A rotina matinal da segunda-feira em Moscou foi quebrada hoje (29 de março) por dois atentados suicidas no metrô [en], que tiraram a vida de pelo menos 28 e feriu pelo menos 70 pessoas (muitas das vítimas eram estudantes, com menos de 40 anos). As explosões suicidas foram realizadas por duas mulheres alegadamente afiliadas aos rebeldes do norte do Cáucaso [en]. Os blogueiros estiveram entre os primeiros a espalhar a notícia sobre o trágico evento, convertendo-se no primeiro meio estável enquanto os maiores sites de notícias pararam de responder devido ao excesso de tráfego e as redes de televisão demoravam demais para preparar algum material a tempo. Como notou [ru] o usuário do Twitter Krassnova, a hashtag #metro29 [ru, en] teve uma média de 40 tweets por segundo enquanto os canais de TV apenas conseguiram preparar 4 matérias. Em menos de 2 horas um website metro29.ru foi posto no ar para cobrir os eventos.
Um dos primeiros blogueiros a espalhar a notícia foi Marina Litvinovich (usuária abstract2001 do LiveJournal), uma blogueira de oposição que publicou fotos da estação de metrô de Lubyanka [ru], lugar onde aconteceu a primeira explosão:
Aqui um vídeo do YouTube da evacuação de passageiros da estação de metrô de Park Kultury, onde ocorreu a segunda explosão, publicado pelo usuário baranovweb:
Depois seguiu-se um colapso temporal de informações e dos transportes. A medida em que os aterrorizados moscovitas começaram a verificar se seus amigos e parentes estavam vivos, a rede de telefonia celular no centro de Moscou parou de funcionar. O usuário offnet do LiveJournal se queixou porque uma das razões do colapso na rede de telefonia celular foi uma rotina burocrática que requeria a montagem de uma estação adicional retransmissora de celulares até em situações extremas. O usuário rubyrabbit de Habrahabr fez um registro completo dos principais sites que deixaram de funcionar.
A linha Sokolnicheskaya (vermelha) do metrô foi completamente fechada devido às investigações. Os blogueiros publicaram um vídeo da aglomeração na estação Komsomolskaya. Ao mesmo tempo, as pessoas eram cautelosas quanto ao uso do metrô, ainda que outras linhas tenham permanecido abertas. O popular blogueiro Nikolay Danilov (usuário nl do LiveJournal) publicou fotos da multidão de trabalhadores marchando para seus locais de trabalho:
Os canais de TV não foram apenas lentos, mas também foram acusados de não ter a atitude adequada em suas coberturas do evento. Outro popular blogueiro, Anton Nossik (usuário dolboeb do LiveJournal), escreveu [ru]:
в 12:00 по Первому каналу начался плановый выпуск новостей. Не спеша, рассказывают о взрывах метро в Токио (1995), Баку, Париже, Дюссельдорфе, Лондоне, о соболезнованиях Януковича, депутатов Верховной Рады, Ангелы Меркель, передают заявление Бернара Кушнера. Затем скороговоркой дали recap, довольно чёткий, всех основных событий в Москве, длиной в полторы минуты: 35 погибших, 70 раненых, метро не ходит от Комсомольской до Спортивной, в центре города пробки, правительство требует усилить безопасность всех российских аэропортов. На минуту включили Тимура Серазиева с Лубянской площади, и тут же пошла реклама здоровой пищи, пепси-колы, какого-то Антистакса, шоколада «Вдохновение», сока «Любимый»,синтетических моторных масел Mobil1, средства для мытья окон, нового йогурта «Яблоко Мюсли», Афобазола от тревоги и напряжения, кофе Jakobs Monarch, хлопьев от Nestle с цельными злаками. Каждый из роликов был длинней прямого включения с Лубянки. После завершения семиминутной рекламной паузы досрочно началось часовое ток-шоу «Участок».
Tanto os blogueiros quanto os portais de notícias ajudaram a preencher o vazio de informação. O portal de notícias lifenews.ru publicou uma galeria de fotos [ru] que incluía fotos dos vagões explodidos do metrô [ru] [atenção: imagens fortes]. O usuário seg_o do LiveJournal publicou fotos [ru] das zonas próximas à estação de metro de Park Kultury. Tanto a BBC quanto o The Guardian lançaram suas páginas de blogagem ao vivo – LiveBlog [en] e Cobertura ao Vivo-BBC [en] – registrando todos os importantes acontecimentos. O LiveJournal abriu um canal especial [ru] para cobrir o tema. Abaixo, alguns informes dos que sobreviveram às explosões:
Я работаю на Лубянке. В школе. Начинаю работать в 8. В 7.50 я приехала на Кузнецкий Мост. Хотела перейти на Лубянку, но там всё было в думу, людей не пускали. Вышла через Кузнецкий Мост. На Лубянской площаде сразу же всё перегородили, приехали спасатели. На работе до сих пор кризисная ситуация. Родители звонят, беспокоятся, мамы плачут. Это ужасно.
Время 14.40. Я только-только собрала в кучу голову. Меня перестало трясти, когда я встаю со стула, и я больше не плачу. Пытаюсь заставить себя поработать.
Выхожу на Парке Культуры. Поднимаюсь уже было к выходу. Рядом идут сотрудники милиции. К ним обращается какая-то женщина:
-Что случилось то?
-Ой, да авария какая-то, технические причины.
В эту же секунду прогремел взрыв.
Противоположный от моего поезд, по направлению к станции Кропоткинская.
Взорвался где-то в середине.
Людей было не много, давки не было. Но взрыв очень мощный. Не сомневаюсь, эта бомба – военного стандарта.
– O que aconteceu?
– Bem, um acidente, razões técnicas.
E neste exato momento uma explosão fez-se ouvir. No trem que ia na direção oposta, até a estação Kropotkinskaya. Explodiu em algum lugar no meio. Havia tanta gente, não houve estampido. Mas a explosão foi muito poderosa. Sem dúvida esta bomba é uma bomba de padrões militares.
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