Global: A nomeação da primeira vice-ministra da Arábia Saudita causa alvoroço

Enquanto milhões de mulheres pelo mundo comemoram o Dia de São Valentim [equivalente em muitos países ao Dia dos Namorados, no dia 14 de fevereiro] com os presentes de seus amados, uma mulher – num país que proibiu a data festiva e a considera como “pecado” – tem boas razões para nunca esquecer do 14 de fevereiro de 2009.

Conheçam a Noura Al Fayez, professora extraordinária, um produto do sistema educacional americano, que no último sábado se converteu na primeira mulher vice-ministra do Reino da Arábia Saudita.

Blogueiros de todo o planeta ficaram alvoroçados assim que as notícias sobre Al Fayez foram publicadas, com milhares de ‘Twitterers’ microblogando sobre a nova funcionária, minutos depois de que as redes de informação, incluindo o estatal Canal Um da Arábia Saudita, deram a informação.

A britânica @lizaquincy escreveu:

liza\'s tweet

Boas notícias sobre a Arábia Saudita tendo a primeira mulher ministra de sua história. Não consigo deixar de indagar, entretanto, se sofrerá bullying de seus companheiros.

Ela completou, mais tarde, com outro tweet:

For sure it's a giant step for ‘womankind’ in Saudi Arabia, but really — how can it work when women's right are often violated there?

Com certeza é um grande passo para as mulheres [no trocadilho em inglês com ‘mankind’ (humanidade), ‘womankind’] na Arábia Saudita, mas, em sério, — como pode dar certo se os direitos das mulheres são freqüentemente violados por lá?

O americano @jeffwarrens respondeu ao tweet de Liza dizendo:

jeff\'s tweet

Acho que haverá alguns que armarão para que ela falhe, para que possam dizer “viram, as mulheres não podem fazer isso”.

Outro usuário americano do Twitter, @Jacob1207, simplemente disse:

jacob\'s  tweet

É agradável que uma mulher tenha sido designada para o Conselho de Ministros saudita. Mas, se pelo menos as mulheres pudessem dirigir pelo Reino do Deserto

O Rei Abdullah, no sábado, também dispensou o chefe da polícia religiosa e um clérigo, que justificaram o assassinato dos donos de emissoras televisivas que transmitissem conteúdo “imoral”.

O que foi amplamente noticiado como “a reforma”, a primeira desde que o rei chegou ao poder em agosto de 2005, incluiu a nomeação de Al Fayez como vice-ministra para a educação das meninas – de longe a posição mais alta que uma mulher saudita já conseguiu.

Mas enquanto as notícias da primeira ministra do reino continuam a surgir, os blogueiros mundiais estão rapidamente expressando sua preocupação por Al Fayez.

Eles são rápidos em questionar se ela terá ou não alguma influência em um país no qual as mulheres ainda encaram forte discriminação em muitos aspectos de suas vidas – incluindo educação, emprego e o sistema de justiça.

Eman Al Nafjan, a mulher por trás do Saudi Woman’s Weblog aclamou a nomeação de Al Fayez, chamando-a de “um salto para o progresso” para seu país.

Today is definitely a happy day. Saudi Arabia has made a leap of progress. King Abdullah surprised everyone yesterday morning with major overhauls to the judicial and educational system. And the biggest bombshell of all was that a woman was appointed as head of girl’s education. This is a position that has always belonged to the longest bearded most conservative muttawa possible and now to have a woman in it is FANTASTIC, notwithstanding the fact that the woman who was chosen is a moderate Muslim, educated and a highly qualified woman. She has extensive experience in girl’s education. I doubt that that they could have found anyone more qualified.”

Hoje é definitivamente um dia feliz. A Arábia Saudita deu um salto para o progresso. O rei Abdullah surpreendeu a todos ontem pela manhã com grandes renovações nos sistemas educacional e judiciário. E a maior bomba de todas foi que uma mulher foi nomeada como diretora da educação das meninas. Este é um cargo que sempre pertenceu ao muttawa da barba mais comprida e o mais conservador possível, e ter uma mulher agora nele é algo FANTÁSTICO, sem esquecer de que a mulher eleita é uma musulmana moderada, educada e altamente qualificada. Ela tem experiência na educação das meninas. Duvido que poderiam encontrar alguém mais apto.

