Na semana passada, leitores do jornal Moçambicano @Verdade reagiram à história trágica – e demasiado habitual – de um homem cuja morte desnecessária foi contada pelo repórter Victor Bulande (@VictorBulande). Ele ouviu falar no caso no seu caminho para o trabalho na passada Segunda-feira de manhã, dia 21 de Novembro, em Maputo, e parou no bairro de Alto Maé a partir do qual twitou em directo os seus relatos:
#policia leva mais de 24 horas para socorrer um indivíduo que perdeu sentidos na via publica. Isso deu-se a menos de 200m de duas esquadras.
Cidadãos participaram o caso a policia varias vezes e esta dizia que estava a caminho, desde ontem. @verdademz
“Passaram por aqui vários carros da policia mas não paravam, e nos não podíamos mexer nele. Tivemos medo”, dizem testemunhas. @verdademz
O indivíduo acaba de perder a vida. Nem deu tempo de ser observado pela equipa médica. Foi levado a Morgue do HCM. @verdademz
Bulande publicou um artigo sobre o incidente no qual explica que o falecido não trazia consigo identificação alguma e que ninguém do mercado ou das redondezas o conhecia.
Supôs-se que o “João Ninguém”, um homem com cerca de 40 anos de idade, tinha estado a beber bebidas alcóolicas fortes, chamadas “secas”, que são basicamente doses não regulamentadas vendidas em pequenos frascos ou em bolsas de plástico.
A Polícia, quando entrevistada, disse que não foi dada resposta ao caso porque “não trabalham aos fins de semana” e tinham um exercício de treino obrigatório marcado para as primeiras horas da manhã daquela Segunda-feira.
Como Bulande twitou originalmente:
A policia so começou a movimentar-se quando viu a nossa equipa de reportagem. Foram pedir ajuda a um “chapa 100″.
Um leitor indignado chamado Neuson deixou um comentário no website do jornal:
Lamento bastante mas o nosso pais esta podre,tanto de corruptos bem como de pessoas sem coracao.Qual foi a sansacao aplicada aos policias que tiveram conhecimento do caso e nada fizeram?Um final de semana de descanso enquanto ca fora as pessoas vao morrendo.E lamentavel.
A história comoveu os leitores e foi partilhada no Facebook 27 vezes, mais do que a maioria das notícias locais deste género. Alguns comentaram no mural do jornal no Facebook.
O leitor Abudo Domingos escreveu em tom acusatório:
epa k notic ma sera k a polic nao pdia ajudar da 7 xquard afinal elex servc pra k? Sou pra roubar sou

Dois pacotes vazios de "Power's No1", aguardente de cana pura. Foto de John Duffel no Flickr (CC BY-NC-SA 2.0)
Outro leitor perguntou porque é que a polícia não faz mais para controlar a venda de “bebidas secas”.
Um leitor perguntou porque é que a ambulância não fora chamada e qual a responsabilidade da polícia. Outros questionavam as consequências que um Bom Samaritano teria de enfrentar se por alguma razão a polícia ou outros decidissem culpá-lo pela morte do homem.
“Somos Todos Cúmplices”
No Facebook, o leitor Antonio Jamisse escreveu:
SOMOS TODOS CÚMPLICES! Só terá algo connosco quando formos nós!
Jamisse estava a reagir ao intenso editorial do jornal sobre o caso, intitulado Somos todos cúmplices, que provocou muitas respostas online. @Bedylicious citou o editorial no seu Twitter:
Vivemos demasiadamente concentrados nas nossas “vidinhas”, nas nossas “guerrinhas” e no nosso desejo de ascensão social que ignoramos que nada somos nada sem os outros
Ridwan Nabi respondeu no Facebook, referindo-se ao caso vergonhoso de um atropelo e fuga na China:
Li uma historia parecida a algum tempo atras sobre uma situacao parecida na China, uma crianca foi atropelada e deixada na rua, com gente a passar sem fazer nada.
Gledson Simão Jacinto Guambe também comentou no Facebook:
Infelizmente essa atitude reflecte o nosso respeito pela vida humana, é fácil culpar a policia, mas ela não é mais que o nosso próprio espelho… a nossa sociedade está doente…