Na véspera das eleições em Angola, o maior partido da oposição no país, UNITA, declarou aos média o processo eleitoral como o pior de sempre. Uma nova coligação da oposição, CASA-CE, protestava contra a detenção de um dos seus jovens líderes.
A principal preocupação no final de quinta feira, 30 de Agosto, era a falta de transparência [en] em torno dos cadernos eleitorais que ainda não teriam sido publicados, ao contrário do que é exigido por lei.
Os responsáveis oficiais pelas eleições continuavam a garantir que tudo estava preparado. No site da Comissão Nacional de Eleições, actualizado pela última vez na quarta feira, 29 de Agosto, indicava nas notícias em destaque:
CNE quer perfeição mas como qualquer humano ainda não conseguiu chegar ao grau máximo da sua satisfação
Enquanto isso, não cessavam de entrar queixas no site de “crowdsourcing” Eleições Angola, enviadas através de SMS e do Facebook, a maioria das quais relacionada com as listas eleitorais e com a atribuição de mesas de voto:
Somos moradores do Camama ao lado do colégio Antonino e atualizamos os nossos registos para votar neste colégio. Mas até ao momento não se vê nada, nem assembleias, nem listas, nem polícia, absolutamente nada. Como faremos para votar amanhã? David Alberto, Camama
Barra do Dande, cerca de 1000 eleitores não encontram seus nomes nos cadernos eleitorais afixados na área. Sr. Cabolombo, Barra do Dande
Eu sou cidadão eleitor, mas a assembleia onde iria exercer o meu direito de voto não existe. Ajudem-me. Aníbal da Paixão, Luanda
Vim ontem de Benguela, mas particularmente no município do Bocoio há uma tremenda recolha de cartões. (cartões eleitorais) Daniel Pedro, S. Pedro da Barra
Manos para ajudar e denunciar. Haverá muita abstenção porque alguns eleitores de Viana, mesmo pedindo para votar em Viana, o nome saíu na ilha e alguns até no interior, no Bié. Não assinado
Além disso, surgiram várias queixas de jovens que tinham recebido formação para tomarem conta das mesas de voto, e que foram misteriosamente substituídos por pessoas que não frequentaram a formação de uma semana. O cidadão repórter Herculano Coroado filmou a seguinte entrevista com um deles:
Outra questão foi a creditação de observadores. A antropóloga Claudia Gastrow escreveu na véspera das eleições um post intitulado “Beer and Circuses No Longer Enough” (Cerveja e circo já não são suficientes) [en]:
Most credible local civil society groups have been not been accredited, and the EU is not sending an official mission, meaning that observation is left to SADC [Southern African Development Community] and the AU [African Union].
Competição, apatia
No sábado, 25 de Agosto, tomou lugar uma grande marcha na cidade de Huambo em que a oposição protestava contra “as constantes manipulações e violações pela Comissão Nacional de Eleições, instituição com ligações ao MPLA [partido no poder]”:
O candidato do CASA-CE Abel Chivukuvuku foi filmado em campanha a caminhar pelas ruas de terra de Cazenga, nos subúrbios de Luanda. Na sua campanha, enquanto percorria as ruas, perguntava às pessoas se alguma vez tinham visto o Presidente José Eduardo dos Santos fazer o mesmo. (Todos disseram não.)
O período de campanha eleitoral também não decorreu sem drama. Na véspera do voto, o blog Maka Angola publicou a denúncia de um incidente envolvendo um homem armado que se aproximou do candidato da UNITA em Benguela, na terça feira.
Para Gastrow “a crença generalizada de que os resultados vão ser fraudulentos joga a favor do MPLA, porque leva à apatia generalizada” [en]:
Angolans suspect that the MPLA has manipulated the voter lists and will control the release of results so that an MPLA victory is predetermined. […] Angolans have little faith in the international community, not only because its presence will be thin on the ground, but also because they believe that most countries, more interested in protecting their oil interests than promoting democracy, will rubber-stamp the results. One of the biggest dangers to Angolan democracy is the widespread belief that given the power of the MPLA, democracy is simply not possible in Angola. Nevertheless, an MPLA whitewash is unlikely to be accepted as complacently as previously.