O dia 17 de janeiro de 2011 marcou os 50 anos do assassinato de Patrice Lumumba, primeiro Primeiro-Ministro da República Democrática do Congo (RDC), antigo Zaire. Com a ascensão de Laurent-Désiré Kabila ao poder em 1997, essa data se tornou um feriado nacional. Ironia desse calendário macabro, o dia 16 de janeiro de 2011 marcou também o décimo aniversário de assassinato do próprio Laurent-Désiré Kabila, líder da Aliança de Forças Democráticas para a Libertação do Congo (AFDL).
Tal confusão de memórias todavia não impediu o povo congolês e sua diáspora de organizar comemorações dos 50 anos do assassinato de Lumumba.
No site da Radio Okapi [fr], uma das primeiras estações congolesas de rádio de informação, informou-se que uma missa fora realizada na catedral de Nossa Senhora do Congo, em Kinshasa. Uma particularidade deste ano é que o serviço religioso igualmente homenageou dois companheiros do herói da independência congolesa:
“Contrairement aux précédentes commémorations, la messe d’action de grâce de ce lundi 17 janvier 2011 a été célébrée en mémoire de Maurice Mpolo et Joseph Okito, les collaborateurs de Lumumba tués avec lui.”
Na rede social Twitter, esse dia de lembrança foi também uma ocasião de recordar as últimas palavras escritas por Lumumba à sua esposa, alguns dias antes de sua morte. JF Mikwa, como muitos outros, compartilhou o link dessa carta [fr].
Friends of the Congo [“Amigos do Congo”], uma associação com sede em Washington D.C. que trabalha pela promoção de boa governança no Congo, organizou em Nova York na noite da segunda, dia 17, a exibição de filmes documentários [en] sobre o antigo Primeiro-Ministro e um debate.
O blog Cheik Fita News [fr], com conteúdo online dedicado aos congoleses da Bélgica, relatou que uma marcha organizada pelo coletivo “mémoires coloniales” [“Memórias coloniais”] teve lugar no dia 16 de janeiro, em Bruxelas. Esse mesmo coletivo lançou uma petição chamada “Vérité, justice et réparation pour le peuple congolais” [“Verdade, justiça e reparação ao povo congolês”], a exigir principalmente o reconhecimento pelo Estado belga de sua responsabilidade no assassinato da figura política:
“L'État belge et les divers acteurs de ces multiples meurtres doivent reconnaître leur responsabilité et les assumer”
MARCHA POR LUMUMBA EM BRUXELAS 20110116_144318
publicado por CONGOLAISDEBELGIQUEINFO. – L'actualité du moment en vidéo.
Apesar de todas essas manifestações, alguns se perguntam sobre a amplitude da homenagem a Lumumba. Faraja Bm, no Facebook, lamenta que uma verdadeira jornada de memória não tenha sido organizada nessa data histórica para o continente africano:
“This Guy should also have a day of observation… I mean real day of Observation!
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