Dentro do espírito de protestos que tem varrido o Norte de África e Médio Oriente, ao que parece o povo de Angola encontrou alguma inspiração. Depois da revolta do povo Tunisino, que decidiu juntar-se em massa para derrubar o agora ex-presidente ditador Ben Ali, à qual se seguiu o fim da ditadura de Mubarak no Egipto, e, mais recentemente, os actuais conflitos na Líbia, os Angolanos decidiram convocar a sua própria revolução.
Conforme o Global Voices reportou, os protestos estão a ser organizados por “Agostinho Jonas Roberto dos Santos” – pseudónimo que junta os nomes de personagens da história contemporânea de Angola: Agostinho Neto, Jonas Savimbi, Holden Roberto e o próprio Presidente José Eduardo dos Santos.
De acordo com o e-mail que anda a circular pela internet e que pode ser lido no site oficial da “Nova Revolução do Povo Angolano”, a data está marcada para o dia sete do corrente mês, na conhecida Praça da Independência em Luanda.
Na petição lançada, entre outros, é criticada “a pobreza extrema que se vive em Angola, a cultura de medo e intimidação, a miséria, a autocracia”. O objectivo é que a força popular ponha fim à governação de 32 anos de Eduardo dos Santos.
No blogue Página Um pode-se ler um apelo directo à manifestação:
Vamos marchar com cartazes exigindo a saída do Ze Du [nota da autora: diminutivo de José Eduardo dos Santos], não mais ditadura do MPLA. Liberdade e Progresso. Abaixo o regime do MPLA.
O MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), é o partido que governa o país desde a independência, há mais de trinta anos. O actual Presidente, sucessor de Agostinho Neto, um dos símbolos da luta pela independência, está no poder desde 1979.
Numa entrevista à Terra Magazine o líder anónimo apresenta os motivos para o apelo aos protestos:
Estamos cansados desta ditadura de quase 32 anos e queremos ser liderados por vários líderes em cada 5 ou 10 anos, o que acreditamos será uma verdadeira democracia, visto que o país será dirigido por diferentes pessoas com visões diferentes para o bem do povo angolano.
Novas formas de mobilização
A mobilização para a revolução muito se faz de “boca a boca”, e de debates nos bairros, cidades em todo o país, afirmouo organizador “Agostinho Jonas Roberto dos Santos”, ainda na entrevista a Terra Magazine.
No entanto, as novas tecnologias de informação e comunicação também têm tido o seu papel. O autor do blogue Morro da Maianga comenta sobre as dificuldades de utilização dos serviços de SMS nos últimos dias e pergunta se a iniciativa terá surgido de alguém que pretendia somente “testar como é que em Angola o sistema virtual da mobilização funciona”:
Se de facto foi esta a sua intenção, a “operação 7 de Março” foi coroada de total êxito, pois a informação disseminou-se mesmo, ao ponto de se ter transformado num extraordinário facto político nacional, a provocar até reacções enérgicas de condenação da parte dos altos comandos das FAA [Forças Armadas de Angola].
De facto já há muito tempo que não via o MPLA “tãm nervioso”…
Orlando Castro, no seu blogue Alto Hama, espera muita adesão dos Angolanos na diáspora e prevê ainda:
Apesar da garantia de que as manifestações serão pacíficas, democráticas e legítimas, inspiradas no Movimento de «Não-Violência» e a favor de paz e estabilidade em Angola, é bem possível (já há, aliás, indícios nesse sentido) que o regime do MPLA procure impedir a sua realização.
Reacções em suspenso
De facto, espera-se que o governo reprima a manifestação, caso venha a acontecer, através do uso da violência.
Os alertas já foram dados pela voz do presidente do Grupo Parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, que afirmou que
num Estado Democrático não devem ser tolerados comportamentos individuais ou colectivos, praticados por quem quer que seja, que atentam contra a ordem constitucional e ponham em risco a estabilidade do mandato e do funcionamento dos órgãos legitimados para exercer os poderes Legislativo, Judicial e Executivo.
Dino Matross, dirigente do MPLA foi ainda mais longe e sem papas na língua afirmou à emissora Luanda Antena Comercial que quem tiver a coragem de se manifestar, “vai apanhar”.
As palavras deste dirigente não são no entanto suficientes para desmotivar o desejo de mudança dos Angolanos. O Diário da Liberdade, traz a declaração de um jovem Angolano que afirma não recear a máquina trituradora do Estado.
