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De 25 a 29 de Abril de 2012, Perúgia, uma charmosa cidade da região italiana de Umbria, tornou-se um enérgico ponto de encontro para entusiastas da mídia e jornalistas de todo o mundo, no Festival Internacional de Jornalismo. Incluíam, dentre os discursantes, Wadah Khanfar (ex-diretor da Al-Jazeera), Andy Carvin (NPR), Paul Lewis e Amelia Hill (Guardian), Marco Travaglio (Il Fatto Quotidiano), Evgeny Morozov, e muitos outros cujos nomes chamam a atenção de qualquer pessoa interessada em mídia (lista completa dos discursantes) [en].
O Global Voices não perderia a oportunidade de também estar presente, especialmente pelo foco deste ano ser participação e jornalismo cidadão – provavelmente, o futuro das notícias.
Com painéis de discussões, importantes discursos que conduziriam o evento, workshops, networking e entrevistas ocorrendo em todo lugar, a atmosfera acelerada do festival poderia fascinar você, especialmente sob o calor do clima italiano. Pessoas carregando o crachá vermelho do festival com os dizeres ‘voluntário(a)’, ‘discursante’ ou ‘apoio’ tomaram essa linda cidade e tornaram-na um caldeirão de ideias visionárias.
Mas chega de comentar sobre as circunstâncias agradáveis. Sobre o que eles estavam falando e por que foi tão importante?
Jornalismo aberto é o futuro
Participação e colaboração em jornalismo roubaram o espetáculo; as sessões mais frequentadas foram sobre fontes de repórteres cidadãos, trabalho com os leitores para checar fatos e até mesmo para trazê-los ao coração do processo editorial. Aqui há alguns exemplos de discussões:
Os painéis sobre o futuro do jornalismo focaram na participação comunitária e em meios de engajar o publico em processos jornalísticos. Mark Johnson, editor comunitário do The Economist, enfatizou a importância do alcance das mídias sociais e do engajamento do diálogo entre jornalistas e leitores.
Wadah Khanfar da Al Jazeera propôs uma visão de mídia integral no seu discurso principal, o qual foi twittado em tempo real pela sua conta no Twitter, e que se referia ao fato de que jornalistas não mais iriam produzir as notícias. De acordo com Khanfar, as notícias serão produzidas via mídias sociais e blogueiros espertos, e o papel do jornalista seria o de filtrar e escolher aquelas mais relevantes para conduzir o debate público.
Ademais, ele acentuou no Twitter:
@khanfarw: Corporations that owned the story are now challenged by those on the ground that are producing quality and accurate reports. #IJF12
No seu discurso principal, Andy Carvin, o qual, como ele disse, poderia ser melhor descrito como um DJ da informação do que um repórter, falou sobre a importância da experimentação para achar novos modos de se fazer jornalismo e apresentou sua abordagem de relatar a Primavera Árabe pelo Twitter.
Em outro painel, Paul Lewis falou sobre a cultura de inovação do The Guardian e seu movimento em direção a “notícias abertas”, que são mais do que colaboração. É trazer os leitores para a redação e envolvê-los na direção futura do jornal.
Trazer tecnologia e jornalismo com análise de dados para a sala de redação foi também tema chave no Festival, com séries de workshops sobre jornalismo de dados oferecidos pela Open Knowledge Foundation.
(A Associação Amigos de Januária [pt], do Brasil, beneficiária do projeto Rising Voices, foi recentemente destacada no novo Data Journalism Handbook (Manual de Dados do Jornalismo) pela Open Knowledge Foundation e o European Journalism Centre (Centro Europeu de Jornalismo).
Stefano Rodotà, professor emérito de Direito, enquanto falava sobre a intersecção entre mídia, democracia, poder e conhecimento, no seu discurso principal, declarou que negar o acesso à Internet a alguém por ter descarregado material protegido por direitos autorais deveria ser considerado como uma violação de direitos humanos.
Global Voices toma o palco
Além da forte presença de membros do Global Voices, principalmente do Global Voices em Italiano, o editor italiano, Bernardo Parrella, e a co-fundadora do Voci Globali, Antonella Sinopoli, ofereceram e participaram em vários painéis de discussões.
Enquanto debatiam a importância das publicações digitais e sociais e de “agregar a agregação de notícias”, os convidados mencionaram vários livros publicados pela editora independente Quinta di Copertina em colaboração com o Global Voices em Italiano, como ‘70 chilometri dall’Italia: La rivolta del gelsomino‘, e o livro de Sinopoli, ‘White Arrogance’.
No painel sobre cobertura jornalística e curadoria de mídia social, representantes da BBC, France24 e NPR debateram com Bernardo Parrella sobre o papel dos cidadãos na construção de notícias e o problema da verificação. A BBC insistiu que as mídias tradicionais, obrigadas pela confiança colocada sobre elas, providenciam notícias comprovadas e uma “verdade total” para a audiência que as mídias sociais não são realmente capazes de fazer. Parrella chamou atenção para a importância da experimentação e da abertura das mídias dominantes para o público.
Houve muitos outros diálogos altamente interessantes, e você pode encontrar vídeos, comunicados de imprensa e artigos cobrindo quase todos os eventos no site do Festival.
Aliás, considere dar uma passada no próximo ano; como parece, o festival melhora a cada edição, de acordo com Evgeny Morozov, que twittou:
@evgenymorozov: Had a very good time @journalismfest in Perugia this week – it gets better every year (and I thought last year it was impossible!)
Paul Lewis parece somar tudo em seu tweet:
@PaulLewis: Is Perugia's #ijf12 the most enjoyable conference for journalists in the world? #ijf2012
Definitivamente!