O episódio que ficou popularmente conhecido como “Massacre do Pinheirinho [1]“, a expulsão violenta de milhares de moradores pobres de suas casas em um terreno pertencente à massa falida de de Naji Nahas, foi fotografada e filmada sob os mais diversos ângulos.
Desde o dia anterior à desocupação em si, aos momentos de pânico por parte da população enquanto era vítima da brutalidade policial na cidade de São José dos Campos, até os depoimentos colhidos após terminada a desocupação, com a população alojada em abrigos precários e sendo assediada pelas forças policias que deveriam protegê-las.
Não faltaram denúncias de abuso de poder e de violência extrema, além de denúncias de que muitas pessoas teriam sido feridas e mesmo mortas, mas ninguém parece conseguir informações nem nos hospitais da cidade e nem no (IML) Instituto de Medicina Legal local. O ativista carioca Pedro Rios Leão [2] foi à cidade de São José dos Campos e entrevistou dezenas de moradores que, na frente das câmeras, afirmaram a existência de mortos e feridos que estariam sendo escondidos pela prefeitura e governo estadual.
O ativista encontra-se em greve de fome, acorrentado em uma das entradas da Rede Globo de Televisão [3]no Rio de Janeiro, a quem ele acusa de conivência com o Massacre, que vem sendo escondido pela grande mídia ou tratado com total normalidade.
Em seu vídeo, cujo provocativo nome “Eu queria matar a presidenta: depoimentos da guerra civil brasileira [5]” faz alusão ao seu depoimento pessoal ao final, no qual declara que é um direito legítimo desejar a morte daqueles que levam a morte até o povo, há ainda espaço para a leitura de uma emocionante poesia criada por Antônio da Silva [6], morador expulso logo na abertura do vídeo.
Leão aponta não apenas a prefeitura de São José dos Campos, apelidada de “São José dos Campos de Concentração” por muitos, mas também o governo estadual e federal como culpados pelo que considera um crime contra a população do Pinheirinho. Ele se declara em estado de guerra contra governos que são coniventes com o sofrimento da população desalojada e implora para que a presidente Dilma Rousseff tome uma atitude.
Seu vídeo denuncia o medo da população frente à violência com que estão sendo tratados e coleta inúmeras denúncias cuja investigação se mostra urgente. A igreja onde os moradores se refugiaram foi alvo de bombas e tiros – apesar das negativas do padre local que, posteriormente, expulsou [7] os moradores do local – e nas proximidades um homem foi alegadamente assassinado pelas tropas ocupantes do Pinheirinho. No vídeo, repetem-se as denúncias de corpos “sumidos” do IML.
O usuário do Youtube stresser [8] gravou um vídeo em que mostra o início da greve de fome de Leão e seu discurso explicando as razões para a greve.
E aqui a segunda parte [9], com uma entrevista com Leão.
O Coletivo de Comunicadores Populares [10], da cidade de Campinas, gravou e editou o vídeo “O Massacre de Pinheirinho: A verdade não mora ao lado [11]” (até o momento com legendas em inglês, espanhol e francês), visto por mais de 190 mil pessoas, no qual reproduz entrevistas feitas com moradores desalojados do Pinheirinho que denunciam a violência cometida pela PM (Polícia Militar) no primeiro dia da desocupação, 22 de janeiro de 2011, como o uso de spray de pimenta contra mulheres grávidas e crianças, intimidação, ameaças, bombas de gás e de efeito moral contra a população que foi expulsa de suas casas sem direito a pegar sequer documentos e mesmo na área organizada pela prefeitura para cadastramento das famílias expulsas.
O vídeo ainda mostrou a situação da população refugiada em uma igreja das proximidades e em albergues, se sentindo humilhados. Por fim, o Coletivo resume a situação política e legal por detrás de toda a operação, acusando o governo e a justiça paulista de estar submetido aos interesses do especulador Naji Nahas, contra os interesses populares.
O Coletivo, ainda, entrevistou famílias no dia anterior à desocupação violenta, sábado 21 de janeiro “logo depois da tentativa de reintegração de posse frustrada por uma liminar de âmbito federal que obrigou a polícia a parar com a operação”. O vídeo, chamado de “Onde estarão os Nobres? Uma família de Pinheirinho 1 dia antes do Massacre [12]” é o relato de pessoas simples sobre sua situação e o medo que sentiam de perder tudo.
O grupo Los solidários [13], cujo nome é uma homenagem a um grupo anarquista [14] que atuava em Barcelona nos anos 20, coletou imagens da violenta desocupação intercaladas por declarações do Capitão Antero, responsável pela comunicação da PM, a fim de mostrar as discrepâncias entre ação e discurso oficial no vídeo chamado “O Pinheirinho é do povo! — crônicas do terrorismo do Estado [15]“.
O grupo entrevistou ainda moradores expulsos de suas casas que denunciaram a existência de mortos, cujos corpos estriam sendo escondidos pelas autoridades. O grupo ainda procurou em hospitais informações sobre feridos e mortos e não tiveram acesso, além de terem realizado entrevistas durante a noite após a desocupação com moradores visivelmente assustados e temerosos de seus futuros.
O ativista Hiure Anderon gravou dois vídeos, postados em seu canal do Youtube [16], com depoimentos [17] de mães desalojadas do Pinheirinho, muitas grávidas ou com filhos pequenos, em situação absolutamente precária.
O rapper Davi Perez gravou uma música [18] em homenagem às vítimas do “Massacre do Pinheirinho”, reproduzida pelo blog em solidariedade à população desalojada. O blogueiro Hugo Albuquerque compilou uma lista [19], em inglês e português, sobre as dez mentiras mais comuns contadas sobre o Pinheirinho.