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‘Las Patronas’ recebem Prémio Nacional dos Direitos Humanos por alimentarem emigrantes

Categorias: México, Direitos Humanos, Mídia Cidadã, Migração e Imigração, Trabalho
O mural de Las Patronas. Foto de Dawn Paley na casa de Las Patronas, Amántlan, Veracruz. Imagem ao abrigo da licença Creative Commons (CC BY-NC-SA 2.0) [1]

O mural de Las Patronas. Foto de Dawn Paley na casa de Las Patronas, Amántlan, Veracruz. Imagem ao abrigo da licença Creative Commons (CC BY-NC-SA 2.0)

[Todos os links levam a páginas em espanhol exceto quando indicada outra língua.]

Norma Vázquez Romero, uma mulher da classe trabalhadora que viveu uma vida muito simples no estado costeiro de Veracruz no México, foi galardoada com o Prémio Nacional Mexicano dos Direitos Humanos 2013 [2] pela sua dedicação nos últimos 15 anos a alimentar emigrantes da América Central e do sul do México que passavam pela sua cidade num comboio conhecido como “La Bestia” [3] [pt] com o objetivo de chegarem aos Estados Unidos.

A área onde Norma trabalha com a sua família e outras mulheres para alimentar os emigrantes é chamada de La Patrona – que significa “a patroa ”. Este grupo de mulheres e a família de Norma adoptaram este nome e agora são localmente conhecidas como  “Las Patronas” (significando “as patroas”).

Esta curta metragem [4] (com legendas em inglês) realizada em 2009 retrata o trabalho de Las Patronas:

No blog Alterinfos [5], Karolina Caicedo Flórez escreveu sobre como o mundo ficou a conhecer o que Las Patronas fazem para ajudar os emigrantes durante as suas viagens árduas: 

Durante más de diez años su labor estuvo casi que en el total anonimato, hasta que en 2005, gracias a un documental que narraba su labor diaria en defensa de los y las migrantes, el proyecto de Las Patronas comenzó a llenar las páginas de internet, los períodicos, revistas, festivales de cine documental y hasta los museos. Comenzaron a recibir por lo menos una visita a la semana, de periodistas, defensores de derechos humanos y curiosxs que deseaban conocer y apoyar personalmente su labor.

Durante mais de dez anos o trabalho [de Las Patronas] esteve quase em total anonimato, até que em 2005, graças a um documentário que mostrou o seu trabalho diário em defesa dos emigrantes, o projeto de Las Patronas começou a ser destacado em websites, jornais, revistas, festivais de documentários e até mesmo em museus. Começaram a receber pelo menos uma vez por semana visitas de jornalistas, defensores dos direitos humanos e curiosos que queriam conhecer e apoiar a causa. 

Todos os dias, Norma e a família cozinham arroz e distribuem-no em sacos de plástico a emigrantes. Muitas vezes estas pessoas passam longos períodos de tempo sem comer e ficam dias inteiros sem água. Norma e a família também preparam feijão preto, pão e garrafas de água para serem posteriormente entregues aos emigrantes no comboio, que nem sequer pára por um segundo.

Uma refeição individual. Foto de Dawn Paley em casa de Las Patronas, Amántlan, Veracruz. Imagem ao abrigo da licença Creative Commons (CC BY-NC-SA 2.0) [6]

Uma refeição individual. Foto de Dawn Paley em casa de Las Patronas, Amántlan, Veracruz. Imagem ao abrigo da licença Creative Commons (CC BY-NC-SA 2.0)

Karolina Caicedo explicou numa publicação [5] do seu blog sobre o estigma que Las Patronas enfrentaram quando as pessoas souberam que elas ajudavam os emigrantes:

La estigmatización hacia Las Patronas también se ha hecho sentir: “locas, no saben ni a quien ayudan” son algunas de las palabras que utilizan desde los más católicos comprometidos con la iglesia (que va desde el padre hasta los feligreses de La Patrona) hasta los maridos de las mujeres que alguna vez quisieron apoyar este proyecto.

A estigmatização face a Las Patronas também se fez sentir: “mulheres loucas que não sabem quem estão a ajudar”, são algumas das palavras usadas pelos católicos mais devotos (desde o padre até aos paroquianos da cidade de La Patrona) até aos maridos de mulheres que quiseram ajudá-las neste projeto.

Muitos nas redes sociais elogiam-nas pelo seu trabalho humanitário. 

Frida Lopez descreveu [7]o que essas mulheres fazem diariamente:   [7]

Las Patronas são mulheres que dão diariamente comida aos emigrantes que partem em busca do Sonho Americano no comboio “La Bestia”.

Hibrain Vega expressou o desejo [10]de derrubar as fronteiras internacionais:  [10]

Abaixo as fronteiras! Com amor fraterno#LasPatronas

Deena, do mesmo estado que Las Patronas [12], Veracruz, declarou que o seu exemplo devolve a esperança às  pessoas: 

#LasPatronas… estas notícias dão-me esperança! Ainda existem boas pessoas…

Ekhtaí Baruck Serran expressou o seu apoio [14] dizendo que Las Patronas são modelos a seguir:

O mundo necessita de mais pessoas como a Norma Romero Vásquez, líder do grupo #LasPatronas. Prémio Nacional dos Direitos Humanos 2013

Finalmente, Karolina partilhou a sensação de estar com [5] Las Patronas e de dar a comida aos emigrantes que passam:

El momento preciso en el que el tren de La Bestia pasa por La Patrona, marca una serie de sentimientos a cualquiera que tenga un lonche en su mano para entregar a los migrantes: nervios (si es la primera vez que lo hace), estrés (al escuchar el fuerte ruido del tren y al percibir su alta velocidad), emoción (al ver las manos de los migrantes estirarse para agarrar uno de los lonches), alegría (al escuchar las palabras de agradecimiento) y en algunas ocasiones rabia, al darse cuenta que no todos los migrantes pudieron tomar la comida.

O exato momento em que o “La Bestia” passa em La Patrona, traz com ele muitos sentimentos a quem tem comida para dar aos migrante: nervosismo (se for a primeira vez que o faz), stress (por ouvir o ruído intenso do comboio e sentir a alta velocidade do seu movimento), emoção (por ver as mãos estendidas para apanhar uma das refeições), alegria (quando se ouvem palavras de agradecimento) e por vezes raiva, ao darmos conta que nem todos os emigrantes conseguiram apanhar a comida. 

Depois de receberem bastantes tweets e comentários apoiando o seu trabalho, Las Patronas agradeceram as palavras dos internautas:   [17]

Agradecemos a todos pelas vossas palavras e felicitações. Tudo o que fazemos é pela resistência dos emigrantes e pelo seu direito à vida! Abraço