Um jovem angolano disse, e com razão, que o povo de Angola já não é aquele povo de 20 anos atrás. Atualmente conhecemos a besta que vamos derrubar e não somos intimidados pelas ameaças mesquinhas do corrupto Dino Matross (secretário-geral do MPLA).
Em resposta ao anúncio da revolta, o Comité de Especialidade do MPLA para a Mudança convocou uma contra-manifestação para hoje, dia 5 de Março, em Luanda, com o objectivo de impedir manifestações contrárias ao Governo.
Carlos Alberto Jr. republica o email em circulação com tal convocatória no blog Diário de África, e conclui:
Com uma população miserável e uma juventude cada vez mais insatisfeita, as autoridades precisarão de muita habilidade para manter o país nos trilhos.
6 comentários
Por uma questao de Respeito, pela populaçao Angolana, e um acto de coragem ( a Coragem e a honestidade é que fazem os grandes homens) Carissimos gostariamos todos os Angolanos que em fim viesses a publico assumir á autoria da manifestaçao!
Nao se pode confiar muito menos acreditar num homem que nao conhecemos. é preciso dar a cara e convecer a populaçao.
Esperamos tambem que tal manifestaçao nao tenha orientaçoes externas, esperamos q seja puro simplesmente vontade do povo, nao queremos voltar a vender este pais!
Quem derrubar o MPLA, Entrara para sempre na historia contemporanea! portanto amigo, irmao, faça-o abertamente e mostre os seus verdadeiros valores e objectivos!
Como mostrar a cara se sofremos repressão ,temos. Que nos juntar todos contra a repressão temos famílias temos filhos somos filhos ,muitos já morrreram .Queremos liberdade queremos escolher nossos governantes . Á pessoas que vivem na mesma condição que viviam quando avia guerra sem água sem luz sem médicos sem nada . Em quanto jovens filhos desses políticos de meia tigela gastao numa noite o que essas pessoas pobres não gastao num ano . Você não vê essa injustiça ou não quer ver . Quando fazem um hospital é um alarido tocam as trombetas ,eles com o dinheiro que entra no pais por dia com os nossos recursos naturais eram para fazer isso sempre dar assistência ao povo . Mas não dão assistência á unitel e outras empresas da filha do presidente .e esses generais corruptos ladroes que só seus filhos é que podem ter acesso a uma educação com qualidade no exterior. Será difícil um pobre ocupar uma posição de destaque .Os governadores são escolhidos pelo presidente os demais também queremos nos escolher o povo .Queremos lideres angolanos mas se nao á que venha alguém de fora nos ajudar pois parece que nos só nos queremos roubar e matar ..Devemos Orar a Deus para que nos de governantes honestos e que tenham vergonha na cara
É preciso um moderador para falarmos por favor deixe o povo falar nao nos tapem a boca .nao queremos guerra mas queremos liberdade ,se o mpla,nos der essa liberdade se a unitário nos der se outros partidos nos derem a cada 5 anos com eleições livres com honestidade nos os seguiremos sou Junior libertador
Penso que por humildade o presidente deveria abandonar o poder por incapacidade de governar, esta é uma oferta justa e racional, mas caso ele não o queira fazer, ai teremos que marchar.
será que ele é mais potente do que Mubarak? não creio, ele é mais estúpido que Kadaffi? parece-me que sim. por bem ou por mal, vamos correr o risco. é hora de limpar a casa é de tirar estes meninos dai.
Quanto ao Dino Matrosse, coitado tem de dizer sempre alguma coisa para não ficar no anonimato, mas todo mundo conhence quem ele é, só ele não sabe que o povo sabe que ele é o bebado sujo do Mpla e o palhaço da corte que pena! Quanto ao kota Virgílio de Fontes Pereira, não nos preocupemos já o conhecemos ele é um sofista, ele seria capaz até de afirmar e argumentar que angola geograficamente não faz parte de Africa, os conhecemos todos eles, mas mesmo assim não vamos parar. já é tempo de sair voado
O período da instabilidade, resultante da ilegitimidade dos Governos terminou. O tempo para as ditaduras Africanas subverterem a Democracia e as regras eleitorais, terminou!
Terminou na Tunísia, terminou no Egipto, terminou na Líbia e vai terminar em Angola.
Penso que por humildade o presidente deveria abandonar o poder por incapacidade de governar, esta é uma oferta justa e racional, Porem Estamos cansados desta ditadura de quase 32 anos e queremos ser liderados por vários líderes em cada 5 ou 10 anos, o que acreditamos será uma verdadeira democracia, visto que o país será dirigido por diferentes pessoas com visões diferentes para o bem do povo angolano.