Os blogueiros do Cazaquistão continuam observando a tradicionalmente não-transparente política estatal e comentam as notícias. Entre suas preocupações está o anúncio do governo de que devido à crise econômica, os aumentos dos salários para os empregados públicos, pensionistas e bolsas para estudantes programados para o começo de 2010, seriam postergados por seis meses. De qualquer forma, estas dificuldades não afetarão a nova capital do país, que o presidente [Nursultan] Nazarbaev considera seu projeto pessoal.
Thousand-pa escreve [ru]:
Apenas ontem, o país se viu agitado pela notícia de que o orçamento estava se apertando. Hoje, o presidente está se lamentando porque “Os arquitetos da cidade são lentos em trazer idéias. Nada nos foi enviado recentemente”. Tradução para as pessoas comuns: quando se trata de salários, não há dinheiro; quando se trata do amado brinquedo, há de sobra.
A atitude do país em torno da capital é ambivalente. Na propaganda oficial, veem-na como um símbolo do florescimento da república. Entre si, as pessoas resmungam a respeito – milhões de dólares gastos em bizarros experimentos arquitetônicos como o Palácio da Paz e da Reconciliação ou o Centro de Entretenimento Khan Shatyry, enquanto persistem os problemas com a água potável e a eletricidade. De qualquer forma, uma década de massivos investimentos não poderiam ter transcorrido sem resultados, e a cidade está começando a adquirir um aspecto “humano”.
Pari-from-kz escreve [ru]:
Astana é uma cidade pequena, limpa, acolhedora e silenciosa. A maioria das pessoas que você encontra nas ruas são jovens, como são a maioria dos trabalhadores públicos. Encontrarás muitas garotas bem vestidas.
O vento varre a Margem Esquerda. Para quem se construiu este centro da cidade? É uma pena que não haja pessoas aqui. De novo, de que pessoas estamos falando se a população do país é de só 16 milhões?
Esperava que as coisas fossem piores. São principalmente coisas como a velocidade da internet e tarifas de telefonia celular que me dão nos nervos.
Toda a ‘política grande” se faz agora em Astana, mas diferentemente da super-moderna paisagem urbana em que o processo ocorre, os métodos do governo lembram cada vez mais a estagnação gerontocrática soviética. Alim-atembek escreve sobre o tema [ru]:
Podemos comparar o atual período no Cazaquistão com o da década de 1970: Brezhnev, prêmios, Nomenklatura, o Partido, Dissidentes, a linha ferroviária Baikal-Amur…
Como o faz pari-from-kz [ru]:
Nossos temores estão começando a se justificar – estamos nos aproximando rapidamente da imagen do Turkmenbashi [Pai dos Turcomanos, referência à Saparmurat Nyiazov, primeiro presidente do Turcomenistão até sua morte]. Agora temos colégios, universidades, institutos de ciência e três bibliotecas nacionais que ostenta o nome do presidente. Mas o acontecimento grandioso ocorreu há dois dias, quando foi oficialmente imortalizado em bronze.
Enquanto os blogueiros de outros países estão discutindo que marcas de relógio seus presidentes preferem, pycm recorda a história sobre o anel do presidente do Cazaquistão [ru]:
Me lembro uma vez em que O Chefe veio a Karaganda, assistiu à festa de inauguração de uma casa, de uma televisão a uma família de trabalhadores públicos, etc. O corpo de imprensa publicou uma foto no site oficial onde o presidente tinha um “relâmpago” gigante em seu dedo. O eleitorado, claro, começou a resmungar na internet, dizendo que o próprio Turkmenbashi se sentiria com inveja de uma jóia tão rara. Uma hora depois o anel foi eliminado com o Photoshop.
1 comentário
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