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Moçambique: Reacções à Rejeição Presidencial das Redes Sociais

Categorias: África Subsaariana, Moçambique, Ativismo Digital, Liberdade de Expressão, Política, Tecnologia

Palavras de rejeição à utilização das ferramentas de comunicação online proferidas pelo Presidente de Moçambique Armando Guebuza, num discurso feito perante uma audiência de jovens apoiantes do histórico partido no poder, Frelimo [1], na sessão de encerramento do Comité Central da Organização da Juventude Moçambicana [2] (OJM), no passado mês de Março, levantaram ondas nas redes sociais.

Guebuza afirmou que ferramentas como o Facebook e o Twitter, têm “o potencial de se transformar em espaços geradores de representações, fábricas de sonhos inalcançáveis e de infinitas miragens e expectativas que podem levar à secundarização da cultura de trabalho, promovendo o espírito de mão estendida”.

O jornal parceiro do Global Voices, @Verdade, publicou [3] um editorial em que critica a polémica afirmação, cuja motivação real, defende, seria o silenciamento das vozes críticas:

Presidente Armando Guebuza. Foto de World Economic Forum no Flickr (CC BY-SA 2.0) [4]

Presidente Armando Guebuza. Foto de World Economic Forum no Flickr (CC BY-SA 2.0)

Guebuza disse que os jovens precisam de deixar de ser fofoqueiros e intriguistas e entregarem-se ao trabalho. (…)

Ao invés de ministrar “palestras de motivação”, onde pudesse dar aos jovens dicas de como se edifica um património económico em tão pouco tempo, o Presidente da República prossegue indiferente ao eleitor, ao povo, aos jovens e à opinião pública, demonstrando o desprezo absoluto por alguns princípios básicos da democracia.

Ao que um anónimo comentou da seguinte forma:
Sempre a tentar mandar poeira para os olhos do povo. Deves andar borrado com as redes sociais, deves ter pesadelos de te acontecer uma à Ghadaffi. Então toca de tentar minimizar a utilidade dessas ferramentas. Mas os jovens têem sempre aquela veia de rebeldia, além de que não gostam de receber ordens de velhotes que se escondem atrás do passado para impingirem a sua doutrina.

O historiador e analista político Egídio Vaz, reagiu numa nota que foi republicada [5] no blog de Antonio Kawaria, Reflectindo sobre Moçambique:

Internet wireless em Maputo. Foto de rabanito no Flickr (CC BY 2.0) [6]

Sinalização de internet wireless num prédio em Maputo. Foto de rabanito no Flickr (CC BY 2.0)

um abraço a todos jovens que usam o facebook como ferramenta para o exercício dos seus direitos de cidadania (…). na verdade, recorramos as palavras do Presidente Samora Machel que se tornaram em máxima frelimista de então: Quando o inimigo nos ataca é porque estamos no caminho certo. Pelos direitos de cidadania, inalienáveis e não-negociáveis, Viva o facebook

Um dos comentários [7] deixados na mensagem de Egídio Vaz, assinado por Tchaka, acrescentava:

na juventude [de Guebuza] não havia internet, redes sociais, etc., ele e o seu partido estão com dificuldades de perceber as tendências modernas da juventude e têm medo do poder que as novas ITC [Tecnologias de Informação e Comunicação] trazem para a mente juvenil.

Num encontro do Parlamento Juvenil em Inhambane, o jornalista José Belmiro, recusando as ameaças latentes a quem quer fazer ouvida a sua voz, finalizou [8]:

Nós jovens não podemos nos calar (…) Expor ideias não quer dizer que seja do contra ou da oposição. Significa que sou sujeito do meu destino (…) Nós jovens temos a responsabilidade de romper com o ciclo do medo