Grupos extremistas anti-migrantes se espalham pela Europa

O crash (quebra) da bolsa de valores de 1929 produziu uma crise econômica que deixou milhões de pessoas com dificuldades financeiras. O colapso da economia levou a perdas em larga escala nos postos de trabalho, e consequentemente, deixou milhões de famílias na miséria. Esta situação propiciou a ascenção dos movimentos fascistas, que conquistaram o poder na Alemanha e na Itália, e que trouxeram os efeitos devastatores que tão bem conhecemos.

Uma vez mais, devido a uma das piores crises econômicas vivenciadas na história recente, os partidos fascistas surgem novamente na Europa do século XXI. Estes partidos emergentes estão se aproveitando do descontentamento social sentido nos Estados de bem-estar social, onde os direitos dos cidadãos, que foram tão duramente conquistados, estão sendo destruídos, como foi dito no Manifesto Antifacista Europeu.

Extreme right protesters in Spain. Photo taken from Xavier Casals' <a href="http://xaviercasals.wordpress.com/2013/03/23/puede-surgir-una-derecha-populista-en-espana-el-teorema-de-patrick-moreau/">blog </a>[es].

Manifestantes de extrema direita na Espanha. Foto publicada no blog [es] de Xavier Casals.

By exploiting the fears of the well to do of the risks of a social explosion, the radicalization of middle classes destroyed by the crisis and sweeping austerity measures as well as the despair of marginalized and impoverished unemployed people, extreme right and most of all neo-Nazi and neo-fascist forces are growing everywhere in Europe. They are gaining mass influence in the poorer layers of society turning this influence systematically against traditional and newer scapegoats (immigrants, Muslims, Jews, LGBT, disabled people,…) as well as against left wing organizations and trade unions.

Os grupos de extrema direita e a maioria dos grupos neonazistas e neofascistas estão se disseminando e crescendo na Europa, pela exploração dos temores de uma possível explosão social, causada pela radicalização das classes médias destruídas pela crise, pelas medidas de austeridade impostas e ainda pelo desespero da população desempregada, marginalizada e empobrecida. Estes movimentos vêm ganhando influência nas camadas mais pobres da sociedade, incitando-os sistematicamente contra os bodes expiatórios tradicionais e os mais atuais (imigrantes, muçulmanos, judeus, LGBT- lésbicas, gays, bissexuais e travestis -, pessoas portadoras de deficiência, etc), e ainda contra as organizações de esquerda e os sindicatos.

Os partidos políticos de extrema direita vem gradualmente aparecendo por toda a Europa nos últimos anos. O partido político belga, Vlaams Blok [en], oficializado nos anos de 1970 e antes desta data operando ilegalmente, ressurgiu recentemente com o nome de Vlams Belang. O partido político francês Frente Nacional, fundado em 1972, emergiu como o terceiro partido mais importante no país na última eleição presidential. Na Noruega, o Partido do Progresso, recebeu mais de 22% dos votos nas eleições de 2009. Andres Breivik, condenado pelos ataques na ilha de Utoya, passou muitos anos ganhando notoriedade dentro do partido.

Na Suiça, o Partido Popular Suíço, alcançou 29% dos votos nas eleições de 2007. Quando o Partido da Liberdade da Áustria ingressou no governo do país em 1999, os estados participantes da União Européia, (UE), foram forçados a apresentar sanções contra o seu vizinho da república alpina. Exemplos similares podem ser encontrados na Suécia, Finlândia, Dinamarca, Holanda, Itália, Hungria, Bulgária e Grécia; países nos quais os partidos de extrema direita têm representações parlamentares.

The perfectage of parliamentary representation held by extreme right groups throughout Europe, 2012 (by percentage of votes). Image from Ignacio Martín Granados' <a href="http://martingranados.es/2012/05/03/que-la-simiocracia-no-nos-acabe-quitando-la-democracia/">blog</a>.

Representação da porcentagem parlamentar representada por grupos de extrema direita na Europa, em 2012 (por porcentagem de votos). Imagem do blog [es] de Martin Granado

Em outros países, como a Espanha, tais partidos não conseguiram penetrar nas esferas do parlamento, porém se fizeram presentes dentro de outras instituições. Nas últimas eleições municipais, o partido Plataforma para a Catalunha [en] conseguiu 67 lugares em diversas municipalidades na Catalunha. O vídeo postado pelo usuário alpujarradelasierra no YouTube é sobre a recente campanha deste partido e inequivocamente expressa suas posições políticas.

