Este post faz parte da nossa cobertura especial Europa em Crise.
“Actua, sai à rua, não consumas [es].” Com este slogan, a Assembleia do Bairro Los Austrias em Madrid organizou a Greve Geral 29M (a 29 de Março) em Espanha, que contou com participação em massa pelo país fora. Esta chamada directa à acção [es] contrasta com os slogans mais impessoais dos sindicatos – “Eles querem mudar tudo” – e é um exemplo do fosso que existe entre as entidades oficiais e aqueles que se manifestam sem qualquer tipo de bandeira.
Nesse sentido, o movimento 15M tem representado um ponto de viragem na forma de apoio às convocatórias de uma parte da sociedade civil, organizada em colectivos, assembleias de bairro, e associações locais ou lideradas por indivíduos. Nesta greve geral, o movimento cidadão tomou diferentes formas nas ruas, bairros, organizações sociais e redes sociais digitais.
Uma das iniciativas foi a “greve ao consumo”. Muitos saíram às ruas com a sua própria comida e bebida trazidas de casa:

Almoço popular em apoio aos trabalhadores em greve no Campo de la Cebada de Madrid. Foto da autora Lidia Ucher.
- 14h: Comida Popular – traerse el tupper para compartir (recuerda #HuelgadeCONSUMO, cocina el día anterior)
A intenção era apoiar a greve e sair às ruas sem ter de pagar para consumir comida durante 24 horas. O Kaos en la Red (Kaos na Rede) resume os motivos:
En principio, la idea es sencilla: una huelga de consumo consiste en dejar de consumir bienes y servicios durante el día fijado para la huelga. Realizar una huelga de consumo respondería a dos de las limitaciones de una huelga general: por una parte, incluye a toda aquella persona que no puede realizar huelga “laboral” – en realidad, se supone que sólo pueden realizarla trabajadores por cuenta ajena, y de estos ni tan siquiera todos-; por otra, dejar de consumir bienes pero sobre todo servicios contribuiría de alguna manera a no forzar a alguien a trabajar – y así, de paso, contribuir a deslegitimar la práctica de fijar servicios mínimos abusivos para minimizar la repercusión de la huelga.-
Uma das recomendações para apoiar a greve ao consumo era que todos se “desligassem”, de forma a afectar as estatísticas do consumo eléctrico doméstico no momento em que o impacto da crise fosse medido.
Outra das propostas do 29M nas assembleias de bairro foi a “greve de cuidados e género” [es]:
…la propuesta es ponernos nuestro mejor delantal, guantes y utensilios varios con un cartel “Huelga de Cuidados” ¿Y dónde hacemos el piquete? Pues en los hogares. Vamos a contarle a las señoras que no lo sepan lo que es una huelga de cuidados y porqué es necesaria. Nos apoyaremos en el díptico que adjuntamos Díptico: Comando de cuidados para la huelga (Es importante imprimir a doble cara para cortar por la mitad, haced las copias que podáis!!!).
A partir dos colectivos e assembleias de bairro, o 29M tornou-se uma nova data importante na agenda do movimento, na qual centenas de pessoas se dedicaram a organizar, convocar e mobilizar outros milhares. E nada se baseou em grandes produções ou em reuniões sindicais, mas sim em ideias simples que motivaram muitas outras pessoas a saírem às ruas e a fazerem parte das manifestações, de uma forma diferente ou talvez igual [es]:

29M em Madrid. Foto da autora Lidia Uche
14:00 en el Campo de la Cebada Austrias: Comida Popular a favor de la Huelga de trabajo, consumo y cuidados. . Haremos un gran puchero.

29M em Madrid. Foto da autora Lidia Ucher.
Nas redes sociais, foram usadas as hashtags #Toma29M, #29M, #29RuaMa, #TomaAGREVE, #EstouEmGreve, #emGreve e #CartazesDeGreve, para inovar com slogans alternativos e criativos sobre a greve.
Algumas organizações sociais apoiaram a greve geral, tais como a Coordinadora das ONGs de Espanha, a Platforma 2015 y más (Plataforma 2015 e mais) e a Aliança Espanhola Contra a Pobreza [es]:
…Y además el Gobierno asesta un duro golpe a nuestro modelo social, a los pilares del Estado de bienestar: la sanidad, la educación y las políticas sociales; eliminando o devaluando importantes derechos civiles como el derecho de las mujeres a la interrupción del embarazo, el matrimonio homosexual o los derechos de inmigración. De no evitar esta reducción de derechos, presentadas de forma falaz como reformas, asistiremos a una quiebra de nuestro modelo de convivencia, y a la confirmación de un programa de acción política sometido a la exigencia de los mercados financieros.
Na hora da manifestação, o movimento 15M e os sindicatos CGT, CNT e Solidaridad Obrera encontraram-se num lugar e hora diferentes dos sindicatos UGT e Comisiones Obreras. O bloco 15M seguiu a sua manifestação até à Puerta del Sol para celebrar o final da mesma numa assembleia popular de avaliação da jornada de greve geral.
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