Venezuela: Aliadas da Tecnologia, Mulheres Que Não Têm Medo de Ratos

A ONG Aliadas en Cadenas [Aliadas em Cadeia, es] criou uma programa denominado Aliadas en Tecnología [Aliadas da Tecnologia, es], que encara a tecnologia como uma janela de oportunidades para dar poder às mulheres afectadas pela pobreza.

Através das aulas e dos workshops, muitas mulheres que viam os computadores como objectos estranhos e intimidantes, descobrem-nos agora como ferramentas de trabalho, aprendizado e enriquecimento pessoal. O programa reconhece a formação das mulheres como estratégias principais para a superação da pobreza. Estas “Aliadas” organizam workshops que difundem a utilização das novas teconologias em conjunto com outros workshops de auto-aperfeiçoamento de ajuda ao combate à violência contra mulheres e ensina-lhes  a importância de desafiar e questionar  a tradição de identidade que a Venezuela tem dado às mulheres.

No  YouTube [es],  pode-se ver um vídeo em espanhol que explica do que se trata o projecto.

"Aliadas" (Allies) usada sob permissão do Aliadas en Tecnología

No blogue ¡No le tenemos miedo a los ratones! [Nós não temos medo de ratos!, es] elas discutem e informam sobre as mudanças que as mulheres têm experienciado nos seus locais de trabalho. Num dos seus posts (es) elas questionam as percepções comuns sobre os valores que as mulheres acrescentam ao local de trabalho e criticam as formas de dominação masculina que se escondem em acções muito simples:

… Desde que somos pequeñas nos enseñan a estar sujetas al control masculino, tanto en lo familiar como en lo social, donde nuestro éxito está basado en el cumplimiento del papel de madre-esposa (…)

Basta con escuchar los chistes sexistas en una oficina sobre cómo la presidenta de la compañía llegó a ese cargo o las críticas sobre el traje que utilizó una senadora para dar unas declaraciones en un canal de noticias, para darnos cuenta de las formas (por no mencionar otras tantas) en las que se descalifica y desprestigia a una mujer que tiene poder.

… Desde pequenas que nos ensinam a ser alvo do controlo masculino, tanto na família como nas esferas sociais, onde o nosso sucesso é baseado na actuação do papel de mãe e esposa (…)

Basta escutar as piadas sexistas no escritório sobre como a presidente da empresa alcançou aquela posição ou acerca da roupa que uma senadora vestiu para prestar declarações a um novo canal para dar-se conta das formas (para não mencionar todas as outras) em que mulheres poderosas são desqualificadas e desacreditadas.

Na Venezuela, o papel das mulheres como mães e esposas tem prevalecido culturalmente. A educação básica a que as mulheres tinham direito no início da república da Venezuela colocou-as como gestoras do lar ou subestimou os seus esforços no local de trabalho. A educação primária e secundária na Venezuela é actualmente um direito oferecido tanto a homens como a mulheres. Contudo, as tradições e os costumes perpetuam uma visão limitada do universo feminino, particularmente dentro dos grupos desfavorecidos. Mas a participação das mulheres em organizações comunitárias e em actividades nos diferentes programas de formação – como as Aliadas da Tecnologia – revela a força das mulheres dentro e fora de casa e tem contribuido para o desenvolvimento do país.

As Aliadas da Tecnologia seguem igualmente as lutas e os protestos contra a violência contra as mulheres (es) e promove o conhecimento das leis de protecção às mulheres na Venezuela que, infelizmente as desconhecem:

Entre los principales logros alcanzados durante esta jornada destacan: la visibilidad pública del tema de violencia contra las mujeres a través de los medios de comunicación masivos; el apoyo y trabajo conjunto de organizaciones e individualidades ante este hecho; y acuerdos con [representantes del Tribunal Supremo de Justicia]

As principais conquistas deste evento incluem: visibilidade pública sobre o tema da violência contra as mulheres através dos meios de comunicação; o apoio e esforços conjuntos por parte das organizações e dos indíviduos relacionados a este assunto; e os acordos com (representantes do Supremo Tribunal de Justiça)

"Protesta" (Protest) used with permission from Aliadas en Tecnología (Allies in Technology). Sign reads: "Sexism kills, and so does silence. No more violence against women!"

