Lembrado principalmente como o arquiteto que projetou a cidade de Brasília, capital do Brasil, e por ter se mantido fiel aos seus ideais comunistas ao longo de mais de um século de vida, Oscar Niemeyer faleceu aos 104 anos de idade na noite de ontem, 5 de dezembro, no Rio de Janeiro, após uma infecção respiratória.
Homenageado com obituários por jornais ao redor do mundo, Niemeyer revolucionou a arquitetura modernista, ao agregar curvas e leveza às suas construções, em centenas de projetos no Brasil e no exterior. No seu aniversário de 100 anos, em 15 de dezembro de 2007, o Global Voices revisitou marcos importantes de sua obra.
O que parece ficar em segundo plano, em muitas homenagens, é o fato de Niemeyer haver defendido não só sua arquitetura inovadora, mas também o comunismo, permeado por uma visão de mundo ateu-humanista. A decisão nem sempre foi fácil, visto que o arquiteto testemunhou as maiores mudanças históricas do século XX ao longo de sua vida, como duas Guerras Mundiais, a ditadura militar no Brasil e a Guerra Fria, durante as quais seus ideais lhe custaram vistos para os EUA negados e a decisão de emigrar para a Europa, diante da falta de trabalho no Brasil governado pelos militares.
Avanços na carreira por si só não faziam sentido para Niemeyer, que acreditava que “mais importante do que a arquitetura é estar pronto pra protestar e ir à rua”, como afirmou no documentário “A vida é um sopro” (2007), dirigido por Fabiano Maciel:
A longevidade de Niemeyer também estava entre as características mais presentes no imaginário popular. O tumblr “Coisas mais novas que Oscar Niemeyer” lista objetos do cotidiano inventados após o nascimento do arquiteto, em 1907 no Rio de Janeiro. Ontem, para marcar a data do seu falecimento, o blog publicou um desenho de Niemeyer, com a frase: “E agora a única coisa que nos resta é o futuro”.
Com um perfil “fake” que também fazia graça com sua longevidade, Niemeyer estava presente nas redes sociais. No Twitter, diversos usuários em todo o mundo prestam suas homenagens.
Tiago Bicalho (@TiagoMG13) recorda os ideais do arquiteto:
Niemeyer desenhava certo por linhas tortas. Queria um país mais igualitário. Viveu até ver o Brasil se transformar nas mão de Lula e Dilma
Gracynha Lóppez (@GracynhaLoppez) destaca o seu pensamento vanguardista:
Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares – Um dos maiores brasileiros ! Até seus pensamentos possuíam linhas com perspectivas no futuro.
Já Dougal Marwick (@dougalm), de Edinburgo, associa os prédios de Niemeyer a boas lembranças pessoais:
Walking past this with my wife en route to Le Parc des Buttes Chaumont is one of my happiest memories. RIP Mr Niemeyer. http://www.flickr.com/photos/atelier_flir/3671978939/
Passar por este prédio com a minha esposa a caminho do Le Parc des Buttes Chaumont é uma das minhas lembranças mais felizes. RIP Sr Niemeyer. http://www.flickr.com/photos/atelier_flir/3671978939/
Gunar Almeida (@gunaralmeida) ainda se mostra cético quanto à notícia do falecimento do arquiteto centenário:
As emissoras de TV têm falado tanto que eu tô começando a acreditar que Oscar Niemeyer morreu mesmo.
Por fim, Rafa Peres (@red_bird) aponta a melhor homenagem para Oscar Niemeyer:
Pessoas q fazem homenagens pro Niemeyer… o cara era simples. Conselho: ajude a fazer um mundo mais justo q ele apoiaria.
Niemeyer também mereceria, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o título de “artista universal”, como declarou a diretora-geral Irina Bokova:
Apaixonado por seu trabalho, ele estava convencido de que a arquitetura tem que fazer mais do que belos edifícios: tem que contribuir para melhorar a vida na cidade como um todo e incorporar os valores de inclusão, solidariedade e cooperação.