Chile: Vitória de Piñera levanta suspeitas sobre influência de Pinochet

No dia 17 de janeiro de 2010, Sebastian Piñera foi eleito o próximo presidente do Chile após 20 anos de governo com tendência para a esquerda que simbolizou a transição para a democracia após da ditadura de Augusto Pinochet. Blogueiros de língua espanhola e jornais online fizeram comentários a respeito da relação entre o presidente eleito e o ditador morto; muitas dessas observações surgiram devido ao apoio público a Pinochet exibido após a vitória de Piñera.

Um eleitor do Piñera mostra seu apoio ao ditador Augusto Pinochet. Foto tiradaa por Darcy Vergara, usuária do Flickr darcy_vergara, e usada sob uma licença Creative Commons.

Um eleitor do Piñera mostra seu apoio ao ditador Augusto Pinochet. Foto tirada por Darcy Vergara, usuária do Flickr darcy_vergara, e usada sob uma licença Creative Commons.

Comentando sobre os seguidores de Pinochet no último dia de votação, Luiz Ramirez [es] escreveu em seu blog:

Sí, ya es un hecho: Los Piñeristas Pinochetistas están entre nosotros.

Sim, é um fato: Os Piñeristas Pinochetistas (os que são fiéis a Pinochet) estão entre nós.

Fotos como esta acima e vídeos como o abaixo que mostram chilenos gritando “General Pinochet, esta vitória é para você” e “Chi Chi Chi le le le, vida longa para o Chile e para Pinochet” têm circulado na internet para o espanto de alguns, e a indiferença de outros que dizem que isto não é novidade no país.

Video de REMP81:

Quanto aos cantos e aos símbolos, o jornal online La Alternativa [es] explica:

El hecho causó estupor en varios adherentes del propio empresario, así como también en medios internacionales, incluso aquellos ligados a la derecha, quienes consideran al fallecido dictador en un nivel similar a Hitler Mussolini o Francisco Franco. La noche del domingo 17 de enero será recordada como el momento en que muchos aduladores del gobierno militar “salieron del closet” y expresaron públicamente que la retórica del emprendimiento, el futuro, la reconciliación y la esperanza, no eran más que vacías frases de campaña para “enchular” a una derecha.

O episódio causou estupor em várias pessoas próximas ao empresário, e também na imprensa internacional, mesmo aqueles presos à direita, que consideram o ditador morto num nível semelhante a Hitler, Mussolini ou Francisco Franco. A noite de domingo, 17 de janeiro, será lembrada como o momento em que muitos bajuladores do governo militar “saíram do armário” e expressaram publicamente que a retórica do progresso, do futuro, da reconciliação e da esperança não é nada mais do que frases ocas de campanha para melhorar a direita.

Num blog denominado “Cuestiónatelo Todo” [Questione tudo, es] o autor rejeita o que muitos têm expressado sobre o estado positivo da democracia chilena e diz que a vitória de Piñera é, na verdade, um passo atrás para a democracia no Chile:

Su triunfo representa una resurrección del pinochetismo […] Pinochet nunca murio realmente, y el triunfo de Piñera solo significa la consecuencia natural de una transición que nunca fue tal cosa, sino simplemente la continuación de lo mismo con rostros aparentemente mas amables.??El triunfo del partido de Piñera es un paso atras en el avance hacia la democracia chilena,

Seu triunfo representa uma ressurreição do “pinochetismo,” […] Pinochet nunca morreu de verdade e a vitória de Piñera é simplesmente a consequência natural de uma transição que nunca aconteceu e a simples continuação da mesma coisa com rostos que parecem mais amigáveis. O triunfo do partido de Piñera representa um passo atrás para a democracia chilena.
Homem tentando retirar o cartaz eleitoral de Piñera durante o enterro de Victor Jara que foi assassinado durante a ditadura de Pinochet. Foto tirada pelo usuário do Flickr Amable Odiable e usada sob licença da Creative Commons.

Homem tentando retirar o cartaz eleitoral de Piñera durante o enterro de Victor Jara que foi assassinado durante a ditadura de Pinochet. Foto tirada pelo usuário do Flickr Amable Odiable e usada sob licença da Creative Commons.

Entretanto, outros vêem o resultado desta eleição como indicação de que os chilenos puseram Pinochet e sua ditadura no passado, e que a esquerda, que se tornará a oposição em 11 de março terá que procurar novas maneiras de ganhar apoio dos eleitores. O blogueiro peruano Alejandro Lostaunau Neira [es] escreve:

Esta situación ha brindado la oportunidad para que los partidos que apoyaron la candidatura del exitoso empresario se desprendan de una vez por todas del fantasma de Augusto Pinochet. […] Sólo este triunfo sobre la Concertación de Partidos por la Democracia puede desligar el fantasma del amado y odiado militar, fallecido en diciembre de 2006.[…] La centro izquierda siempre tenía ventaja porque una manera de bajarse al contrincante era recordar los momentos de oscuridad de la dictadura. Ahora todo eso ya no será posible porque el pueblo chileno ha legitimado a los hasta ahora opositores.

Esta situação dá a oportunidade para os partidos que apoiaram a candidatura do empresário bem sucedido para de uma vez por todas separar-se do fantasma de Augusto Pinochet […] Somente esta vitória sobre o Concertación de Partidos por la Democracia pode separar o fantasma do militar amado e odiado que morreu em dezembro de 2006. […] A centro-esquerda sempre teve uma vantagem porque uma forma de colocar a oposição para baixo era lembrar os tempos obscuros da ditadura. Agora tudo aquilo não é mais possível porque o povo chileno legitimou o que até agora havia sido a oposição.

Luis Mendez, um chileno que mantém o blog Adictos 2.0 [es] encara a vitória de Piñera como o fim de 37 anos de divisão entre o povo chileno quanto a questão de Pinochet. Ele finaliza seu post com palavras encorajadoras para Piñera e anseia por um futuro quando os chilenos finalmente virarão a página do golpe militar e a ditadura de Pinochet:

Ojala que por el bien de todos, a Sebastian Piñera le vaya bien, ya que de una vez queremos que los que paso el 11 de septiembre de 1973 quede en la historia de Chile y no siga siendo presente, ya que las nuevas generaciones queremos un viva Chile presente y futuro!!

Tomara, para o bem de todos, que Sebastian Piñera se saia bem, pois queremos que o que aconteceu no dia 11 de setembro de 1973 seja enterrado no passado da história do Chile e não continue sendo o presente, já que as novas gerações desejam um “longa vida ao Chile” para o presente e para o futuro!!

O fato de que Piñera tentou, com tanto afinco, dissociar-se de Pinochet durante a campanha é um sinal positivo de uma maioria de chilenos que vêem a ditadura como uma parte infeliz de sua história. Como relatado em uma entrevista no jornal mexicano Informador [es], quando o então candidato Piñera foi questionado sobre a influência do ditador sobre as eleições, ele respondeu: “Pinochet é parte do passado. Queremos construir um futuro de união nacional, de maior prosperidade e maior justiça para todos.”

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