Este artigo é parte de nossa cobertura especial da Revolução no Egito em 2011.
Para ajudar o Egito a superar a falta de dinheiro advinda do estouro da Revolução de 25 de Janeiro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) concordou, no domingo, em conceder um pacote de empréstimos no total de 3 bilhões de dólares ao país mais populoso do Mundo Árabe.
O acordo supostamente ajudará o Egito a financiar o déficit na balança de pagamentos, que, no início da revolução que depôs o presidente Hosni Mubarak, em fevereiro, estava entre 10 e 12 bilhões de dólares.
Mas, enquanto o governo egípcio e o Ministro das Finanças Samir Radwan anunciaram o acordo como um passo para “relançar a economia egípcia”, os egípcios estão bastante céticos, com tal acordo recebendo diversas respostas negativas de internautas e ativistas.
No Facebook, um grupo chamado “No IMF Deal for Egypt” [ar] (ou “Nada de Acordo como o FMI para o Egito”) foi criado e já conta com cerca de 300 membros, que visam a discutir o acordo e a prover outras alternativas para economizar e para reduzir o déficit no orçamento.
A usuária Noha El Shoky [en], por exemplo, argumenta que:
reducing the salaries of ministerial consultants could save more than 70 bln [billion] dollars
Outro usuário, Reda Eissa [ar], afirma que:
it’s possible to save 36 bln dollars immediately if the private funds were added to the general budget balance
No Twitter, a blogueira e ativista Gigi Ibrahim (@Gsquare86) demonstrou veementemente sua recusa ao acordo:
@Gsquare86 [en]: WE MUST REJECT THAT LOAN!!!! we are in a revolution, NO #SCAF NO GOV can make these decisions without the people's consent !!! #IMF [en] #Egypt [en]
O usuário Amr El Gohary (@amr_gohary [en]) questiona a validade de um “governo transitório” aprovar um acordo:
@amr_gohary [en]: How come an interim unelected government is taking such strategic decisions as the IMF loan decision? #Egypt
O acordo vem após o FMI congratular o saldo negativo do orçamento de 2011/2012 do Egito, que elevou os gastos do governo em 25%. O governo interino do país alega que o orçamento ajudará a trazer mais igualdade social e remediará algumas das injustiças econômicas que eram, de acordo com uma pesquisa da Gallup publicada no domingo [en], um dos principais motivos que levaram à revolução anti-regime em janeiro.
A discussão gira em torno da elevação do salário mínimo nacional das antigas 34 libras egípcias (equivalentes a 3,5 libras esterlinas) por mês para 700 libras egípcias, além da criação de um fundo de 2 bilhões de libras egípcias destinado a pagar seguros-desemprego. O FMI disse que a operação ajudará colocar a economia egípcia no “rumo certo”, apesar da oposição do empresariado, que vê tais gastos como contrários às políticas neo-liberais que os ajudaram a prosperar durante o governo de Mubarak.
Uma coisa é certa: tanto egípcios quanto seu governo estão de olho no andamento da economia atualmente. Mas enquanto os governantes egípcios tentam”ressuscitar” os setores mais convalescentes, paira um medo no ar de que essa ajuda possa vir às custas da independência egípcia pós-revolução.
Este artigo é parte de nossa cobertura especial da Revolução no Egito em 2011.