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Brasil: Preocupações com Saúde Pública em Januária

Categorias: América Latina, Brasil, Ativismo Digital, Governança, Mídia Cidadã, Mídia e Jornalismo, Política, Rising Voices

Participantes do projeto de jornalismo cidadão Amigos de Januária [1] estão levando adiante a missão de monitorar o governo na cidade de Januária, em Minas Gerais, Brasil. O projeto, apoiado pelo Rising Voices [2] [en], consistiu em uma formação de sete semanas para jovens sobre princípios de jornalismo e uso de dados governamentais para fazerem de sua cidade um lugar melhor [3].

Após uma série de escândalos de corrupção, os participantes passaram a monitorar as atividades do governo para elevar a conscientização e promover responsabilizações. Os posts mais recentes no blog do projeto focam em saúde pública e segurança. Em 18 de Junho, Loreci Farias, que é também professor, informa sobre uma sala de atendimento básico de saúde improvisada que tem deixado os pacientes constrangidos no distrito de São Joaquim. Ele escreve [4]:

Você já se consultou em uma cela de presídio? É isso mesmo, em São Joaquim os pacientes estão sendo atendidos em uma cela do prédio construído para sediar o Posto Policial do Distrito supracitado. Como o prédio da Unidade Básica de Saúde está caindo aos pedaços e para prevenir possíveis acidentes, o médico optou por mudar o atendimento para o prédio do Posto Policial.

[5]

Foto da unidade básica de saúde improvisada, publicada no blog do Amigos de Januária e usada sob licença Creative Commons.

A unidade básica de saúde foi transferida há três anos para um posto policial que estava fechado, e não houve iniciativa do governo para resolver isso desde então. Contudo, essa transferência foi possível devido a outro problema: não há oficiais de polícia o bastante na cidade para reabrir o posto policial. Ele acrescenta que a comunidade está “muito perigosa, com forte índice de marginalidade e com um intensivo consumo de drogas.”

Em 27 de Junho, o perfil anônimo Mídia Cidadã escreveu [6] sobre a reforma da Farmácia Popular da cidade, que foi financiada por um programa federal com 66,000 reais (aproximadamente US$ 33,000). As obras foram fotografadas 60 dias antes da publicação do post no blog, e não houve progresso nesse período:

Por que as obras não estão em andamento? E se a reforma já foi concluída, por que o prédio não está sendo utilizado?
[…]
A expansão do Programa visa oferecer alternativas de acesso à assistência farmacêutica, com vistas à promoção da integralidade do atendimento à saúde.

[7]

Foto da Farmácia Popular, publicada no blog do Amigos de Januária e usada sob licença Creative Commons.


Trecho da rodovia nacional BR 479, em direção à Serra das Araras, a 1 km do distrito de São Joaquim. Foto publicada no blog do Amigos de Januária e usada sob licença Creative Commons.

Na frente do prédio, uma placa exibe informações sobre a empresa responsável pela reforma, o custo e o prazo de 120 dias, mas deixa de fora a informação compulsória da data de início das obras.

Membros do Amigos de Januária também estão preocupados com a maneira como os moradores se desfazem de seu lixo e os potenciais riscos de saúde decorrentes disso. Farias escreve sobre um lixão [aterro informal] [8] localizado próximo a um vilarejo, à beira de uma rodovia nacional. Ele conversou com um morador, que disse:

É muito comum a gente matar cobras e ratos aqui por causa desse lixo ai, junta ratos dai vem as cobras por causa dos ratos.

[9]

Gado alimenta-se no lixão. Foto publicada no blog Amigos de Januária e usada sob licença Creative Commons.

Além disso, Farias informa que o aterro serve como uma “praça de alimentação” aberta para o gado. Ele comenta:

[…] quem garante que estes bovinos não estão contaminados por alguma doença e ainda se você mesmo não já comeu carne de bovinos dos quais se alimentam daquele lixo.
[…]
Vamos ver quais providências serão tomadas pela adimistração municipal sobre determinado assunto ja que estamos em ano político [em referência às eleições municipais de outubro].