No dia 3 de dezembro de 2010 o Brasil reconheceu oficialmente o Estado Palestino, dentro das fronteiras de 1967 – anterior à Guerra dos Seis Dias -, através da nota nº 707 do Ministério de Relações Exteriores/Itamaraty.
O Brasil reconhece a OLP – Organização para a Libertação da Palestina – desde 1975 como legítima representante do povo palestino, desde 1993 possui uma Delegação Especial e desde 98 esta possui status de Embaixada. O reconhecimento veio depois de uma carta enviada pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas ao presidente Lula, pedindo por parte do Brasil o reconhecimento do Estado Palestino.
O jornalista e historiador Rafael Fortes, em seu blog, comenta sobre a nota do Itamaraty, elogiando a decisão, que considera coerente com a política externa praticada pelo presidente Lula nos últimos anos:
O texto é claro, direto e correto. Corresponde, aliás, à política externa do Governo Lula, que nada tem de radical, apesar da histeria da mídia gorda (principal partido de direita do Brasil, hoje). Exemplo disso é a intensificação das trocas comerciais com Israel – inclusive pela compra de armas e outros produtos e serviços de segurança e inteligência, cujo “laboratório” são os territórios ocupados e as “cobaias humanas”, a população palestina. Estas trocas comerciais contribuem para o fortalecimento de um país que deveria sofrer boicote da comunidade internacional, tal qual a África do Sul do apartheid.
Miguel Grazziotin, em seu blog, saúda a decisão da diplomacia brasileira, que considera justa, dado que o Brasil também reconhece o Estado de Israel:
Muito acertada a decisão deste presidente, do qual muito me orgulho.
Se existe o reconhecimento de um Estado Judeu, Israel, nada mais justo que o reconhecimento do Estado Palestino.
Embora saibamos que no mundo ocidental, dominado pelos sionistas, há coisas que só o “povo escolhido” pode fazer ou ter…….
Marcos Guterman, em seu blog, por outro lado, critica a decisão, citando possíveis erros:
Tecnicamente, é um erro falar de um Estado palestino com “fronteiras anteriores à guerra de 1967”. O que há são acordos de armistício, e o que Israel conquistou não foram territórios “palestinos”, mas egípcios (Gaza) e jordanianos (Cisjordânia).
Conceição Oliveira, no blog Maria Frô, considera que o reconhecimento por parte do Brasil do Estado Palestino dentro das fronteiras de 1967 foi a notícia mais importante do dia, e aproveita para criticar a cobertura da mídia brasileira no caso:
Diplomacia é isso, aprendam aí gringos, ao invés de ficar bisbilhotando chefes de Estado, façam o que tem de ser feito: contribuam para o diálogo e processo de paz não dizendo amém para o imperialismo da política sionista.
Para mim foi a notícia mais importante do dia, mas os brasileiros preferiram falar e sonhar com IPad e a imprensalona a dar voz ao Estado Sionista.
Três dias depois da formalização do reconhecimento pelo Brasil, a Argentina também anunciou o reconhecimento do Estado Palestino, como informa o Opera Mundi. Conceição Oliveira comenta sobre o impacto dessa decisão na imprensa brasileira, considerando que até então a notícia tinha tido pouca repercussão na blogosfera brasileira e na imprensa:
Houve pouca repercurssão na blogosfera e na imprensalona o viés de sempre: o que os sionistas acharam da nota do Itamaraty, nenhum linha sobre a repercussão do reconhecimento brasileiro entre os palestinos.
Após a Argentina também reconhecer aos palestinos o direito de constituir um Estado livre e independente os portais brasileiros começaram a dar mais bola para notícia.
Ao menos entre os palestinos as expectativas diante do fato de O Cara reconhecer o direito de formação do Estado Palestino são a de que o ato do presidente Lula produzirá uma onda de apoio à luta de décadas dos palestinos contra a opressão do imperialismo sionista. Acompanhemos.

Encontro entre Presidentes Lula da Silva e Mahmoud Abbas em novembro de 2009, Foto de Manu Dias / AGECOM no Flickr de Gov/Ba (Creative Commons 2.0 by)
Claudio Ribeiro no blog Diversas Palavras, também critica a cobertura midiática, acusando-a de ter ligação com os interesses dos EUA – que se opõem ao reconhecimento da Palestina:
O Brasil não está isolado e nem fazendo “pirotecnia diplomática” ou agindo sem qualquer sintonia com seus pares e/ou vizinhos, como insistem em afirmar os prepostos americanos: grande imprensa local e políticos da oposição.
Há tempos, segundo o blog Kaos en la Red, o Brasil vem pleiteando uma posição ativa na resolução do conflito Israelo-Palestino e o reconhecimento do Estado Palestino pode dar ainda mais força ao Brasil em participar das negociações.
Jorge Seadi, escrevendo para o Sul21, analisa o significado do reconhecimento para o governo brasileiro e seus efeitos práticos:
O reconhecimento das fronteiras como eram em 1967 significa que, na opinião do governo brasileiro, Israel deve devolver os territórios ocupados — Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza. O presidente Lula escreveu ao líder palestino que “o reconhecimento de suas fronteiras é parte da convicção brasileira de que um processo negociador que resulte em dois Estados convivendo pacificamente e em segurança é o melhor caminho para a paz no Oriente Médio”.
Georges Bourdukan, em seu blog, acrescenta ainda que os EUA criticaram a decisão do Brasil em reconhecer o Estado Palestino e dá as razões, como por exemplo, a necessidade que tem os EUA de manter florescente sua indústria bélica através o apoio dado a Israel:
Criticar a atitude brasileira é querer transformar o Brasil no Iran da vez.
Os Estados Unidos, por, exemplo, consideraram “lamentável” e “imprudente” a decisão brasileira.
O que confirma, mais uma vez, que os Estados Unidos farão de tudo, como têm feito até hoje, para impedir a criação do Estado palestino.
É fundamental para eles que não haja Estado palestino.
Um Estado palestino significa o início do fim do atual estado de Israel, cujos dirigentes, como se sabe, transformaram o país num posto militar.
Israel existe para manter florescente a indústria bélica e a sobrevivência dos EUA.
O Movimento Palestina para Tod@s (MOPAT) louvou a decisão de Lula, embora solicitando ações mais concretas contra aquilo que chamam “ocupação Sionista” da Palestina.
O governo Israelense, segundo comenta Braulio Wanderley do blog História Vermelha, condenou o reconhecimento, dizendo que o mesmo “não contribui, mas prejudica o processo de paz”.
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