A final da Copa Sul-Americana disputada no dia 12 de dezembro de 2012 no Estádio do Morumbi entre o brasileiro São Paulo Futebol Clube e o Argentino Club Atletico Tigre acabou de forma inusitada. E violenta.
Após um primeiro tempo tumultuado em que o São Paulo vencia por 2 a 0, uma briga começou entre os jogadores após supostas provocações por parte dos jogadores do Tigre e se estendeu até os vestiários, onde jogadores do Tigre e sua comissão técnica denunciaram ter sofrido violência nas mãos da Polícia Militar e de seguranças do São Paulo.
O Twitter oficial do Tigre (@catigreoficial) anunciou [es] o ataque da polícia aos jogadores e completou informando [es] que estes não se sentiam seguros para continuar. Após o técnico da equipe, Pipo Gorosito, se ter recusado a voltar ao campo, a suspensão do jogo acabou sendo confirmada pelo perfil oficial da Copa Sul-Americana (@CBS_oficial). Passado poucos minutos foi o juiz chileno Enrique Osses quem encerrou definitivamente a partida.
Vídeo com a confusão durante o intervalo, antes das agressões supostamente sofridas pelos jogadores do Tigre:
O jornalista Vinicius Grissi (@viniciusgrissi) reproduziu a reclamação dos jogadores do Tigre:
Representante do Tigre diz ter levado uma coronhada (de fato está inchado) e diz que pelo menos seis jogadores estão sangrando ou machucados
O jornalista Rodrigo Cardia criticou a equipe do Tigres, afirmando que, se houve violência, deveriam ter ido ao campo para denunciá-la, ao invés de se esconderem nos vestiários, mas que mesmo assim a denúncia é séria e precisa ser investigada. O assessor de imprensa Rodrigo Weber (@RodrigoWeber) criticou a federação sul-americana de futebol pela falta de explicações:
Conmebol deveria ter explicado para o público no Estádio e para a imprensa tudo o que aconteceu e o porquê da decisão que foi tomada.
As denúncias de violência se espalharam. Jogadores do Tigre mostraram marcas no corpo e hematomas. A FoxSports Latina, única rede de TV que conseguiu acesso aos jogadores, mostrou imagens de sangue nas paredes do vestiário. O jornalista Mauricio Stycer (@MauricioStycer) deu a informação de que o Major da PM no local teria apartado uma briga entre seguranças do São Paulo e jogadores do Tigre, o que pode vir a corroborar as alegações dos jogadores de que forma agredidos:
PM: “Quando chegamos lá, a briga já estava generalizada. Entre jogadores do Tigre e seguranças do São Paulo”.
Alexandre de Santi, do blog especializado em futebol Impedimento, explicou:
A baderna TERIA COMEÇADO nos túneis. A primeira informação na volta do intervalo seria de que dois jogadores TERIAM SIDO expulsos, um de cada time. Mas o site da Conmebol só confirma o vermelho para Paulo Miranda. (…) O São Paulo estava pronto para jogar o segundo tempo (…) quando a demora do Tigre começou a soar estanha. Contávamos 23 minutos de intervalo e nada dos argentinos. Na primeira informação desencontrada, o Tigre TERIA alegado que havia sido agredido por seguranças do São Paulo, que TERIAM apontado uma arma para os jogadores.
O debate na rede centrou-se então na polêmica questão do uso de armas de fogo para intimidar os jogadores da equipe argentina. O jornalista Fernando “Gravz” acredita que os seguranças do São Paulo não usariam armas, enquanto o jornalista Rodrigo Vianna (@rvianna) frisou a necessidade de se apurar se a “arma sacada teria vindo do time argentino”. Segundo informações, os jogadores do Tigre não contaram à polícia após o jogo, que foram ameaçados com armas.
O advogado Vinicius Duarte (@viniciusduarte) completou a informação com o depoimento da PM:
PM: “Armas de fogo=ZERO, a briga tinha uns 10 seguranças do SP contra toda a equipe e CT do Tigre. Só separamos.”.
Alexandre Lozetti (@Ale_Lozetti), jornalista, repassou informações de José Francisco Manssur, assessor da presidência e um dos advogados do SPFC, de que os jogadores do Tigre teriam tentado invadir o vestiário do São Paulo, e seguranças impediram, sem armas, e depois, os “argentinos quebraram vestiário”.
O jornalista Menon resumiu o acontecido em seu blog:
1) Versão do Tigre – Os jogadores foram atacados, no vestiário, por seguranças do São Paulo. Havia uma arma. Os jogadores apanharam muito. Três ou quatro ficaram sem condições físicas de voltar a campo.
2) Versão do São Paulo – Os jogadores do Tigre, continuando a briga do final do primeiro tempo, invadiram o vestiário do São Paulo. Os seguranças do clube defenderam os jogadores e houve confronto.
Eu considero as duas versões fantasiosas. Difícil acreditar. Seja qual for a verdade, ela é vergonhosa, é um acinte ao futebol.
Adré Kfouri comentou sobre a possibilidade de punição [es] para ambos os times, apesar de não acreditar na aplicação:
Por enquanto, fala-se até em excluir o Tigre da próxima Copa Libertadores. O São Paulo receberia uma multa pesada e perderia mandos de jogos do torneio no ano que vem.
Sobrou ainda espaço para alguns tuiteiros compararem o caso atual com o famoso caso Rojas nas eliminatórias da Copa do Mundo de 1990.
Onde pára o jornalismo esportivo?
Não faltaram também as tradicionais críticas à cobertura da mídia. O professor Idelber Avelar (@iavelar) disse que “o Brasil continua fazendo um dos piores jornalismos esportivos do mundo” e ainda criticou:
Duas emissoras de TV, dezenas de jornalistas no Morumbi, denúncias dos argentinos e ninguém sabe o que aconteceu. Parabéns, jornalismo!
Enquanto que o jornalista Emerson Luis (@emerluis) puxou o coro de elogios à FoxSports, única rede a buscar entender o que realmente aconteceu, houve críticas à falta de cobertura por parte da Rede Globo. Impedimento (@impedimento) fez ainda menção às torturas e mortes que aconteceram no Estádio Nacional do Chile no golpe militar Chileno:
Bela cobertura da Fox. Globo, como disseram na timeline, poderia estar no Estádio Nacional do Chile em 1973 e só cobriria um jogo de futebol
Pedro Venâncio, do blog Trivela postou a reação da mídia internacional sobre o fato:
Em vários momentos, a imprensa europeia não dá muita atenção para o futebol brasileiro, ou sul-americano. Uma notinha de rodapé aqui, uma chamada tímida ali, e segue o jogo, segue a vida, cada um no seu quadrado. Mas quando o assunto tem sangue no meio, amigo, a curiosidade é universal e a repercussão é forte em todo mundo
Agora resta esperar que sejam feitas investigações sobre o que realmente aconteceu.