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Brasil: Pesquisa e Avanços em Fontes Renováveis de Energia

Categorias: América Latina, Brasil, Ciência, Desenvolvimento, Governança, Meio Ambiente, Tecnologia

O Brasil nas últimas décadas consagrou-se como um país de energias limpas incluindo de maneira significativa em sua matriz energética fontes como hidroelétrica e álcool. Essas inclusões foram possíveis graças a pesquisas de diversos atores sociais e a adoção de tais sistemas pelo governo. O blog Amazônia News [1] resume os dados de oferta de energia por fontes:

De acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 90% da energia gerada no Brasil em 2009, veio de fontes renováveis – principalmente hidráulica (83,7%), biomassa (5,9%) e eólica, com uma pequena participação (0,3%).

Transformar esse potencial natural em capacidade instalada e produção exige superar uma série de gargalos econômicos, tecnológicos, logísticos e regulatórios. A previsão da EPE é de que, até 2019, o perfil da matriz energética brasileira como um todo não mude muito.

Apesar da oferta predominante de energias renováveis que o Brasil apresenta [ver gráfico [2] do Balanço Nacional de Energia – BEN [3]], a evolução do consumo de energia mostra que o maior consumo no país é ainda de derivados do petróleo. Assim cria-se um excedente de energias renováveis que são vendidas para outros países enquanto ocorre a importação de derivados do petróleo que o Brasil ainda é obrigado a realizar.

[4]

Evolução Histórica do Consumo de Energia por fontes no Brasil – 2009, Fonte : BEN -2010 (CC)

A solução dessa situação repousa sobre os avanços tecnológicos. Um dos principais propósitos dos pesquisadores é explorar novos horizontes para a humanidade, desenvolvendo novas tecnologias e adaptando os avanços tecnológicos as mais diversas realidades. No campo da energia, esses esforços se concentram na viabilização de novas fontes energéticas e em estudos para tornarem viáveis tais fontes. Esse trabalho só é possível com a formação de profissionais qualificados e a implantação de centros de pesquisas.

[5]

Relâmpagos – alvo para nova fonte de energia renovável, foto de Brujo+ no Flickr (CC)

Nos últimos meses blogs como Lapsblog [6]Sandro Nasser Sicuto [7]Tecnólogos Ambientais [7], reportaram mais um avanço brasileiro no campo energético. No dia 25 de agosto de 2009 foi apresentado durante a reunião da American Chemical Society (ACS) [8], em Boston, nos Estados Unidos, pelo professor Fernando Galembeck, da Unicamp [9], um modelo que propõe a capitação de energia elétrica que é acumulada nas gotículas de água na atmosfera, higroeletricidade. Esse estudo esclarece alguns pontos controversos sobre a formação dos relâmpagos e apresenta os primeiros passos para utilizar essa fonte de energia para o desenvolvimento da sociedade humana.

A aplicação dessa descoberta ainda está em fase de estudo e pode demorar ainda algum tempo para estar presente no cotidiano dos consumidores. A captação dessa eletricidade provavelmente será realizada através de placas de metal, mas os materiais e os mecanismos envolvidos demandam mais estudos. Em discussão no blog do jornalista Luis Nassif [10] sobre um artigo republicado de António Sisoto, Marko comenta a respeito do posicionamento da pesquisa do Professor Galembeck:

Ok Legal mas vamos [com] calma, afinal explicar determinado fenômeno é 1 coisa, extrair utilidade [de] tal explicação são ooooutro$$$$$ 500 (mto$ quinhento$ aliá$$ ) inclusive “outros quinhentos” políticos, e não apenas financeiros…

Ademais, a história está cansada d demonstrar q nem sempre a explicação d determinado fenômeno precede ou é essencial p/a utilização prática do mesmo.

Esse longo caminho a percorrer já foi superado pela energia solar. Os primeiros passos [11] na elaboração teórica da energia solar foram realizados no década de 30 . Nessa época, a utilização de células fotovoltaicas [12] estava em fase de inicial. Hoje é uma realidade [13]utilizada por inúmeras empresas e uma das fontes de obtenção de energia limpa para projetos sustentáveis.

Apesar da disponibilidade dessa tecnologia no mercado, segundo o blog Amazônia News, a maioria dos Brasileiros ainda não tem condições de acessar essa forma de energia: [1]

O problema é o preço. A energia solar, ainda é relativamente cara, tornando um empreendimento deste porte inviável economicamente. O que não significa que ela não desempenhe um papel estratégico no desenvolvimento sustentável do país. Segundo [Enio Bueno] Pereira [14], a estratégia mais simples, seria disseminar o uso de painéis solares em telhados para uso doméstico, como forma de reduzir a demanda sobre o sistema e, assim, liberar mais energia para uso industrial, principalmente nos horários de pico.

[15]

Foto do site Sociedade do Sol, usada com permissão

Grande parte do consumo nas residências dos brasileiros é oriundo dos chuveiros elétricos. Atento às necessidades da sociedade brasileira, um grupo de pesquisadores da USP [16], desenvolveu um sistema denominado Aquecimento Solar de Baixo Custo – ASBC. Esse sistema utiliza forros de PVC que irá captar a energia solar e aquecer a água contida em uma reservatório especial o que é capaz de reduzir o consumo mensal de eletricidade em 60 % ao final de um mês, essa economia permite o pagamento do investido em 5 meses aproximadamente. Inúmeros blogs brasileiros, como o de Carol Daemon [17], tem divulgado esse sistema e sua implantação, e o site Sociedade do Sol [18] disponibiliza para download manuais para implantação e uma lista com fornecedores de materiais.

A energia eólica, energia gerada pelos ventos, também tem recebido atenção por inúmeras empresas que apostam na importância dessa fonte limpa de energia como uma alternativa viável para o futuro.

[19]

Postes de iluminação a energia solar e eólica, foto da Revista Fiec de 28/03/2010 usada com permissão

O blog Ética Global [19] divulga o projeto, publicado na Revista Fiec, de um engenheiro mecânico Fernadez Ximentes proprietário da empresa Gram Eolic, no Ceará. Esse projeto consiste em postes de iluminação alimentados 100% por energia solar e eólica. Esse poste possui uma autonomia de 7 dias, sem qualquer entrada de energia no sistema. Esses postes contém um sistema de energia denominado PEI – Produção de Energia Independente – que é capaz de gerar energia para outros três postes de luz.  O formato de avião foi escolhido para poder conjugar as placas de energia solar, junto com a captação de energia eólica.

Segundo a empresa, esses postes apresentam economia de R$ 21.000,00 por quilômetro/mês quando substituído por uma matriz plenamente elétricas e apresentam um custo de implantação 10% menor que os postes convencionais. O governo do estado é o parceiro desse projeto e pretende implantar esse sistema nos próximos anos.

Resta-nos aguardar saber se as previsões do Nobel da Química, Waler Kohn, estavam corretas quando dizia que a energia solar e eólica podem encerrar a era do petróleo [20].

A sociedade humana depende da energia para sua manutenção e seu desenvolvimento. Através dos estudos realizados pelos diversos atores sociais é possível  desonerar os grandes centro geradores, como hidrelétricas e combustíveis fósseis, representando uma alternativa viável para a questão energética do país.

Apesar da opção do Brasil por energias renováveis, grandes impactos ainda são oriundos da geração de biocombustíveis e hidrelétrica, destacando-se a perda de biodiversidade através da supressão de vegetação . Essas novas tecnologias permitiram uma produção de energias renováveis com menor impacto ambiental em sua geração e implantação. O desenvolvimento de tecnologias com intuito de substituir os combustíveis fósseis por fontes renováveis é de fundamental importância para a soberania e desenvolvimento nacional. Cabe agora ao governo e lideranças adotarem  essas novas tecnologias em seus planejamentos, fazendo com que o Brasil continue sendo o país das energias renováveis, e cada vez mais limpas.