Eman, que é professora Riyadh, também destacou que a fotografia de Al Fayez em um jornal local mostra sua face descoberta.

Now there's a lot of buzz that of course she wouldn’t be this progressive unless she was a non-tribal woman, probably originating from Jordan or Palestine and she definitely is divorced because no “real” Saudi in his right mind would allow his wife to appear publicly with her face uncovered. I am very proud to say that actually she belongs to one of the biggest tribes in Saudi, Bani Tameem from Al Nawayser part of it and she is from Al Washim here in Najd. Her husband very much supports her and is proud of her.

Agora há muito alvoroço, é claro, de que ela não faria tanto progresso se fosse uma mulher tribal, provavelmente com origens na Jordânia ou na Palestina, e que teria de ser divorciada, pois nenhum saudita “de verdade” e com a cabeça no lugar permitiria que sua mulher aparecesse em público com sua face à mostra. Estou muito orgulhosa em dizer que ela pertence a uma das maiores tribos da Arábia Saudita, Bani Tameem da parte de Al Nawayser e que ela é de Al Washim aqui em Néjede. Seu marido a apóia muito e está orgulhoso dela.

A blogger Rasha, que também é da Arábia Saudita, expressou sua esperança em MidEastYouth.com que isto seria um ponto de virada para seu país.

King Abdullah of Saudi Arabia surprised the nation with a shakeup that is considered the biggest change that happened in this country in 20 years.

Noura Al-Fayez, an official at the Saudi Institute for Public Administration, was elevated to the new post of deputy minister of women’s education; the first time a woman has been appointed a deputy minister in the history of this country. Al-Fayez’s appointment appeared to be the king’s response to increased lobbying from women’s rights groups against discrimination.

Other changes have been done in several ministries and hopefully this will be a turning point for this country. However, actual changes do not happen overnight. yet this is a step in the right direction I believe and I hope to see the fruits of all positive changes in my lifetime…

O rei Abdullah da Arábia Saudita surpreendeu a nação com uma reorganização considerada a maior mudança que ocorreu no país em 20 anos.

Noura Al Fayez, uma funcionária do Instituto Saudita para a Administração Pública, foi elevada ao novo posto de vice-ministra da Educação das mulheres; a primeira vez que uma mulher foi nomeada vice-ministra na história do país. A nomeação de Al Fayez parece ser a resposta do rei para a crescente pressão dos grupos pelos direitos das mulheres contra a discriminação.

Outras mudanças foram feitas em vários ministérios e, com um pouco de sorte, este será um ponto de virada para este país. Entretanto, as verdadeiras mudanças não acontecem de repente. Ainda assim, eu acredito que este seja um passo na direção e espero viver para ver os frutos de todas as mudanças positivas…

Reme Ahmad, cujo blogue OpEd deu uma trégua da política malaia para escrever sobre Al Fayez em sua postagem Saudi Appoints First Woman Minister [Arábia Saudita nomeia a sua primera mulher ministra].

Alright, so she is a DEPUTY Minister. OK lah. Better than nothing. I wonder whether the Saudis would soon allow women to drive…

As for women ministers, in other Muslim countries, I am glad to say this is a non-issue. We had two Battling Begums in Bangladesh, both of whom were prime ministers. One of them is now back as PM, fighting off the other. In Pakistan, Benazir (Bhutto) is still a top name despite her demise a year ago. In Southeast Asia, we have ministers-in-bujakurongs (different from bananas-in-pajamas) in Indonesia and Malaysia for a long time.

Still, hurray for Saudi Arabia, the country that guards the two holy mosques.

