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Brasil: Cobertura das Olimpíadas Manchada por Comentários Machistas

Categorias: América Latina, Brasil, Direitos Humanos, Mídia Cidadã, Mulheres e Gênero, Olimpíadas

Esta postagem é parte da nossa cobertura especial Jogos Olímpicos de Londres 2012 [1] [en].

No Brasil, o aumento da consciência sobre como a grande mídia conduz a cobertura das atletas que participam das Olimpíadas abriu espaço para debate na mídia cidadã, desafiando a forma atual de transmissão e repercussão de grandes eventos.

O blog Ativismo de Sofá [2] analisou notícias [3] dando conta de que uma nadadora australiana estaria acima do peso. Além de citar uma controvérsia no Twitter entre um jornalista e apoiadores da seleção feminina de futebol, o blog seguiu comentando a questão em torno dos uniformes das atletas:

Mainstream media coverage as it is for male and female athletes. Image available from Jornalismo B, under CC BY-NC-SA 2.5. [4]

A cobertura da grande mídia como ela é: para eles, para elas. Imagem publicada em Jornalismo B, sob licença CC BY-NC-SA 2.5.

Essa objetificação passa pela desvalorização do esporte feminino. Não foram poucas as vezes em que ouvi, por exemplo, que o vôlei masculino é melhor que o feminino. Ou que o futebol masculino é superior ao feminino e etc. Então se o esporte feminino não tem tantos atrativos quanto o masculino, o que o torna viável, inclusive financeiramente? O corpo da atleta. Ao menos é isso que parece pensar uma parte da mídia esportiva, quando o esporte e a superação deveriam ser as estrelas dos Jogos.

Em outra postagem, o blog Jornalismo B [5] relata como a orientação sexual da goleira da seleção feminina de handball tornou-se uma prioridade para os jornalistas brasileiros, levando-os a deixar de lado a perspectiva “da grande atuação da goleira” e da série de partidas que o time vinha jogando.

Machismo chato de cada dia [6], na postagem Olimpíadas do Machismo, classificou as notícias focadas na beleza das atletas olímpicas como “não-notícias”. Sobre essa cobertura, complementou:

Um espetáculo de desrespeito com tod@s nós, mas principalmente com elas, mulheres que entraram na competição representando seus países após anos de esforço e resumidas a quilos a mais/menos, cabelos, sorrisos, e claro: bundas.

O blog Direitos Fundamentais LGBT [7], discutindo direitos humanos em suas várias manifestações, aprofundou a reflexão sobre as questões que envolvem mulheres, homossexuais e esportes:

…a discriminação na Educação Física e no esporte é construída em cima de uma imagem estereotipada que reforça a identidade masculina dessas práticas culturais. Logo, a homossexualidade e a feminilidade são utilizadas como referências negativas.

Para o blog Pílulas Diárias [8], a presença de mulheres nas Olimpíadas “representa um desafio à autoridade masculina”. Adicionando novos argumentos para questionar o senso comum, o autor discute a lógica por trás da divisão entre times masculinos e times femininos:

A ideia de que meninos jogam num lugar e meninas em outro não é algo inerente à natureza humana. É uma imposição social.

Claro que sempre haverá tipos diferentes de atletas, mas nada obriga que o critério tenha que ser o de gênero. Por que não considerar a força, o peso, a agilidade? A divisão com base no sexo é arbitrária. E é mais uma forma de nos dividir e nos faz sentir diferentes uns das outros.

Esta postagem é parte da nossa cobertura especial Jogos Olímpicos de Londres 2012 [1] [en].