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Egito: O papel das mulheres nos protestos no Egito

Categorias: Oriente Médio e Norte da África, Egito, Ideias, Mídia Cidadã, Mulheres e Gênero, Política, Protesto

Este post é parte de nossa cobertura especial Protestos no Egito em 2011 [1].

O papel das mulheres na insurreição contra o governo egípcio em curso têm captado a atenção dos blogueiros e cidadãos que espalham informações em sites de redes sociais. O grande número de manifestantes tomando as ruas exigindo reformas no governo criou um ponto de inflexão para a participação cívica das mulheres em um país onde é arriscado e perigoso se manifestar contra as autoridades. Seus esforços tiveram cobertura limitada na mídia.

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Mulehr lidera manifestantes com bandeira egípcia na rua Batal Ahmed. Foto de Nour El Refai, © copyright Demotix (27/1/2011)

Em “Women Are A Substantial Part of Egyptian Protests [3]“[Mulheres são uma parte substancial dos manifestantes egípcios, en], a blogueira Jenna Krajeski escreve que a afluência no primeiro dia dos protestos (25 de janeiro de 2011) incluiu uma participação sem precedentes de mulheres. A natureza das bases da organização pareciam inspirar uma sensação de segurança.

So why are women so much more involved in this protest, called “The Day of Anger,” than in previous demonstrations against the Egyptian government?  The Facebook-initiated groups are unaffiliated with a major opposition group. These protests also seemed safer. Organizers urged those attending to make it a peaceful one, and this became a rallying cry in some areas of the city on Tuesday. Moreover, Egypt’s educated youth, men and women, were fed up with a government that had not changed at all in most of their lifetimes, and which cuts even the educated off from any opportunity. And then there was Tunisia. Suddenly, attending the protest seemed not only worth the risk, but capable of inciting real change.

Então por que as mulheres estão muito mais envolvidas neste protesto, chamado “Dia da Ira”, que em  manifestações anteriores contra o governo egípcio? Os grupos que se formaram no Facebook não são filiados a grandes grupos de oposição. Estes protestos também pareciam mais seguros. Os organizadores exortaram os participantes do protesto para torná-lo pacífico, e isso se transformou em um grito de guerra em algumas áreas da cidade, na terça-feira. Além disso, os jovens educados do Egito, homens e mulheres, estavam cansados de um governo que não havia mudado durante a maior parte de suas vidas, e que até mesmo cortava aqueles educados de qualquer oportunidade. E então houve a Tunísia. De repente, participar do protesto parecia não só valer a pena o risco, quanto ser capaz de incitar uma verdadeira mudança.

O vídeo do YouTube a seguir, “The Bravest Girl in Egypt” [A garota Mais Corajosa do Egito], postado por iyadelbaghdadi [4] mostra uma jovem falando ao povo contra o regime de Mubarak. Suas palavras estão com legenda em inglês:

O jornalista do Daily Beast [5] [en], Mike Gilgio [6] [en] escreve que enquanto não é incomum para as mulheres serem assediadas sexualmente  durante manifestações públicas no Egito, desta vez os homens estão se comportando de forma mais respeitosa em relação às mulheres, no que vem sendo chamado de “Protestos da Pureza” [7] [en] – onde a ideia de se reunir em torno de uma luta unificadora contra o Estado é mais importante que os conflitos de gênero.

Nour El Refai [8] [en] também ecoa a ideia de mulheres e homens como aliados em seu post “Homens e Mulheres são iguais em protestos pacíficos contra Mubarak” [9]. A luta unificadora também inclui pessoas de diferentes esferas sociais:

For the first time, Egyptians from all walks of life with different socio-economic backgrounds have joined the protests.

Pela primeira vez, egípcios de todas as esferas sociais, com diferentes backgrounds socio-econômicos,  tem se juntado nos protestos.

No entanto, a coragem das mulheres para sair das sombras não tem tido bastante atenção dos meios de comunicação, de acordo com Megan Kearns [10] [en] que escreve em “Levar para as ruas: Mulheres egípcias protestam contra o governo lado-a-lado com homens, no entanto [há] poucas imagens de mulheres [11]“:

Night after night, women and men have defied the government imposed curfew in Cairo, gathering in Tahrir Square, aka Liberation Square.  A “Million Person March” towards the presidential palace is planned for tomorrow and a nationwide strike planned for Wednesday.  Egyptian civilians say they won’t stop protesting until President Mubarek steps down from office.  And women in Egypt will be advocating for justice too. But when the media doesn’t show images of women involved, it appears as if they aren’t entrenched in rallying revolutions; they are written out of history.

Noite após noite, homens e mulheres desafiaram toque de recolher imposto pelo governo no Cairo, reunidos na Praça Tahrir, também conhecida como Praça da Libertação.  A “Marcha de Milhões de Pessoas” em direção ao palácio presidencial está prevista para amanhã e uma greve nacional planejada para quarta-feira. Civis egípcios afirmam que não vão parar de protestar até que o presidente Mubarek saia do cargo. E as mulheres no Egito  defenderão a justiça também. Mas quando a mídia não mostra imagens de mulheres envolvidas, parece como se elas não estivessem entrincheirados organizando revoluções; elas são expulsas da história.

A participação das mulheres está sendo documentada através de sites de redes sociais, como a página do Facebook Women of Egypt [12][Mulheres do Egito, en] criada por Leil-Zahra Mortada [13], que vive em Barcelona. Em 31 de janeiro de 2011 às 18:00 (EST, horário do Atlântico nos EUA), o material na página incluía quatro álbuns com mais de 130 imagens que retratam mulheres de idades variadas, incluindo algumas vestidas de burqas, outras usam lenços na cabeça e algumas trajes mais ocidentais. Um tema comum é a expressão de raiva e confronto com a polícia.

Algumas dessas fotografias estão também aparecendo em sites de compartilhamento de fotos. As usuárias do Twitpic [14] Kardala [15], Farrah3m [16] e sGardinier [17] re-tuitaram algumas das imagens das manifestantes mulheres, enquanto as aplicações de compartilhamento de fotos Plixi [18] e Picasa [19], e também foram utilizadas para fins semelhantes. Os blogs Subterfusex [20] e Seilo@GeekyOgre [21] também circulam as imagens.

O fotógrafo independente Monasosh [22] postou fotos das manifestantes mulheres no Flickr.

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Mulher protestando – ‘Que humilhação! Que vergonha!! Um irmão atirando em seus próprios irmãos! pelo usuário do Flicker monasosh (CC BY 2.0)