Enquanto as atenções do mundo estavam voltadas na disputada eleição presidencial do Irã, as eleições comunais realizadas no dia 12 de junho no Marrocos atraíram poucos olhares da mídia mundial. As urnas foram oficialmente agraciadas como cruciais para o futuro do país e um importante passo na extensa jornada do Marrocos para a democracia. Blogueiros marroquinos cobriram e comentaram o evento, enquanto seus corações balançavam entre ceticismo e pleno apoio ao processo.
Trinta partidos competiram pelos votos de 13 milhões de marroquinos que foram convocados na sexta-feira para eleger cerca de 20.000 conselheiros locais para mandatos de seis anos. Mais de 30.000 seções de voto foram abertas pelo país, incluindo as províncias sulistas do Saara Ocidental. Os primeiros relatórios da mídia descreviam um baixo número de eleitores e, aparentemente, poucos jovens saíram para votar.
O blogueiro e ativista Mounir Bensallah [fr] encoraja os leitores a irem às urnas. Ele publicou o apelo de uma associação ligada ao poder, incitando os eleitores a participarem nas urnas. A citação diz:
[I]ls nous appartient d’être vigilants, en effet loin de céder au sirènes toujours sonnantes de la démocratie inachevée, il nous faut nous rappeler que la démocratie n’est qu’un processus qu’il appartient a chacun d’entre nous de faire vivre et fructifier[…]
ceux qui nous assènent que les élections communales ne sont que le faire valoir des notables de chaque ville, nous leurs répondons que si l’on peut gouverner de loin, on ne peut administrer que de près, et que si le parlement peut voter des lois, seul al 3oumda (le Maire) les faits appliquées.
Alors peu importe pour qui l’on choisi de voter, l’important c’est de décider pour notre pays, pour notre avenir et celui de nos enfants.
Então não importa em quem você vota, a coisa mais importante é decidir por nosso país, por nosso futuro e nossas crianças.
Ameaçadas principalmente pelo desafeto, eleições municipais foram descritas pelos observadores internacionais como barômetros; um espelho das tendências nas comunas. O governo teme a abstenção em massa como a que assolou as urnas do legislativo em 2007, quando quase 65% dos marroquinos não se interessaram em votar.
Enquanto o governo anuncia “51% de eleitores ausentes naquelas eleições que aconteceram sob condições normais, salvo pequenos incidentes que não afetaram o curso geral da votação” (fonte: MAP [en]), alguns cidadãos ridicularizaram o processo e reclamaram sobre a relevância de eleições que eles consideraram injusta. Badr al'Hamry, blogando em Qalami [ar], relata uma manifestação que aconteceu na cidade de Nador, no norte, na qual burros foram simbolicamente desfilados como candidatos mais justos e cujo voto valia mais à pena. Ele escreve:
ان المسيرة الاحتجاجية التي شارك فيها حماران إلى جانب البشــر بمدينة الناظــور يوم الثلاثاء 03 يونيو، أقل ما يمكن ان يقال عنها أنها تحدثت بلسان حال تلك الجماعــة الحانقة مــن كل الخروقات التي عرفتها فترة ما قبل التصويت، و من المؤكد أنها قد عبرت عــن ما يخالج مشاعرها من أسى وتدمـر، نتيجة لمشاهد الفساد الذي تعرفه هذه الدورة الانتخابية كـاستعمال للمال لشراء الأصوات الانتخابية في غياب عين السلطات المسؤولة لردع هذا السلوك اللاقانوني.
Resultados prévios parecem confirmar as preocupações de alguns blogueiros. Na realidade, como anunciado pelo ministro do Interior (a administração doméstica que rege as urnas), “os resultados de 22.158 assentos mostram que o recentemente formado Partido da Autenticidade e Modernidade (PAM) colheu a maioria das cadeiras”. Um partido notavelmente vinculado ao palácio real – como se fosse o partido do rei – dirigido por Fouad Ali El Himma, antigo colega de classe do rei Muhammad VI no Colégio Real e de quem o grupo parlamentar recentemente debandou da coalizão governamental, um movimento amplamente interpretado como uma tentativa real de formar seu próprio grupo político.
Ibn Kafka [fr] explica em detalhes a criação do partido P.A.M. – que tem agora a vitória quase certa. Ele descreve como o grupo cresceu rapidamente, atraindo…
… notables, politiques et célébrités des ONG comme le fumier attire les mouches.
Miloud E'shelh [ar] descreve violações eleitorais pelas que passou. Ele enumera 9 técnicas usadas pelos candidatos trapaceiros:
1- خرق توقيت الحملة
2- تهديد المرشح
3- تزوير أوراق الاقتراع
4- تزوير الحبر
5- الاستيلاء على مكاتب التصويت
6- سرقة صناديق الاقتراع
7- إرشاء أو تهديد مراقبي الانتخابات
8- إتلاف أوراق الاقتراع عمدا
9- تأخير الإعلان عن نتائج الفرز
2 – ameaçar oponentes
3 – falsificação de cédulas
4 – forjar impressões digitais em tinta
5 – tomar a força as seções eleitorais
6 – roubo de urnas
7 – subornar ou ameaçar fiscais eleitorais
8 – destruição de cédulas
9 – adiamento do anúncio dos resultados da contagem dos votos
No começo da semana, Larbi [fr] predisse o resultado da eleição, lamentando a falta de credibilidade e oportunidade. Ele lamenta:
Peu d’enjeux politiques, une classe politique jugée inapte et inefficace, un jeu institutionnel se rapprochant d’un pouvoir absolu. Ce n’est une surprise pour personne : l’abstention s’est installée depuis longtemps dans le paysage politique marocain. Et comme si tout cela ne suffisait pas l’ami du roi, et la tragi-comédie qu’il avait jouée ces derniers mois, est venu détruire le peu de crédibilité qui restait à ces élections.
Lutando para dominar o seu desapontamento e frustração, Najlae [fr] escreve:
Je crois que je dois étrangler à jamais mon côté d'irréductible optimiste (sous des tonnes de cynisme) qui prend toujours le dessus. Car, que de déceptions! […] Mais entre les hystériques, les sauvages, les hystériques, les sauvages, les corrupteurs déclarés, les sauvages, les incompétents, les hystériques, les analphabètes de la vie, les sauvages, les bookmakers des élections et le reste, mon optimisme ferait bien d'aller mettre un bon niqab.
Finalmente, Larbi, resume [fr] o que acredita que está em jogo. Ele escreve:
Enjeu politique majeur que celui de dire stop à la domination et la main mise de la monarchie sur le système politique. Que celui de dire qu’après plus de quinze ans de « transition démocratique » , si chère aux communicants du Royaume, et alors qu’on en attendait une évolution des institutions vers une monarchie parlementaire, l’entrisme de l’ami du roi, […] constitue un grand bond en arrière.