A Internet: uma ferramenta fundamental na luta contra a pena de morte

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A Internet se tornou um ferramenta importante para muitos movimentos sociais ao redor do mundo. Ativistas que lutam contra pena de morte encontraram nas redes sociais uma plataforma para troca de ideias e circulação de informação.

O que segue é parte de uma série escrita pelo grupo Periodismo Ciudadano para o “V Congreso Mundial Contra la Pena de Muerte” (V Congresso Mundial Contra Pena de Morte), em Madrid, na Espanha. Nesta parte, Sara Plaza Écija fala sobre o uso da internet como meio para luta contra pena de morte.

O V Congreso Mundial Contra la Pena de Muerte reuniu opiniões de representantes de mais de 90 países, durante quatro dias de conferências, que focaram na importância da luta para promover, conscientizar e sensibilizar a população, que em sua maioria tende a encorajar execuções. Em muitos países, a falta de informação é uma das razões que leva a sociedade a apoiar a pena capital. Organizações trabalham para mudar isso, através de campanhas, workshops e do compartilhamento de informação.

Hoje, a pena de morte é uma realidade em vários países. Para conseguir aboli-la, é necessário chegar até as pessoas e debater o problema. No entanto, para conseguir isso, são necessárias ferramentas que tenham impacto entre a população e possam encorajar o apoio a causa. Um dos workshops realizados durante a conferência, reuniu opiniões sobre os novos meios que buscam uma forma de “educar para abolir a pena de morte” [en, fr]. Representantes de diferentes países discutiram ferramentas que já estão sendo usadas para chamar atenção sobre a questão, através da imprensa ou do sistema educacional de cada país.

Para que as campanhas sejam eficientes, é preciso “alcançar mais pessoas”, assim como cumprir com a necessidade de mais conhecimento, educação política, informação suficiente e boas estratégias de marketing e comunicação. “E a ferramenta fundamental para conseguirmos tudo isso é a Internet”, diz Marianne Rossi de Francia.

A Internet como meio de ajudar prisioneiros espanhóis no corredor da morte

“A Internet é uma ferramenta fundamental para espalhar informações sobre o caso de Pablo”. Estas são as palavras de Andrés Krakenberger, porta-voz da Asociación Contra la Pena de Muerte de Pablo Ibar (Associação Contra a Pena de Morte para Pablo Inbar) e do Periodismo Ciudadano. Pablo Ibar, cidadão espanhol, se encontra atualmente em um corredor da morte na Flórida, acusado por triplo homicídio. Sua família defende que ele é inocente.

A associação possui dois objetivos: primeiro, manter o caso de Pablo vivo na mídia, e segundo, levantar fundos para ajudar a pagar pela defesa de Pablo. Através da página do grupo na internet, pessoas podem enviar cartas de apoio diretamente para Pablo. Ele é autorizado a recebe-las depois de passaram pelo controle de segurança da penitenciária. “As muitas cartas que Pablo recebe, o ajudam a manter a cabeça arejada, e ele responde a todas elas”, comenta Andrés.

Entrevista com os familiares de Pablo Ibar (PDF)

Em contraste com a história de Ibar, Joaquín Martínez é o primeiro europeu a ter conseguido sair do corredor da morte nos Estados Unidos. Durante três anos, ele estava condenado a morte por ter presumidamente assassinado duas pessoas. Cidadão espanhol, Martínez afirma que “a Internet é uma das razões principais para que a campanha de abolição da pena capital entre em países como os Estados Unidos”.

Martínez lembra ainda que uma maneira de lutar pela abolição é através da partilha de notícias sobre casos individuais e da disseminação geral de informação. Ele também ressalta a importância da Internet quando se trata de discutir a pena de morte em qualquer parte do mundo, e sua eficiência em trazer o assunto a público. “Estadunidenses não gostam disso, mas acredito que pode ajudar a mudar a mentalidade e as ideias norte-americanas”, alega ele.

 

oaquín Martínez en el V Congreso Mundial contra la Pena de Muerte.

Joaquín Martínez durante a Quinta Coalisão Global Contra a Pena de Morte

 

Uma entrevista com Joaquín Martínez (PDF)

 

Ativistas em ação na rede

Muitas organizações colaborativas pela luta contra a pena de morte estiveram presentes no Congresso. Todas concordam que a Internet é um elemento fundamental para espalhar informação junto a população, além de compartilhar dados sobre o trabalho que desenvolvem. Algumas dessas organizações são mais ativas que outras no meio online, mas todas estão unidas na mesma luta. Como, por exemplo:

A Anistia Internacional é uma das mais importantes organizações contrárias a pena de morte na Internet. Traz uma série de “ações urgentes” quando “algo extraordinário acontece”, além de implementar “ciberações”, como reunir assinaturas e pressionar partidos políticos como forma de ganhar atenção. Graças a pressão colocado sobre embaixadores de diversos países, a Anistia Internacional tem conseguido a suspensão de algumas execuções e, junto com a Internet e as redes sociais, influenciado em debates mais do que nunca.

 

“Ter dois milhões de olhos monitorando a atividade de um governo é muito mais eficiente do que qualquer par de organizações, e quando chegar a hora de emitir uma ordem de execução, este governo irá pensar duas vezes”, diz Victor Manuel, assessor de imprensa da Anistia Internacional, em Madrid. Além disso, graças a estas novas ferramentas, “imagens fortes podem ser trazidas a público, que terão impacto maior nas pessoas e podem atraí-las para a questão”.

A World Coalition Against The Death Penalty [en] (Coalisão Mundial Contra Pena de Morte) é uma aliança internacional, composta por 135 organizações não-governamentais contra pena de morte. O grupo tem desenvolvido várias campanhas voltadas a questão da pena capital. Entre elas estão a Information on Retentionist Countries [en] (Informação sobre Países Retencionistas) – site interativo que, mostrando a situação de país a país, permite ao usuário se familiarizar com questões relativas a pena de morte ao redor do mundo – e o Resources Center on the Death Penalty [en] ( Centro de Pesquisas sobre Pena de Morte) – site que armazena toda a informação existente sobre o assunto, e que permite o compartilhamento destas com outras organizações internacionais. Através do Twitter [en] “nós compartilhamos conhecimento, estamos muito ativos e estamos disseminando informações sobre o Congresso em sete idiomas”, declaram.

A Fundación Internacional Baltasar Garzón (Fundação Internacional Baltasar Garzón) acredita que estabelecer presença na Internet é fundamental para todas as organizações que trabalham por mudanças, apesar de suas “vidas relativamente curtas”. “ Tentamos alcançar um público maior, divulgando informações sobre nossos projetos nas redes sociais, embora precisemos de mais experiência”, relatou um dos líderes da fundação ao Periodismo Ciudadano. “Uma coisa a qual podemos ser agradecidos é que encontramos uma forma de levar um de nossos projetos em frente, graças ao financiamento coletivo (crowdfunding)”, comenta. Eles procuram voluntários na Internet e acreditam que essa seja uma “nova era” de crescimento e disseminação.

A organização Movimiento por la Paz (Movimento pela Paz) afirma que muitas campanhas atuais tem pouca visibilidade na Internet, e vê uma necessidade de que as organizações tenham treinamento em redes sociais, por causa do “impacto, velocidade e facilidade de uso no espaço de trabalho” que a nova ferramenta digital oferece.

*Para ler a história completa no Periodismo Ciudadano, por favor clique aqui.

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