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Brasil: Reflexões de um País em Busca da Paz

Categorias: América Latina, Brasil, Ideias, Mídia Cidadã

O Brasil aparece na 83ª posição [1] [en] entre as 158 nações listadas na edição 2012 do Índice Global da Paz [2], tendo caído em 9 posições em relação ao ano anterior. O estudo aponta [3] que, em geral, o mundo está mais pacífico pelo segundo ano consecutivo, com exceção do Oriente Médio e do norte da África. Natasha Romanzoti [4] explica os motivos para posição do Brasil no meio do ranking:

Historicamente, não nos envolvemos em muitas guerras, porém nossa violência interna é suficiente para não deixar o país subir muito no Índice. […]
O IGP de 2012 mostra que os pontos em que somos menos pacíficos são, em indicadores em ordem decrescente: homicídios, crimes violentos e terror político, acesso a armas, e violência percebida pela sociedade.
Alguns dos pontos em somos mais pacíficos são, empatados: conflito organizado, atos terroristas, mortes por conflito interno e por conflito externo, armas pesadas e relações com países vizinhos

"Paz na velocidade da luz", por Tales Carvalho, publicada no Flickr (CC BY-NC-ND 2.0). [5]

“Paz na velocidade da luz”, por Tales Carvalho, publicada no Flickr com licença do Creative Commons (CC BY-NC-ND 2.0).

Talvez o Brasil ganhe alguns pontos no próximo ano em função da Campanha Nacional de Desarmamento [6] que já recolheu mais de 57 mil armas [7] em todo o país. Lançada há um ano com o slogan “Tire uma arma do futuro do Brasil”, a campanha usa o Twitter [8], Facebook [9], YouTube [10] e outras redes sociais para espalhar a mensagem. Enquanto desarmamento é um assunto polêmico entre adultos, crianças de uma nova geração aprendem desde cedo sobre a importância paz com a campanha paralela de “desarmamento infantil”, que recolhe armas de brinquedo e as transforma em plástico reciclado. O Blog Diarinho [11] relata:

Quem descobre desde a infância que arma – mesmo falsa – não é legal vai preferir ficar sempre bem distante dela. E isso pode impedir que muitas tragédias aconteçam. Ainda ocorrem casos de meninos e meninas que encontram por acaso armas de verdade em casa e, por curiosidade e falta de informação, machucam alguém ou a si mesmos. Em casos mais graves, podem até morrer ou matar sem querer.

Muitas outras iniciativas estão surgindo no seio da própria população, como o movimento Yoga Pela Paz [12], que promoveu em agosto mais de 500 aulas gratuitas que beneficiaram milhares de pessoas em várias cidades pelo país. Márcia De Luca, idealizadora, explica que a ideia nasceu de um “sonho de trabalhar por um mundo melhor”, com uma certa inspiração da Ayurveda [13], sistema de cura milenar indiano que defende a prática da “terapia dos opostos” para gerar equilíbrio na vida:

Yoga pela Paz no Parque Ibirapuera, agosto de 2012. Foto de Rodrigo Maciel para divulgação [14]

Yoga pela Paz no Parque Ibirapuera, agosto de 2012. Foto de Rodrigo Maciel para divulgação

Assim, em um mundo de violência, movimento e stress, temos que acionar o contrário: paz, aquietamento e calma. É a forma de contrabalançar o que há em excesso no momento atual e melhorar nossa existência.
Praticar yoga e meditação e seguir uma rotina diária de aquietamento e paz são a proposta maior do Yoga pela Paz. Vivenciar o momento presente é também nosso foco, pois assim conseguimos minimizar a “tagarelice” da mente e começamos a observar o que acontece à nossa volta com maior atenção.
[…]
Muita gente se pergunta: mas será que eu posso mesmo mudar o mundo? A resposta é não e sim. Não podemos mudar o mundo em si, mas podemos mudar o mundo através da nossa mudança individual. Se cada um de nós se tornar um ser humano melhor e a partir dessa mudança individual formarmos uma massa crítica de pessoas com a intenção de paz em todos os sentidos, aí sim! Juntos, podemos fazer a diferença para um mundo melhor.

Marilda Reina [15] se inspira com slides achados na internet sobre a paz e a natureza:

Algumas fotos registram o amor entre as espécies e, também, registram a irracionalidade do nosso semelhante. Por sorte, uma grande parcela de seres humanos estão se unindo para tornar nosso planeta um mundo mais harmônico, aprendendo e ensinando a respeitar os recursos naturais. Ainda temos muito trabalho pela frente, então vamos passar os bons exemplos adiante, vamos contagiar mais e mais pessoas com o sentimento de amor e respeito.

Na véspera do Dia Internacional da Paz [16], 21 de setembro, Suzane Rodrigues [17] explica que para encontrar a tão procurada paz não é necessário grandes esforços:

Paz uma palavra que colocam como extinta ou de um futuro próximo. Em verdade o conceito de paz é errado, pois passaram a ideia errada. E todos consomem essa ideia. Paz é apenas ter tranquilidade e estar bem consigo, apenas isso. Não interessa se o dia está nublado ou de extremo calor, a paz está ali na sua frente basta você acordar bem e convida-la para entrar na sua mente e futuramente na sua vida. Não quer dizer que ela estará vinte quatro horas por dia nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano, mas durante duas horas ou durante alguns minutos ela pode estar conosco, basta ela ser o suficiente para transformar o restante do dia. A paz pode ser diária.

[18]

“Da quietude”, foto de Fabíola Lourenço, publicada no Flickr com licença do Creative Commons (CC BY-NC-ND 2.0)

E finaliza:

O mundo pode ter paz se deixarmos nossa mente aberta à novas respostas, não pensar que para ter paz precisamos de pessoas melhores, porque você é o mundo, logo, a paz depende de você e não das pessoas. Eu faço a minha paz e você faz a sua. E assim teremos uma sociedade em paz, porque o mundo individual se encontra em paz. Vivemos em conjunto, mas não somos o conjunto, somos uma parte desse conjunto e para o conjunto estar em paz, toda sua parte precisa estar. Falando sério, isso é muito difícil pois a paz do outro não depende de você, como sua paz também não depende dele. E estar em sintonia não é fácil quando falamos de seres humanos.