Este post é parte da iniciativa conjunta de jornalismo cidadão “Jornalismo Cidadão com Mapa Kibera durante a Cúpula do Global Voices“ [en].
Uma parte das atividades da Cúpula do Global Voices 2012, realizada em Nairóbi na primeira semana de julho, envolveu uma visita [en] organizada ao Kibera, a segunda maior favela urbana* da África e com uma população estimada em mais de um milhão de pessoas.
A equipe da Aliança MapKibera (Mapa Kibera) recebeu calorosamente os membros da comunidade do Global Voices que foram ao seu escritório em dois micro-ônibus. Fundada em 2009, a Aliança trabalhou no desenvolvimento do mapa de Kibera, descrevendo os diferentes recursos disponíveis na comunidade, bem como as suas necessidades. O mapa também serve como uma ferramenta de suporte à causa da comunidade, pois permite que sejam colocadas em destaque as questões relevantes junto às principais partes interessadas [stakeholders] e apóia a melhoria das condições [de vida] da comunidade em Kibera.
Kibera in Nairobi, Kenya, was a blank spot on the map until November 2009, when young Kiberans created the first free and open digital map of their own community. Map Kibera has now grown into a complete interactive community information project.
Chegando ao Kibera
Após uma breve apresentação do MapKibera e de seus projetos associados Voice of Kibera [A voz de Kibera, en] e Kibera News Network [Rede de Notícias de Kibera, en], partimos para o trabalho em campo. Com base na discussão com a equipe, os voluntários do Global Voices escolheram quatro tópicos principais: Educação, Mulheres e saúde sexual/HIV, Alfabetização digital e a Preparação para as eleições. A equipe de Kibera foi voluntária para nos guiar nessa jornada para explorar esses temas e iniciativas destacadas na comunidade. Nós tínhamos muito interesse em falar com pessoas envolvidas na sensibilização e [educação para a] saúde sexual. Por isso, nossa guia, Lucy, nos apresentou o grupo Mulheres Poderosas.
Apresentando as Mulheres Poderosas
Elas se definem assim:
The Powerwomen are a group of twenty women who came together to reduce poverty in the community. The group chose the name “power”, meaning strength. “nguru” is a Swahili word for power. Some of the reasons for coming together was to reduce stigma in the community.
Elas nos deram as boas vindas na Loja das Mulheres Poderosas. Assim que entramos no local, conhecemos Elizabeth (a líder do grupo) e Rosemary (a tesoureira). Suas histórias começaram em 2004, quando algumas poucas mulheres HIV-positivas que vinham sendo discriminadas se reuniram para tentar achar um meio de mudar esta situação. Elas nos contaram suas inspiradoras histórias.
No início, cada uma das mulheres poupava 10 xelins quenianos (KSH) por reunião. Como realizava duas reuniões por semana, o grupo rapidamente acumulou três mil xelins e começou a produzir broches sobre HIV/AIDS. Em seguida, elas foram até a comunidade e começaram a distribuir esses broches gratuitamente para sensibilizar a comunidade em relação ao HIV/AIDS e quebrar o silêncio e o estigma que circundam a doença. Mais tarde, elas pensaram em tornar a iniciativa mais sustentável e deram início ao seu próprio negócio: a Loja das Mulheres Poderosas. Na loja, as mulheres vendem [en] algumas jóias feitas à mão com ossos de vaca e contas, além de sacolas feitas com materiais recicláveis.
O grupo criou um sistema para organizar e manter suas fontes de receitas, diretamente vinculadas às suas rotinas de vida e desafios diários. Como a maioria das mulheres tem outro emprego, elas distribuíram seus turnos na loja de modo que, dentro da disponibilidade de cada uma, sempre houvesse duas pessoas atendendo todos os dias.
A renda mensal da loja é dividida em quatro partes. A primeira vai para a compra de insumos para a criação dos produtos. A segunda parte é reservada para prover alimentos para as mulheres durante os turnos. Como HIV-positivos são mais vulneráveis a infecções, a terceira porção da renda é destinada a casos emergenciais, quando a saúde de qualquer uma das integrantes do grupo fica seriamente comprometida. A quarta parte provê salários para as mulheres que trabalham na loja.
Que mudança as Mulheres Poderosas trouxeram para a comunidade?
As mulheres disseram que vêm desafiando os estereótipos de viver com o HIV/AIDS na comunidade. Por darem um exemplo de sobrevivência e perseverança, as atitudes negativas começaram a evoluir: mais pessoas estão dispostas a interagir com elas e aprender mais sobre HIV/AIDS.
Elizabeth nos contou que mais e mais pessoas fazem testes de HIV e aprendem lições sobre saúde sexual. Além disso, a renda da loja ajuda as mulheres a cuidarem das crianças órfãs. Estas frequentemente são abandonadas por seus parentes saudáveis quando os pais HIV-positivos morrem. Muita gente na comunidade de Kibera está recorrendo ao grupo das Mulheres Poderosas em busca de ajuda e aconselhamento na medida em que identificam no grupo um exemplo de resiliência.
No entanto, as mulheres ainda enfrentam diferentes desafios. Um dos principais é a resistência, dos homens em particular, em aderir às questões que envolvem HIV/AIDS. Apesar dos desafios, as mulheres estão determinadas a seguir com seus esforços para combater o estigma. Elas partilharam conosco os planos de expandir os seus trabalhos e incorporar mais dez mulheres ao grupo. A determinação das Mulheres Poderosas para divulgar sua mensagem é prova verdadeira de que o grupo faz jus ao nome que tem.
Se você gostaria de apoiar o grupo das Mulheres Poderosas, você pode fazer uma doação para a seguinte conta bancária:
Barclays Bank of Kenya
Development House Branch
Power Women Group
Número da conta: 047-1131432
Bank Code 03 [código do banco]
Branch Code 047
Swift Code Barckenx [código swift]