Os partidos acima mencionados possuem premissas ideológicas em comum. Todos eles são profundamente eurocépticos, hostis aos imigrantes e às minorias e professam doutrinas racistas e de nacionalismo radical, dentre outras. Eles também apóiam a retórica populista, propondo soluções simplistas que não só são simples na aparência – são frequentemente contrárias aos direitos humanos.

O Partido Independente do Reino Unido, UK Independence Party [en], UKIP, é indiscutivelmente considerado o partido eurocéptico mais conhecido e que, de acordo com o blog Territorio Europa [es] – entre outros -, promove o seguinte:

  • Withdrawal from the EU and regulate the movement of people and workers.
  • Terminate the open border policy and re-establish visa regulated entrances (Europeans to be included).
  • Repeal the country's Human Rights Act adopted in 1998 and withdrawal membership to the European Convention on Human Rights
  • Dismiss the ability of a UK citizen to appeal to a European or International court in defense of one's rights.
  • A retirada do Reino Unido da União Européia e a regulamentação do movimento de pessoas e trabalhadores,
  • O término da política de fronteiras abertas e o reestabelecimento do visto de entrada (também para os europeus).
  • A anulação da Lei dos Direitos Humanos do país, adotado em 1988, e também a renúncia da sua qualidade de membro da Convenção Européia nos Direitos Humanos.
  • O repúdio aos cidadãos britânicos de apelar para a Corte Européia ou Corte Internacional em defesa dos seus próprios direitos.

O afluxo de imigrantes durante o crescimento econômico, o que agravou a situação dos números do desemprego atual, impulsionou o racismo e a xenofobia dos partidos ultra-direitistas contra a comunidade muçulmana. Estes partidos usaram a propagação do islamismo radical na Europa [en] – interpretado por muitos europeus como uma ameaça aos valores ocidentais – para incitar o ódio e ganhar votos. O blog Territoires de la Memoire [fr] [Territórios da Memória] resume algumas posições do partido Vlaams Belang:

Anti-Islam protest in front of the European Parliament building in Brussels. Photo from the blog <a href="http://yahel.wordpress.com/2012/05/14/el-rapido-ascenso-de-partidos-de-derecha-en-europa-tiene-al-ala-izquierda-temblando/">Nueva Europa – Nueva Eurabia</a> [New Europe - New <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Eurabia">Eurabia</a>]

Protesto anti-Islã em frente ao Parlamento Europeu em Bruxelas.  Foto do blog Nueva Europa – Nueva Eurabia  [es] [Nova Europa- New Eurábia]

 […] refuser de reconnaître l’islam comme une religion: «[…] L’islam n’est pas une religion comme le catholicisme, le judaïsme ou l’hindouisme, c’est une religion-droit-culture-civilisation, intrinsèquement ‘intégriste’ […] ». L’islam est aussi systématiquement infériorisé: c’est «[…] une religion rétrograde […] », «qui maintien les femmes musulmanes sous un statut de quasi-esclavage », avec des «[…] mentalités aussi primitives que barbares […]», et des adeptes «[…] fanatiques ignorants et barbares […] ».

(…) Eles se recusam a reconhecer os Islamismo como uma religião: “(…) O Islamismo não é uma religião como o Catolicismo, o Judaísmo ou o Hinduísmo, ele é uma religião-lei-cultura-civilização que é intrínsecamente fundamentalista (…)” O Islamismo também é sistematicamente menosprezado: é “uma religião retrógada(…)”, “que mantém as mulheres muçulmanas em condições quase escravas” com “(…) mentalidades tão primitivas como o quanto eles são barbáricos(…)” e seguidores que são “(…) fanáticos ignorantes e barbáricos (…)”.

As minorias também estão sujeitas às afrontas destes grupos ultra-direitistas. O partido húngaro Jobbik, que listou os judeus “perigosos” no país, a animosidade mostrada aos roma pela Frente Nacional [fr] na França e o Partido Ataque [en] na Bulgária [en] são ótimos exemplos sobre a ideologia destes grupos.

O partido grego Golden Dawn é mais um exemplo de como os seus ativistas têm sido considerados culpados em um número de ataques recentes a trabalhadores migrantes, e o  porta-voz deixou claro a respeito  da crença ideológica do partido, depois que eles atacaram duas figuras políticas femininas em um debate televisionado, e que foi postado pelo Russia Today (um canal de televisão), no YouTube.

Tradução editada por Débora Medeiros como parte do projeto Global Voices Lingua

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