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Peru: Paz Restaurada Após Acordos em Puno

Categorias: América Latina, Peru, Direitos Humanos, Etnia e Raça, Governança, Indígenas, Meio Ambiente, Mídia Cidadã, Mídia e Jornalismo, Política, Primeira Mão, Protesto

Por meio da aplicação de recentes estatutos, pouco a pouco a paz está sendo restaurada na região de Puno, situada ao sul dos Andes peruanos. Isso depois do recente conflito e da agitação social [1] [en] (ambos relacionados à mineração [2] [es]), que resultaram na morte de seis pessoas, mais de 30 feridos e milhões de dólares em prejuízos materiais: somente o aeroporto de Juliaca, por exemplo, sofreu cerca de 2 milhões de dólares em danos [3] [es].

Os Quéchua (povo residente de Azángaro, norte de Puno) deixaram Juliaca na noite de sábado, e os Aimará, que ocupam o sul da região, retiraram os bloqueios das ruas no domingo.

Road between Puno and Cusco blocked by Aymara in days past. Photo by Juanma Merino, Flickr user, nXpected (CC BY-NC-SA 2.0). [4]

Estrada entre Puno e Cusco bloqueada pelos Aimará dias atrás. Foto feita por Juanma Merino, usuária nXpected do Flickr (CC BY-NC-SA 2.0).

Estas comunidades nativas da região mineira do rio Ramis deram uma trégua temporária para o governo do presidente eleito Ollanta Humala, que trouxe à tona questões relativas às concessões de mineração, que estão em processo de revisão [5] [es] na zona sul de Puno. Entretanto, Humala declarou que isso era uma “responsabilidade constitucional do atual governo” [6] [es] para resolver o problema até o dia 28 de julho, quando termina o mandato.

Um dos estatutos impostos declara que é um interesse nacional [7] [es] a recuperação ambiental da bacia hidrográfica do Ramis e Suche [8][es], uma medida muito esperada pelos camponeses que moram na área; o restante está associado à regulação da atividade de mineração [9] [es] na região de Puno. Porém, o mais louvável deles para a comunidade Aimará é a revogação do Decreto Supremo 083-2007-EM, que coloca um fim ao projeto Santa Ana [10] [es] da Companhia de Mineração Bear Creek.

Nas redes sociais, variadas são as reações e comentários sobre o assunto.

Algumas estão fortemente de acordo com a reivindicação do povo de Puno, como Ricardo Calmet (@ricardocalmet [11]):

@jotabruce [12]@chaskicholo [13] Hay mucho que aprender de los pueblos originarios. Mirándolo bien Aymaras nos dan profunda lección: cuidar la tierra

@jotabruce [14]@chaskicholo [15] Há muito a aprender com os habitantes nativos. Se você de fato observá-los, os Aimará estão nos ensinando uma lição valiosa: cuidar da terra.

Jimena Espinoza (@jespiba) [16] apoia o protesto do povo de Puno:

Deberiamos movilizarnos como muestra de apoyo a nuestros hermanos puneños que son ignorados por el gordo infeliz [el presidente Alan García] bit.ly/kBRp94 [17]

Deveríamos nos mobilizar para demonstrar apoio aos nossos irmãos de Puno, que são ignorados pelo gordo infeliz do presidente [Alan García] bit.ly/kBRp94 [18]

Outros sustentam que o próprio povo de Puno está se boicotando, como Alian Molina (@aliomp [19]):

Figueroa: “Los aimaras y quechuas no desean que haya desarrollo en su región”

Figueroa: “Os Aimará e os Quéchua não querem desenvolvimento na sua região”

Nesta mesma linha está o tweet de Ricardo Marapi (@ricardomarapi [20]), que coloca a ênfase sobre o conflito no próprio povo de Puno:

En Puno “habría celos vecinales, por la desigualdad entre los poblados en el reparto de los beneficios” http://is.gd/2R7M4x [21]

Em Puno, “há ciúmes entre os vizinhos, por causa da desigualdade entre os residentes com relação à distribuição de benefícios” http://is.gd/2R7M4xhttp://is.gd/2R7M4x [22]

Outros duvidam da sinceridade ou da legitimidade das reivindicações, como Shevyga (@Shevyga [23]):

Si la gente Aimara pelea x la mineria “formal”, la gente de Azangaro pelea x la mineria informal, pero…

Se o povo Aimará luta contra a mineração “formal”, o povo de Azangaro luta contra a mineração informal, mas …

Alguns usuários questionam a gestão do governo central sobre as questões ambientais, como Luis Torres Montero ( [24]):

Defensoría del Pueblo tiene 87 meses de informes de conflictos sociales (incluido el de Río Ramis) y Alan García ‘naca la pirinaca’ [no hace caso].

A Defensoria Pública tem 87 meses de relatórios sobre o conflito social (incluindo aqueles sobre o rio Ramis), e Alan Garcia não dá a mínima para isso.

Outros acusam o governo de discriminação e negligência, como Internautilius ( [25]):

Ahora entiendo porque dicen Peru no tiene instituciones: la Fiscalia de Puno no investiga la muerte de los punenos! Los muertos son pobres!!

Agora eu entendo porque dizem que o Peru não tem instituições: os órgãos competentes em Puno não estão investigando a morte de seu povo. Pobres daqueles que morreram.

Outros usuários do Twitter acusam a imprensa de não cobrir o conflito na região de forma adequada, como Matteo (@Matteo [26]):

RM Palacios [Rosa María Palacios, periodista peruana] vuela en prejuicios y acusa de racistas a los quechuas y aimaras de Puno goo.gl/TRl5o [27]

RM Palacios [Rosa María Palacios, a Peruvian journalist] revels in prejudice and accuses the Quechua and the Aymara of Puno of being racist goo.gl/TRl50 [28]
RM Palacios [Rosa María Palacios, uma jornalista peruano] se mostra preconceituosa e acusa de racistas os Quéchua e Aimará de Puno goo.gl/TRl50 [28]

Com relação à mudança de governo, que vai acontecer no dia 28 de julho, analistas, como Paula Vilca, destacam algumas das tarefas deixadas incompletas [29] [es] na região para o governo de Ollanta Humala, cujo foco é alcançar soluções permanentes na região. Entre elas, estão: fazer cumprir a Lei de Consultoria Prévia, eliminar a mineração informal na zona de conflito, (o que significa legitimá-la), implementar um plano de reestruturação territorial e recuperar o ambiente natural da bacia do rio Ramis, que afeta o Lago Titicaca.