Um dos obstáculos remanescentes é a ambivalência na emancipação das mulheres e no que estas podem fazer por si mesmas. As dúvidas e ansiedades na busca pela auto-realização, que se dividem entre a família e a vida profissional ainda estão presentes, assim como acontece em várias partes do mundo. Junte-se também a dificuldade económica que se vive na Venezuela e que exige que o trabalho doméstico e no local de trabalho sejam tão fortes quanto produtivos. Adicionalmente, muitas destas mulheres são chefes de famílias monoparentais que dependem delas económicamente, emocionalmente e domesticamente.

Como parte dos workshops de auto-realização a que as mulheres do grupo Aliadas em Cadeia chamam de “Habilidades para a vida”, várias participantes deram as suas opiniões sobre o valor do trabalho (es) e falaram sobre as motivações que as levaram a aderir aos workshops formativos:

Yo he trabajado desde los 15 años, ya que SIEMPRE me ha gustado el dinero, no me gusta depender de los demás, es muy distinto a que yo tenga mi propio dinero a que tenga que esperar que mi pareja cobre para que me dé. Estoy en el curso para aprender y también para conseguir un trabajo que sea de lunes a viernes.

Trabalho desde os quinze anos porque SEMPRE gostei de dinheiro. Não gosto de depender dos outros. É muito diferente ter o meu próprio dinheiro do que estar à espera que o meu companheiro receba o salário para puder dar-me algum. Estou neste curso para aprender e também para encontrar um trabalho de Segunda a Sexta.

Trabajar para mí es una decisión importante ya que un día cualquiera me puse a pensar y me dí cuenta que se me estaba pasando el tiempo y estaba dejando atrás todas aquellas metas que me tracé alguna vez, las cuales dejé a un lado con el nacimiento de mi hija.

(Na minha opinião) trabalhar é uma decisão importante porque um dia comecei a pensar e dei-me conta que estava a ficar sem tempo e que estava a deixar para trás todos os objectivos que havia traçado e que deixei de lado quando a minha filha nasceu.

Yo no me siento bien estando todos los días en la casa haciendo oficios, yo sé que es mi deber pero quiero servir para algo más y así sentirme satisfecha conmigo misma.

Não me sinto bem a fazer tarefas domésticas diariamente, sei que é minha obrigação mas quero ser útil noutras coisas e quero sentir-me satisfeita comigo própria.

Para mí es importante trabajar porque:
– Me hace sentir que no hay límites para hacerlo, sólo el que uno se pone.
– Mejora mi condición económica.
– Te puedes preparar para el futuro al poder alcanzar tus metas para comprar una vivienda, enseres, obtener beneficios laborales como la pensión, etc.

(Na minha opinião) trabalhar é importante porque:
– Faz-me sentir que não existem limites para o fazer, tirando aqueles impostos por si mesmos.
-Melhora a minha situação económica.
-Ajuda a preparar-te para o futuro para que alcances objectivos como a compra de uma casa, equipamento, obtenção de benefícios como a pensão, etc.

Fue una decisión importante:
1.- Porque quería ser independiente.
2.- Necesito demostrarme a mí misma que sí puedo, que puedo crecer sola sin que otros estén manteniéndome.
3.- que tengo que tener un buen empleo para costearme mis estudios y lograr tener una carrera.
4.- Que debo superarme para brindarle estabilidad a mi hijo.
5.- Porque quiero demostrarle a mis padres que cuando Yo me propongo algo lo termino y lo logro.
6.- Porque necesito darle una lección a mi esposo, o enseñarle que como mujer soy importante, que tengo metas, sueños, que soy capaz de mantener a mi hijo sola. Que aunque el me dé todo; yo debo ser independiente.

Foi uma decisão importante porque:
1.- Queria ser independente.
2.- (Porque) precisava provar a mim mesma que conseguia, que podia crescer sozinha sem precisar ser sustentada.
3.- Preciso ter um bom emprego para pagar a minha educação e conseguir uma carreira.
4.- Preciso ter sucesso para dar estabilidade ao meu filho.
5.- Porque quero mostrar aos meus pais que quando me proponho a fazer alguma coisa, termino-a e consigo realizá-la.
6.-Porque preciso dar uma lição ao meu marido ou ensinar-lhe que eu enquanto mulher, sou importante. Que tenho os meus objectivos, sonhos e que sou capaz de sustentar-me e ao meu filho. Que apesar dele me dar tudo, preciso ser independente.

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