A caminho das eleições presidenciais no Chile, quatro candidatos lideram o primeiro turno das votações do dia 13 de dezembro: o candidato da Coalizão pela Mudança (Coalición por el Cambio) Sebastián Piñera, o democrata-cristão Eduardo Frei da coalizão governista Concertação (Concertación), o independente Marco Enríquez-Ominami e do partido de esquerda Juntos Podemos Mais (Juntos Podemos Más), Jorge Arrate.
A atual presidenta Michelle Bachelet foi a primeira mulher eleita presidenta no Chile em 2006. De acordo à constituição ela não pode se candidatar à reeleição e ficar no poder por dois termos consecutivos. O candidato Eduardo Frei busca outro termo como presidente após ter ocupado o cargo de 1994 à 2000. Filho do ex-presidente Eduardo Frei Montalva (1964-1970) cujo assassinato tem sido recentemente tema de discussão [es], Frei é apoiado pela coalizão atual no governo, que tem dominado a política chilena desde o fim da didatura de Pinochet em 1990.
Para o blogueiro Juan Pablo Opazo [es], é a experiência anterior de Frei no governo que o faz questionar se o candidato é o mais adequado para lidar com as necessidades atuais do país:
en su gobierno no se avanzo en ninguno de los temas de actualidad que hoy en día quiere captar para ganar más votos. Llamese unión civil homosexual, entrega y distribución de la pastilla del día despues, divorcio, aborto terapeutico, entre otras que jamás llevara a cabo ni plantearía de no ser por su bajo apoyo a una semana de las elecciones.
Embora a presidenta Bachelet apóie sua nominação, Frei, de 67 anos, continua sendo pouco popular entre os chilenos, fato geralmente atribuído à forte desilusão de muitos cidadãos com a Concertação e seu rumo neoliberal. Isto aumenta as chances dos concorrentes de Frei, principalmente Sebastián Piñera. O candidato de direita combina as forças do partido Renovação Nacional (Renovación Nacional), RN, com as da União Democrata Independente, (Unión Demócrata Independiente) UDI, onde muitos dos seguidores de Pinochet agora se encontram. É a segunda tentativa de Piñera em ganhar a presidência: em 2005, ele perdeu para Bachelet no segundo turno.
Piñera é um dos homens mais ricos do Chile: recentemente a revista Forbes estimou sua fortuna [en] em um bilhão de dólares. Ele esteve envolvido em um escândalo com a empresa aérea chilena LAN, pela qual foi multado em U$700,000 (R$ 1.2 milhões) ao comprar ações da empresa possuindo informações previlegiadas sobre a mesma. De uma forma ou de outra, seus diversos assuntos de negócios são matéria de crítica, como Daniel Mansuy descreve no seu blog Cuadernos de la quincena [Cadernos da Quinzena, es]:
El problema de Piñera es consigo mismo: mientras no sea capaz de explicarnos quién es, es difícil que inspire confianza. Para decirlo en otros términos: he visto a Sebastián Piñera con la camiseta de la UC (cuando iba a San Carlos), con la de Wanderers (cuando intentó ser senador por Valparaíso) y con la de Colo Colo (desde que es accionista): ¿cuál es el verdadero Sebastián Piñera?, ¿a quién hay que creerle? A veces da la sensación que ni él mismo lo sabe muy bien.
A maioria dos temas de debate para os candidatos apelam a assuntos de ordem moral: matrimônios do mesmo sexo, aborto (que é ilegal no Chile, mesmo em caso de estupro ou risco de vida para a mulher), pílulas de emergência e a legalização da maconha para uso terapêutico. Neste campo, quem tem vantagem é o candidato de 36 anos Marco Enríquez-Ominami (conhecido como MEO entre os chilenos), que publicamente deixou a Concertação este ano e agora se candidata de forma independente.
A vantagem do MEO é sua juventude: filho de um importante líder de esquerda, percebe-se que ele fica à vontade falando sobre o direito dos homosexuais, mais que qualquer outro candidato mais velho. Tal como Piñera, dono de um canal de televisão: Chilevision, MEO é um candidato que conhece bem os meios de comunicação já que tem experiência como produtor e diretor de documentários. Ainda que o sistema eleitoral chileno tradicionalmente favoreça a estabilidade de dois partidos ou coalizões, o candidato independente pode ser um sério concorrente nas eleições.
Em contraste ao fenómeno MEO (”fenômeno”, como é conhecido popularmente), Jorge Arrate, candidato da esquerda extraparlamentária, tem poucas chances de ganhar. Atraiu certa atenção nos debates na televisão e Internet, mas apesar de seus bons discursos, até seus seguidores, como a blogueira Anai Le reconhecem que sua situação é difícil [es]:
Ah, me olvidaba, Arrate no tiene ni una sola probabilidad de ganar.
Lo que a mi ojos le da una cosa como romántica; una cosa como de gladiador que da la pelea a sabiendas de que va a morir. Pero de pie.
Pra mim, isso lhe dá uma aura meio romântica; uma coisa de gladiador que vai à luta mesmo sabendo que vai morrer. Mas vai até o fim.
O blogueiro Alejandro Lavquén resume brevemente [es] outros candidatos com menos chances de continuar nesta primeira parte das eleições:
Pamela Jiles viene del mundo de la política comprometida y seria, pero sus detractores la relacionan con la farándula debido a sus últimos trabajos en televisión. Aún así, sería la alternativa confiable de los independientes. En el caso de Eduardo Artés se trata de un dirigente de larga trayectoria cuya doctrina es sólida. Héctor Vega Tapia es un desconocido públicamente comparado con los otros candidatos, pero por empeño no se queda y el nombre de su movimiento suena por lo menos significativo.
No começo deste ano, o governo propôs reformas à lei eleitoral chilena [es], criada sob o regime Pinochet, que permitem mudar o sistema atual onde o registro eleitoral é voluntário, e uma vez que seja passado, votar será obrigatório. O jornal A La Nación atualmente reporta 200,000 novos registrados [es] nos cadernos eleitorais.