As decisões polêmicas e unilaterais tomadas pelo atual governo panamenho trouxeram o medo de instabilidade política e, para alguns, uma sensação cruel de déjà vu do que foi vivido durante a ditadura no Panamá.
Em seguida à ruptura da aliança [es] dos partidos no poder, o governo insistiu em mudar algumas leis eleitorais; por exemplo, instaurar o segundo turno das eleições de modo que o vencedor só deva assumir o posto com 50% mais um. O CD (partido governista) insistiu que o segundo turno fortalece a democracia, enquanto a oposição, incluindo o tribunal eleitoral panamenho, assinalaram que uma mudança dessa natureza só pode ser feita de forma constitucional (ou seja, por um referendo ou pela aprovação da lei em dois governos seguidos).
A sociedade civil parece ter começado a se levantar e no último sábado, 4 de setembro, e segunda-feira, 5 de setembro, centenas de panamenhos concordaram em fazer soar a buzina dos carros e bater em panelas com colheres. Esse método também foi adotado na década de 1980 para protestar contra a ditadura de Manuel Noriega.

Presidente do Panamá, Ricardo Martinelli. Foto da Presidência da República do Equador no Flickr (CC BY-NC-SA 2.0)
O blogueiro Chris Faw, em seu blog Chris Faw [es] nos relembra daquele tempo:
Para poner un poco en contexto las cosas: el año era 1989. El país, Panamá. Tras más de 2 décadas de dictadura militar, los sucesos estaban colmando a una población civil que no estaba en condiciones de levantarse en armas ante un régimen con más poder que tamaño (aunque esto tambien aplica para describir a quien lo encabezaba.) Su única opción era una insurrección civil organizada, pacífica y desarmada. La premisa era vestirse de blanco, con pitos y pailas en mano, y salir a la calle a protestar contra un gobierno opresor que no dudaba en utilizar la fuerza para contener a la multitud que clamaba su salida.
Isso foi há 21 anos, voltando à atualidade, La Prensa [es] informa:
El choque de cucharas contra las pailas hizo retumbar anoche áreas de la capital como las del Cangrejo, Vía Argentina y San Francisco durante 30 minutos. La medida se pretende repetir próximamente.
Alguns políticos promoveram a ideia de se fazer barulho das sacadas com utensílios de cozinha, como forma de lembrar ao presidente Ricardo Martinelli que, no Panamá, o povo não vive uma ditadura, mas, ao contrário, uma democracia. Miguel Antonio Bernal (@MiguelABernalV) escreveu no Twitter:
Panameño prepara paila para protesta por prepotencia presidencial pita para pailear pailea para pitar panama puede prevenir peores pasos
Milton Henriquez (@miltonhenriquez), um dos principais opositores do governo, se mostrou satisfeito com a maneira que os panamenhos mostraram descontentamento com o governo atual:
¡Exito rotundo el paileo democràtico! Sonaron como las campanas de la libertad. “Paila Pueblo, Paila…”
José Blandon (@BlandonJose), um membro do partido do Panamá que acaba de sair do governo com a ruptura, relembrou que esse mesmo método foi usado para lutar contra a ditadura militar:
En la heroica Via Argentina, todavia esta la tocadera de paila. Ya luchamos una vez en dictadura y ahora d nvo x no perder la democracia.
Ricardo Zanetti (@ricardozanetti) mostra seu desacordo com o discurso do presidente que disse tomar decisões baseado no que a maioria quer:
En un país de 3 millones, 400 mil no son la mayoría. A las 8PM toca pito y paila! #PanamaUnidaEnDemocracia
A hashtag #tweetpaila (#tweetpanela) também foi criada, onde pessoas convidavam umas às outras para bater panela ou o que for contanto que fizesse barulho e chegasse aos ouvidos do mandatário.
O usuário do Twitter que chama a si próprio de “Agente da mudança” (@despierta507) contribuiu com o seguinte:
#tweetpaila la sociedad no solo esta peleando contra las mentiras d @rmartinelli sino contra las mentiras d sus obsecuentes
Outros, como Karla Acedo (@karla_acedo), protestaram escrevendo no Twitter o som onomatopeico das panelas:
#tweetpaila clin clin clin clin clin clin clin clin clin clin
Ricardo Martinelli (@rmartinelli), de sua parte, anunciou no Twitter que pediria que a proposta do segundo turno fosse um referendo:
Quienes se oponen a la 2 vuelta ponen sus intereses personales y del partido sobre la voluntad popular. Que el pueblo decida rn referendun
As declarações do presidente imediatamente contaram com a aprovações de alguns panamenhos que viram no referendo a melhor solução. Por exemplo, Fary Levy (@Fary71) concluiu que isso era uma mostra do quão democrático é o atual governo:
@rmartinelli: para lo q dicen q no tenemos un presidente DEMOCRATICO! Aqui esta! Ahora a ver inventan ☺ va x referendum la 2da vuelta
Ana Maria Miranda (@Annie2813) destacou que era mais uma mostra de que esse governo sempre coloca o povo primeiro:
@rmartinelli: Excelente el Pueblo Primero! Como siempre ha sido el interés de este Gobierno.
O método de bater em panelas parece ir ganhando força e, por enquanto, os manifestantes decidiram fazer isso todas as noites, às oito. Quem sabe o barulho chega nos ouvidos do presidente.