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Camboja: Artigo em Blog Leva à Investigação de Assassinato

Categorias: Leste da Ásia, Camboja, Malásia, Direitos Humanos, Mídia Cidadã

Uma investigação sobre a morte de uma empregada doméstica cambojana na Malásia foi iniciada pela Embaixada do Camboja na Malásia, em cooperação com a polícia, segundo um artigo do Phnom Penh Post [1] [en].

A tia da empregada doméstica foi informada pela empresa de recrutamento de trabalhadores, APTSE & C Cambodia Resource Co, que sua sobrinha de 19 anos havia morrido de pneumonia. No entanto, o exame médico realizado antes da partida do Camboja, em setembro do ano passado, mostrou que sua saúde estava perfeitamente boa.

Alega-se agora que ela poderia ter sido assassinada após ser exposta por um site agregador de notícias, o Khmerization, que publicou e circulou um e-mail anônimo que relatava que uma empregada doméstica na Malásia estava sendo abusada por seu empregador.

O caso despertou o interesse de políticos [2] [en] e grupos de direitos humanos, que solicitaram uma investigação adequada. O remetente anônimo da carta escreveu ao Khmerization [3] [en]:

We came across a blog on your website (khmerization.blogspot.com) regarding “Malaysia Embassy saved Cambodian maid alerted by Khmerization's article”, posted on 23 March 2011. We would like to bring your attention to a recent death of a Cambodia maid which we suspected the actual cause of death is due to the constant physical and mental tortures by her employer.

According to the local neighbourhood, they do constantly witness the deceased being beaten up and abused and had many times sought help from other maids in the neighbourhood. A day before her death, she passed down a message saying that if she really pass away without any valid reason, please inform her uncle back in Cambodia.

Encontramos um post em seu site (khmerization.blogspot.com) que dizia “Embaixada da Malásia salvou empregada cambojana graças a um alerta feito por um artigo do Khmerization”, postado em 23 de março de 2011. Gostaríamos de chamar sua atenção para a morte recente de uma empregada doméstica cambojana, cuja causa real suspeitamos que se deva às constantes torturas físicas e mentais feitas por seu empregador.

De acordo com a vizinhança local, eles frequentemente testemunharam a falecida sendo espancada e abusada, e muitas vezes ela havia procurado ajuda de outras empregadas da vizinhança. Um dia antes de sua morte, ela enviou uma mensagem dizendo que se realmente morresse sem nenhum motivo válido, por favor comunicassem ao seu tio no Camboja.

[4]

Mu Sochua, membro do parlamento, promete investigar a morte da trabalhadora doméstica adolescente

Note-se que uma vez o Khmerization conseguiu convencer as autoridades a investigar e ajudar uma outra empregada cambojana que teria sido abusada por seu empregador na Malásia. Além de publicar um artigo [3] [en] sobre o abuso, o Khmerization circulou um e-mail encorajando seus leitores a enviar uma carta a funcionários da embaixada na Malásia.

 
De acordo com o relatório de 2011 [5] [en], preparado em conjunto pela CARAM Ásia, CARAM Camboja e Tenaganita, intitulado “Verificação da Realidade: Direitos e Legislação para Trabalhadores Domésticos Migrantes na Ásia”, o número de trabalhadores domésticos cambojanos na Malásia ultrapassa os 40.000, dos quais as mulheres representam 51,7%. O relatório destacou algumas violações comuns vivenciadas pelos trabalhadores domésticos:

  • Working conditions differ from the contract signed between migrant domestic workers and their agents in Cambodia including lower wages and debt bondage not known to worker prior to departure.
  • Detention at recruitment agencies’ training center
  • Underage girls sent to work with falsified documentations
  • No payment of wages
  • Irregular payment (migrant domestic workers are only paid at the end of their contract)
  • Long working hours
  • On call 24 hours a day
  • Excessive duties and tasks
  • No days off
  • No privacy
  • Verbal abuse
  • Sexual abuse
  • Physical abuse
  • Confiscation of personal documents
• Condições de trabalho que diferem do contrato assinado entre os trabalhadores domésticos imigrantes e os seus agentes no Camboja, incluindo salários mais baixos e servidão por dívida, não conhecidos pelo trabalhador antes da partida
• Detenção nos centros de treinamento das agências de recrutamento
• Garotas menores de idade enviadas para trabalhar com documentos falsificados
• Falta de pagamento dos salários
• Pagamento irregular (os trabalhadores domésticos só são pagos ao final do contrato)
• Longas horas de trabalho
• Disponibilidade 24 horas por dia
• Excesso de obrigações e tarefas
• Folgas inexistentes
• Falta de privacidade
• Abuso verbal
• Abuso sexual
• Abuso físico
• Confisco de documentos pessoais