República Dominicana: Igreja é contra campanha de educação sexual

A Igreja Católica apresentou um recurso contra a Associação Dominicana Pró Bem-estar da Família (Profamilia) para que retire dos meios de comunicação a campanha publicitária “Seus direitos sexuais e direitos reprodutivos são direitos humanos”, sob o slogan “Conheça, Aja, Exija”, que tem como finalidade o aumento da conscientização da educação sexual, o uso de preservativos, o aborto, o incesto, o assédio e as gravidezes de alto risco.

O Vicariato Pastoral Família e Vida e a Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Santo alegam que a campanha incentiva o aborto e as relações sexuais prematuras; viola o direito à vida, o direito dos pais de exercer a autoridade sobre os filhos e o direito a não interferência no lar, e faz uso de imagens de menores, o que está proibido na Constituição local.

No sábado 11 de maio, o cardeal Nicolás de Jesús López Rodríguez acusou a Profamilia de promover a promiscuidade no país ao incitar os menores de idade a ter sexo. López Rodríguez assegurou que a campanha fomenta a promiscuidade, a desordem e a vagabundice:

A medida que usted reparte preservativos fomenta el derecho al sexo; es un invento de los individuos de hoy día que no tienen ninguna vergüenza, ningún principio; yo no creo en ONG’s, creo en los principios morales.

A medida que você compartilha preservativos, você fomenta o direito ao sexo; é um invento dos direitos dos indivíduos de hoje em dia que não têm nenhuma vergonha, nenhum princípio; eu não acredito em ONGs, eu acredito nos princípios morais.

Como de costume, as redes sociais foram o cenário de um debate acalorado sobre o tema. Os tuiterosAfiche campaña Profamilia rapidamentes se juntaram usando a hashtag #SometemeAMi (Me Processe) em solidariedade à ONG Profamilia. Entre os twitts de maior destaque estão:

Mariana Barrenese, especialista em políticas públicas:

@MaruBarrenese: #SometemeAMi por apoyar abierta y públicamente a @profamiliaRD y su campaña

@MaruBarrenese: #MeProcesse por apoiar aberta e publicamente a @profamiliaRD e sua campanha

Jenny Torres, especialista em pobreza:

@JennyTorres67: Esta visión tan adultocéntrica no nos deja vivir #SometemeAMi que #YoApoyoaProfamilia

@JennyTorres67: Esta visão tão adultocêntrica não nos deixa viver. #MeProcesse que #EuApoioAProfamilia

Gloria Amézquita, jornalista e ativista social:

@GloriaAmézquita: #SometemeAMi por luchar por el derecho a decidir. Porque en el cuerpo manda la persona, no la Iglesia.

@GloriaAmézquita: #MeProcesse por lutar pelo direito de decidir. Porque no corpo manda a pessoa, não a Igreja.

Até a procuradora do Distrito Nacional (capital), Yeni Berenice, apoiou a iniciativa da Profamilia:

@YeniBerenice: La campaña de @profamiliaRD educativa, oportuna, necesaria!

A campanha da @profamiliaRD é educativa, oportuna, necessária!

Denisse Paiewonsky, representante do coletivo Mulher e Saúde, em um artigo magistral entitulado Caso Profamilia: Uma mostra da debilidade da Igreja Católica afirmou:

La Iglesia no acaba de entender que las actitudes de la sociedad dominicana hacia el aborto terapeutico, el acoso sexual, la educación sexual científica en las escuelas, la anticoncepción, el embarazo adolescente, etc. se alejan cada vez más de la ortodoxia eclesial.

A Igreja não entende que as atitudes da sociedade dominicana em relação ao aborto terapêutico, o assédio sexual, a educação sexual científica nas escolas, a anticoncepção, a gravidez adolescente, etc. se distanciam cada vez mais da ortodoxia eclesial.

A declaração oficial da Profamilia diante do recurso da Igreja deixa claro que não vão dar nem um passo atrás na campanha, reafirmando seu compromisso com a educação na sexualidade integrada, científica e baseada na evidência e na defesa dos direitos sexuais e direitos reprodutivos como parte dos direitos humanos.

Ambas as partes deveriam se apresentar no dia 13 de maio, diante da Quinta Sala da Câmara Civil e Comercial do Tribunal de Primeira Instância do Distrito Nacional. Contudo, a audiência foi postergada para 20 de maio (ontem), já que a Igreja e seus advogados não apresentaram suas provas no tribunal.

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