Quatorze pessoas da África subsaariana morreram, quando um grupo de 200 indivíduos tentava entrar na Espanha pelo Marrocos, contornando a nado uma cerca, nas águas da cidade portuária de Ceuta.
Organizações de imigrantes e da sociedade civil acusam a Guarda Civil local de negligência, alegando que a mesma não prestou auxílio [es] aos imigrantes em situação difícil, nem alertou a guarda costeira para os resgatar. As organizações também condenam o uso de balas de borracha e de gás lacrimogênio contra os imigrantes, na tentativa de impedi-los de cruzar a fronteira.
A Guarda Civil negou as acusações e gerou confusão ao mudar constantemente sua versão [es] do ocorrido na quinta-feira, dia 6 de fevereiro.
Uma semana após a tragédia, foram organizados protestos em 15 cidades espanholas, num ato de repúdio ao que causou a morte dos imigrantes. Num encontro de cidadãos em Madrid, os slogans mais populares [es] eram: “Eles não se afogaram; foram mortos”, “Naturais ou estrangeiros, pertencemos à mesma classe trabalhadora”, “Ninguém é ilegal” e “Onde estão os pró-vida, agora?”, sendo este último uma referência àqueles que apoiam a controversa reforma da Lei do Aborto [en] que o governo conservador da Espanha prepara atualmente .
Jorge Fernández Díaz, ministro do Interior da Espanha, finalmente reconheceu que as forças de segurança utilizaram equipamento de repressão, embora afirme que seu uso só foi feito no intuito de “dissuadir” os imigrantes de cruzar a fronteira. Enquanto o ministro comparecia à Câmara dos Deputados, enfrentando questionamentos e acusações por parte da oposição, o Twitter havia se transformado num veículo para que as pessoas expressassem sua indignação com o já trending topic #muertesCeuta [#mortesCeuta]:
Parece q para hacer prospecciones petrolíferas las fronteras son más anchas que para salvar vidas #muertesceuta
— Leire Iglesias (@leireis) febrero 13, 2014
Parece que a fronteira tem mais espaço para a prospecção petrolífera que para salvar vidas #muertesceuta
— Leire Iglesias (@leireis) 13 de fevereiro de 2014
El ministro reconoce que se utilizaron las pelotas de goma pero no sobre las personas… a qué disparaban? a las gaviotas? #muertesCeuta
— Lorena Sainero (@Anerol27) febrero 13, 2014
O ministro reconhece que atiraram balas de borracha, mas não em pessoas… em quê dispararam, então? em gaivotas? #muertesCeuta
— Lorena Sainero (@Anerol27) 13 de fevereiro de 2014
Hay cosas que no debemos permitir jamás. #muertesCeuta
— Ani ツ (@Vaquesinmas) febrero 13, 2014
Há coisas que não devemos permitir que aconteçam nunca. #muertesCeuta
— Ani ツ (@Vaquesinmas) 13 de fevereiro de 2014
Disparar al agua cerca de gente que no sabe nadar y está desesperada no es disuadir “por razones humanitarias”, es otra cosa #muertesCeuta
— Juan Luis Sánchez (@juanlusanchez) febrero 13, 2014
Atirar na água perto de pessoas que estão desesperadas e que não sabem nadar não é “dissuadi-las por razões humanitárias”, é outra coisa completamente diferente #muertesCeuta
— Juan Luis Sánchez (@juanlusanchez) 13 de fevereiro de 2014
Ainda há muitas perguntas sem resposta:
Qual é o protocolo usado para administrar a entrada de imigrantes na Espanha? As ações da Guarda Civil espanhola em Ceuta demonstraram algum respeito à lei ou pelos direitos humanos dos imigrantes? Algum dos imigrantes que conseguiram entrar em território espanhol foi mandado de volta a Marrocos, apesar da ilegalidade de tal ação?
Uma usuária do Twitter resume em poucas palavras a necessidade de se apurar responsabilidades:
¿Por qué el ministro tiene que dar respuestas a las incógnitas que rodean a las #muertesCeuta? Sobre todo, por ellos: http://t.co/TzhPH6zS9M
— Gabriela Sánchez (@Gabriela_Schz) febrero 13, 2014
Por que o ministro tem que dar respostas aos mistérios em torno das #mortesCeuta? Sobretudo, por eles: http://t.co/TzhPH6zS9M
— Gabriela Sánchez (@Gabriela_Schz) 13 de fevereiro de 2014