Quarta-feira Vermelha: onda de protestos no Benim

Les partisans du Mercredi rouge-photo:page facebook mercredi rouge

Partidários da Quarta-feira Vermelha. Foto: página facebook mercredi rouge [fr] (com sua permissão)

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Desde o dia 17 de julho, toda quarta-feira, vários beninenses se reúnem vestidos de vermelho para dizer “não” à reforma constitucional proposta pelo presidente da República Boni Yayi. Aqueles que são contra a reforma afirmam que ela permitiria que Boni Yayi se apresentasse para as próximas eleições presidenciais.
Por que Quarta-feira Vermelha? Dieu-Donné HOUNWANOU, militante do novo movimento explica :

Cette couleur évoque le courage. Cette révision constitutionnelle par le Président Boni Yayi est opportuniste et n'inclut en aucun cas les intérêts du peuple. Par cette mobilisation, nous refusons à grand jamais la révision. Le peuple a faim et en a marre du gouvernement incapable. Mercredi rouge, tout rouge. Touche pas à ma constitution !

Essa cor evoca a coragem. A reforma constitucional do presidente Boni Yayi é oportunista e não inclui, de forma alguma, os interesses do povo. Com esta mobilização, nós recusamos incondicionalmente a reforma. O povo tem fome e está cansado desse governo incompetente. Quarta-feira Vermelha, tudo vermelho. Não toque na minha Constituição.

Lançado pela organização “Alternative citoyenne”, o movimento Quarta-feira Vermelha quer reunir todos os beninenses decepcionados com a política do atual governo desde sua chegada ao poder em 2006. Mas ele quer também, acima de tudo, colocar um fim ao projeto de reforma da Constituição beninense que, segundo os membros do movimento, permitiria ao atual presidente se apresentar às eleições de 2016 e criar uma nova república.

A reforma da Constituição beninense, apresentada em abril de 2013, prevê, entre outras medidas, a criação de um Tribunal de Contas, a introdução de leis pelo povo, a institucionalização da Comissão Eleitoral Nacional Autônoma (CENA) e, ainda, a imprescritibilidade de crimes econômicos.

Nascido no Facebook, o movimento começa a ganhar força nas ruas dos país. Camiseta, calça, cachecol, boné vermelho, todos os meios são bons para apoiá-lo.

Segundo o antigo ministro da Comunicação, Gaston Zossou, o movimento não agrada o governo Boni Yayi. Ele afirma na sua conta no Facebook que sua casa havia sido cercada por policiais no último 1° de agosto, dia da independência do país, para impedi-lo de se juntar aos manifestantes da Quarta-Feira Vermelha.

Les militaires près de la maison de Gaston Zossou. Photo: Page Facebook mercredi rouge

Militares próximos à casa de Gaston Zossou. Foto: página Facebook mercredi rouge (com sua permissão)

No entanto, o movimento está longe de ser uma unanimidade.

Por um lado, alguns colocam em xeque a boa fé dos principais atores do movimento, como Joseph Djogbenou, suspeito de manipular a causa com o apoio do empresário Patrice Talon, de quem ele é advogado no caso da tentativa de envenenamento do chefe de Estado.

E também de Gaston Zossou, que o blogueiro Alberic Gandonou qualifica de “prevaricador que engana os jovens na Internet”.

Segundo Gandonou, as intenções de Zossou estão longe de ser desinteressadas:

En mal de publicité, Gaston Zossou dont les béninois de bonne foi se souviennent encore de la gestion désastreuse qu'il a faite des secteurs GSM et du dossier TITAN pendant qu'il était ministre de la communication, s'active sur les réseaux sociaux notamment Facebook où il anime une opposition intellectuelle fondée sur sa nostalgie des affaires de l'Etat.

Em busca de publicidade, Gaston Zossou — cuja gestão desastrosa dos setores GSM (Sistema Global para Comunicações Móveis) e do dossiê TITAN, enquanto era ministro da comunicação, continua na memória dos beninenses — vem se mostrando ativo nas redes sociais, particularmente no Facebook, onde ele anima uma oposição intelectual fundada na sua nostalgia dos assuntos do Estado.

E ele acrescenta que :

Les forces de l'ordre ont raison de veiller au grain pour empêcher que ce genre de personnage n'entraîne la jeunesse dans une aventure scabreuse.

A polícia tem razão de vigiar de perto a movimentação para impedir que esse tipo de personagem conduza os jovens a uma aventura escabrosa.

Essas revelações certamente já começam a suscitar deserções, como a de Andoche Amégnissè, um grande ativista conhecido nas redes sociais pelo seu engajamento na Quarta-feira Vermelha.

Por outro lado, os partidários do presidente Boni Yayi responderam através da instauração do movimento Sexta-feira Branca. O ministro do Interior, Benoît Dégla, declarou que as “causas que defendem aqueles que iniciaram a Quarta-feira Vermelha são infundadas” e qualificou o movimento de “lavagem cerebral”:

Le mouvement qui mène la fronde est manipulé

O movimento que lidera a revolta é manipulado

Nas redes sociais, os partidários da Quarta-feira Vermelha decidiram criar um blog. As palavras-chave #Mercredirouge [Quarta-feira Vermelha] e #patriotes229 [patriotas229] também agrupam as opiniões dos atores do movimento.

#BENIM O presidente proíbe o uso da cor vermelha por conta do movimento cidadão dos  “#MERCREDIROUGE#, mas ele mesmo usava uma gravata vermelha #team229

#Bénin – #Mercredirouge: o governo pede às operadoras GSM que interceptem mensagens  http://t.co/jXc63ea17A

#Bénin: Uma tímida segunda «Quarta-feira Vermelha» – http://t.co/2XUfgt9Xi4 #MercrediRouge

Merda, o carro que estou dirigindo é vermelho, os caras vão me enquadrar #mercredirouge

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