López, que poderá enfrentar acusações de terrorismo [8] [en]. Os meios de comunicação que tentam cobrir os protestos foram ameaçados com multas [9] [es] com base em legislação que “proíbe a disseminação de media que contenha incitamento ao ódio e violência”. O canal colombiano de televisão por cabo NTN24 foi retirado do ar [6] [es] a 12 de Fevereiro, alegadamente devido à sua cobertura dos protestos.

Utilizadores do Twitter e da plataforma colaborativa independente Herdict [10][en] relataram que muitos blogues e sites noticiosos independentes e pró-oposição estão inacessíveis via CANTV, o fornecedor de serviços Internet (ISP) detido pelo Estado que mantém praticamente um monopólio sobre o mercado nacional das telecomunicações. Activistas e profissionais de comunicação que utilizam as redes sociais para informar sobre os protestos também enfrentam grandes obstáculos. Durante os dias 12 e 13 de Fevereiro, utilizadores do Twitter por todo o país não conseguiram enviar ou receber fotos [11], alegadamente devido a esforços por parte do Estado para bloquear os servidores de multimédia do Twitter. Nos últimos dias têm-se multiplicado os relatos de que agentes da polícia e da Guarda Nacional estão a confiscar os telemóveis dos manifestantes [12] [en], a revistar informação pessoal e a apagar imagens dos protestos. Os autores do Global Voices na Venezuela mantêm uma secção de cobertura especial dos protestos aqui [13] [es].

Liberdade de expressão: nas Filipinas, nova legislação em matéria de difamação online “atrasa um século” a política de meios de comunicação

O Supremo Tribunal das Filipinas confirmou a constitucionalidade da difamação online, parte da polémica “Lei Marcial para a Internet” [14] [en] que tem suscitado controvérsia desde a sua introdução original em 2012. O Sindicato Nacional de Jornalistas descreveu [15] [en] a decisão do tribunal como “meio-centímetro para a frente mas um século para trás” em termos do avanço da liberdade de comunicação no país.

A Greatfire.org, organização para a monitorização da censura na China, reportou [16] [en] que o motor de busca Bing da Microsoft parece estar a filtrar resultados de busca em chinês simplificado, não apenas na China continental mas também na sua versão internacional. O sítio também exibe avisos de censura de forma inconsistente [17] [en], tornando difícil determinar se a remoção de resultados ocorre a pedido do governo. Rebecca MacKinnon suspeita [18] [en] que isto é provavelmente o resultado de a Microsoft “aplicar algoritmos matemáticos apolíticos a conteúdo censurado e manipulado politicamente”. O sítio Engadget informa [19][en] que o director-chefe do Bing, Stefan Weitz, “confirma enfaticamente” que a Microsoft não se envolve em censura política e prometeu que o Bing está “a resolver a questão”.

Vigilância: jornalistas etíopes alvos de spyware italiano

O Citizen Lab da Universidade de Toronto revelou a utilização [20] [en] de spyware comercial para vigiar jornalistas etíopes que trabalham nos Estados Unidos. Produzido pela empresa Hacking Team, sedeada em Milão, o spyware tem a capacidade de roubar documentos e listas de contactos, ler correio electrónico e activar câmaras e microfones remotamente. Neste caso foi utilizado para vigiar jornalistas [21] [en] que trabalham no Serviço Etíope de Televisão por Satélite (Ethiopian Satellite Television, ESAT), uma estação televisiva de informação sedeada nos Estados Unidos que frequentemente critica o governo da Etiópia.

Investigadores do Citizen Lab afirmam ter encontrado provas [22] [en] da utilização do spyware em 21 países, incluindo Egipto, Coreia, México, Arábia Saudita, Sudão, Tailândia e Turquia. Apesar de a política de clientes [23] [en] da empresa afirmar que apenas vende a governos, a Hacking Team não confirma se a Etiópia é sua cliente.

Depois de a polícia chinesa ter lançado uma imensa campanha [24] [en] contra a prostituição na cidade de Dongguan, no Sul, em resposta a uma reportagem clandestina da Televisão Central Chinesa [25] [en], o Sina Weibo lançou um “heat map [26]” (mapa de aquecimento) [en] que alegadamente mostra o fluxo de pessoas em fuga das rusgas policiais. Produzido a partir de dados de geolocalização de smartphones recolhidos pela Baidu, o mapa demonstra a grande capacidade [27] [en] dos sistemas de vigilância na China no rastreio de vastos movimentos dentro do país.

Governança da Internet: dois milhões de cartões SIM desactivados na Zâmbia

A Autoridade para a Tecnologia de Informação e Comunicação da Zâmbia (ZICTA, do original) desactivou [28] os cartões SIM de mais de dois milhões de utilizadores de telemóveis que não registaram os seus cartões no âmbito de uma nova política nacional de registo de identificação. O antigo vice-presidente General Godfrey Miyanda, agora líder da oposição, pronunciou-se [29] [en] contra a medida, que afirma representar uma ameaça para a privacidade e a liberdade de expressão.

A chanceler alemã Angela Merkel está a apoiar propostas [30] [en] no sentido de criar redes de dados europeias que mantenham as comunicações dentro de território europeu. Para esse efeito, a Alemanha tenciona associar-se [31] [en] à França.

Governo aberto

O senador paquistanês Osman Saifullah Khan lançou uma plataforma online [32] [en] para abordar as queixas dos seus eleitores. Saifullah representa o distrito de Islamabad, que tem taxas de literacia e de penetração de Internet acima da média.

Activismo na Internet: manifestação pacífica por blogueiro do Darfur

Activistas dos direitos humanos organizaram uma ocupação pacífica [33] [en] da Comissão para os Direitos Humanos, organismo governamental em Cartum, Sudão, a apelar à libertação de Tajeldin Arja, um blogueiro e activista do Darfur detido sem acusação formada desde Dezembro de 2013. Arja foi preso depois de criticar líderes do governo numa conferência de imprensa.

A vigília em frente à Comissão de Direitos Humanos exigindo a libertação de Tajeldin Arja correu bem. O memorando foi entregue à ACNUR.

Publicações e estudos [en]

 

Subscreva o Netizen Report por correio electrónico [40]