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Filipinas: Homenagens ao Missionário Italiano Assassinado

Categorias: Leste da Ásia, Filipinas, Direitos Humanos, Guerra & Conflito, Indígenas, Mídia Cidadã, Política, Protesto

[Todos os links levam para páginas em inglês]

Padre Fausto Tentorio era um missionário italiano que servia as comunidades indígenas na região interiorana da Ilha de Mindanao, no sul das Filipinas. Seu assassinato a sangue frio, como foi alegado pelas forças do Estado, criou uma indignação generalizada e também homenagens para o amado missionário.

Um único atirador acertou Padre Fausto, carinhosamente chamado de “Father Pops” pelos que os conheciam, em plena luz do dia na garagem da igreja paroquial e convento “Our Mother of Perpetual Help”, no Vale de Arakan, ao norte de Cotabato, em 17 de outubro de 2011.

O Padre Fausto era o chefe da paróquia mencionada assim como membro do Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras (PIME). Ele é a 54ª vítima da execução extrajudicial durante o regime Noynoy Aquino.

[1]

Diferentes sectores sociais condenaram o assassinato. Homenagens de diferentes grupos de igrejas são coletados no website justiceforfatherpops.com website [2]. O Grupo de Discernimento do Clero de Visayas descreve o Padre Fausto [3]:

As a rural missionary and as an anti-mining advocate, he helped and worked with the indigenous peoples in opposing the operation of large-scale plantations and mining which would harm them. As a human rights advocate, he joined in calling for justice for slain human rights workers and farmers in Central Mindanao in 2002.

Como missionário rural e como defensor da anti-mineração, ele ajudou e trabalhou com povos indígenas em oposição a operação de plantações em grande escala e mineração que lhes causaria dano. Como um defensor dos direitos humanos, ele juntou-se pedindo pela justiça dos direitos humanos dos trabalhadores assassinados e fazendeiros na região central de Mindanao em 2002.

A oposição do Padre Fausto a mineração e o apoio as organizações de povos indígenas já foram citados pelos seus colegas como o motivo de seu assassinato [4]:

The strong and visible presence of the 57th Infantry Battalion in Arakan was not able to prevent the threat on Fr. Fausto’s life and security. It has unmasked the hypocrisy of the Aquino soldiers’ claim as human rights defenders. Fr. Fausto’s assassin killed him in broad daylight in his parish grounds without fear.

A forte e visível presença do 57º Batalhão de Infantaria em Arakan não conseguiu prevenir a ameaça e a segurança da vida do Padre Fausto. Isso desmacarou a hipocrisia dos soldados de Aquino que alegam ser defensores dos direitos humanos.

Padre Peter Geremia do PIME relembra o dia da morte do Padre Fausto [5]:

October 17 as I was travelling from Columbio to Kidapawan a close friend called “Fr. Pops was shot!” I thought he was still alive but soon a nurse from the hospital texted” Fr.Pops is already dead, DOA, dead on arrival.” I rushed to the funeraria in Arakan and saw his body…

At the spot where he was shot, I saw the blood under the car. He was about to enter the car and he was holding his cellphone when suddenly he met the executioner. Many shots, but soundless, nobody heard the shots. The executioner invisible, even though many people were nearby. He disappeared on a motorcycle…

Em 17 de outubro, enquanto eu estava viajando de Columbio para Kidapawan, um amigo próximo ligou “Padre Fausto foi ferido!” Eu pensei que ele ainda estava vivo, mas logo a enfermeira do hospital mandou um torpedo “Padre Fausto já está morto, DOA, morto à chegada.” Fui depressa à funerária de Arakan e vi o corpo dele…

No local onde ele foi ferido, eu vi o sangue debaixo do carro. Ele estava quase entrando no carro e estava segurando seu celular quando de repente ele se deparou com o executor. Muitos tiros, mas sem som, ninguém escutou os tiros. O executor invisível, mesmo com tantas pessoas por perto. Ele desapareceu em um motocicleta…

O Padre Fausto mesmo escreveu sobre sua escapatória da morte, por pouco, em 2003 das mãos do exército Filipino de paramilitares patrocinados pelo Comando Bagani. Seu relato pode ser lido online no blog do PIME das Filipinas [6]:

“Will you kill him?” One of the Bagani replied “No, we will just arrest him and bring him to our superior!” Worried of the possible consequences, the people denied to them that I was there. They told me and my companions to stay quiet in the house and hide there because the Bagani were looking for me. We decided to listen to their advice because to try to run would have been too dangerous. We did not know how many of them were there, and where they were hiding.

“Você o mataria?” Um dos Bagani respondeu “Não, nós vamos somente prendé-lo e levá-lo para o nosso superior!” Preocupado com as possíveis consequências, as pessoas negaram para eles que eu estava lá. Eles me disseram e disseram aos meus companheiros para ficar calado na casa e esconder porque o Bagani estava me procurando. Nós decidimos escutar os conselhos deles porque tentar correr teria sido muito perigoso. Nós não sabiámos quantos deles estavam lá, e aonde eles estavam escondendo.

O Exército Filipino nega o conhecimento da existência do grupo paramilitar Bagani e ao invés disso acusa o Novo Exército Popular liderado por comunistas de planejarem o assassinato devido a alegação de traição do Padre Tentorio ao movimento rebelde.

O assassinato a sangue frio do Padre fausto tem suscitado comparações com o assassinato de outro missionário italiano [7], Padre Tullio Favali 26 anos atrás. Padre Fausto é o terceiro missionário italiano do PIME morto em Mindanao.

In 1985 when the Marcos dictatorship was at its most desperate at clinging to power, an anticommunist paramilitary group called Tadtad led by Norberto Manero killed the Italian priest Fr. Tullio Favali, PIME, on April 15, 1985.

Em 1985 quando a ditadura de Marcos estava em sua mais desesperada fase pela conservação do poder, um grupo paramilitar anticomunista chamado de Tadtad dirigido por Norberto Manero matou o padre italiano Tullio Favali, PIME, em abril de 1985.

Em 24 de outubro, mais de 15.000 pessoas em luto vieram a cidade de Kidapawan em Mindanao para prestar uma última homenagem a Padre Fausto. [8].Fotos da marcha fúnebre, da missa e do enterro, no qual foi transformado em um grande protesto foram disponibilizadas online no Arkibong Bayan [9].

Os seguintes vídeos de tributo ao Padre Fausto mostram a admiração e o amor das massas da região interiorana de Mindanao as quais ele serviu, as massas as quais os pensamentos e vozes podem raramente encontrar o caminho de websites de redes sociais como Twitter e Facebook: