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Moçambique: Maputo em Alerta com Revolta

Categorias: África Subsaariana, Moçambique, Alimentação, Economia e Negócios, Mídia Cidadã, Política, Primeira Mão, Protesto

Ontem, os rumores sobre uma greve geral em Moçambique corriam no passa-palavra, e também através de SMS e até pelo Twitter. O motivo: custo de vida “injusto” – subidas no preço do pão, água e electricidade. Os leitores podem recordar-se que a subida dos preços dos transportes colectivos levou a motins e protestos em Fevereiro de 2008 [1]. Portanto a cidade foi dormir inquieta.

Enquanto os principais meios de comunicação estavam ainda a começar a reportar o caso, esta manhã, blogueiros e twiteiros já tinham relatado alguns acontecimentos. Eduardo Castro do blogue Elefante News escreveu: [2]

Ouvi na Antena Nacional e li nO País (primeiro pública, segundo privado) que a polícia não “recebeu nenhum pedido de manifestação popular” para hoje aqui em Maputo.

Mas a cidade está visivelmente mais policiada. E já teve bloqueio em Benfica, Xiquelene e Chopal.

Tem pouco chapa (vans) circulando por Mahotas. Já recebi telefonema de gente que voltou pra casa depois de esperar por transporte desde cedo, sem sucesso.

A preocupação é que se reedite 2008: os chapas fizeram uma manifestação que convulsionou a cidade.

Na manchete dO País, o motivo da agitação: Água e luz com novos preços a partir de hoje em todo país”.

O sociólogo Carlos Serra, que foi uma fonte de informação importante em 2008, escreveu: [3]

Com voz calma, um representante do Governo esforçou-se no programa “Café da manhã” da Rádio Moçambique (7:30/8:00) por mostrar que o governo tudo tem feito para evitar que o preço do pão (mais caro a partir do dia 6, estável desde 2008) fique mais oneroso… Ouvintes do programa enviaram mensagens queixando-se da carestia de vida e lamentando a subida do preço do pão, “alimento do pobre”, escreveu um deles. O representante apelou aos ouvintes para procurarem substituir o pão por outros produtos, por exemplo pela batata doce.

pelos relatos que me vão chegando de vários pontos da cidade (Avenida de Moçambique, por exemplo), penso que esta é uma situação que vai exigir muito bom senso e grande prudência na gestão.

O utilizador do Twitter BarataJorge relatou [4]:

Linhas de telefonia móvel congestionadas, na cidade de Maputo.

Outro chamado TeknikNineMilli disse [5]:

#Greve [6] em maputo. É o q dá abusar das pessoas. A parte má, é q há gente a pilhar, vandalizar e etc.

Katembe, um prolífico utilizador do Twitter, retransmitia relatos de tiroteios, apedrejamentos e vandalismo nos bairros pobres dos subúrbios da cidade, como este: [7]

Na EN4, carros e autocarros a ser atacados com pedras” / “isto está mal, nem dá pra pôr um pé fora de casa (Chamanculo)”

O repórter freelancer Nastasya Tay twitou [8]

Rioting in township areas. Rubber bullets fired. Burning tyres on the roads, and a smoke haze rising up over Maputo from the fires.

Tumultos em zonas municipais. Balas de borracha. Pneus a arder nas estradas, e uma névoa de fumaça elevando-se sobre Maputo por causa dos fogos.
Actualização – 12:15 hora de Maputo:

Foi lançada uma plataforma Ushahidi de mídia cidadã [9] pelo Jornal A Verdade (@verdademz [10]). Até ao momento, foram introduzidos mais de 50 incidentes entre os quais relatos de mortes [11], incluindo as de duas crianças baleadas na Av. Acordos de Lusaka [12].

[9]

[13]

Actualização – 18:44 hora de Maputo:

A Verdade [14] divulgou o comunicado do Governo de Moçambique, apelando à calma dos cidadãos, ao cair da noite.

Actualizações por Paula Góes [15] e Sara Moreira [16]