Muito bem, então ela é uma VICE-ministra. OK. Melhor do que nada. Me questiono se os sauditas deixarão, em breve, deixarão as mulheres dirigir…

Sobre mulheres ministras, em outros países muçulmanos, fico feliz em dizer que isso não é um problema. Temos duas Begums batalhadoras, e ambas foram primeiras ministras. Uma delas está novamente agora como primeira ministra, combatendo a outra. No Paquistão, Benazir Bhutto ainda é um nome de primeira, apesar de seu falecimento há um ano. No sudeste da Ásia, temos ministros-de-bujakurongs (que não são bananas de pijamas) na Indonésia e Malásia há um bom tempo.

Ainda assim, um ‘viva’ pela Arábia Saudita, o país que abriga as duas mesquitas sagradas.

A americana Merv Benson, autora de Prairie Pundit, acredita que reorganização foi necessária.

(Sheik Ibrahim al-Ghaith, former head of the Commission for the Promotion of Virtue and the Prevention of Vice) and his thugs were a continuing source of embarrassment to the Saudis. They arrested a business woman for having coffee at a Starbucks with a business associate. In another case they arrested an immigrant who was assisting a sickly neighbor.

Perhaps their most heinous act led to the death of girl students who were not allowed to escape a fire in a dormitory because they did not have escorts or “proper” attire.

This appears to be a wise move by the Saudi King.

(Sheik Ibrahim al-Ghaith, antigo chefe da Comissão pela Promoção da Virtude e da Prevenção ao Vício) e seus bandidos são uma fonte constante de envergonhamentos para os sauditas. Eles prenderam uma comerciante por tomar café na Starbucks com um sócio de negócios. Em outra ocasião, prenderam uma imigrante que ajudava seu vizinho doente.

Talvez o ato mais terrível deles tenha sido o que levou à morte de duas estudantes impedidas de escapar de um incêndio em seus dormitórios por que não estavam vestidas com roupas “adequadas”.

Este parece ser um movimento inteligente do rei saudita.

The Cylinder apontou que a reorganização do rei Abdullah representou “pequenos passos de bebê”.

Saudi Arabia has appointed the kingdom’s first woman minister in a cabinet reshuffle that also saw the dismissal of four ministers and heads of the powerful religious police and judicial bodies. King Abdullah Bin Abdul Aziz appointed Noura Al Faiz as deputy minister for women’s education, in a move considered a milestone in Saudi Arabia.

Really tiny baby steps … and such a long way to go!

A Arábia Saudita nomeou a primeira mulher ministra do reino em uma reoganização de gabinetes que também viu a dispensa de quatro ministros e chefes de poderosas polícias religiosas e corpos jurídicos. O rei Abdullah Bin Abdul Aziz nomeou Noura Al Fayez como vice-ministra para a Educação das mulheres em um movimento considerado um marco histórico na Arábia Saudita.

Pequenos passos de bebê… e um caminho tão extenso para atravessar!

Sabha999 escreveu em Religion Compass que o mundo vai vigiar de perto os direitos das mulheres depois da recente nomeação de Al Fayez.

While the religious police were busy with detaining salesmen for selling Valentine gifts, King Abdullah removed the chief of the religious police on the banned holiday.

Educational changes too are expected, with the appointment of Al Fayez, the first woman ever to serve on the Saudi cabinet, as deputy for girl’s education. All of this is believed to shake up the religious establishment.

Enquanto a polícia religiosa estava ocupada detendo comerciantes por venderem presentes para o Dia de São Valentim, o rei Abdullah tirou o chefe da polícia religiosa no dia do feriado banido.

Mudanças educacionais são esperadas, com a nomeação de Al Fayez, a primeira mulher a servir no gabinete saudita, como vice para a Educação das meninas. Com tudo isso se espera balançar o estabelecimento religioso.

É um fato conhecido que é contra a lei comemorar o Dia de São Valentim na Arábia Saudita. A cada ano, a polícia religiosa faz suas rondas para ter certeza de que ninguém celebre o feriado proibido.

Oficiais inspecionam aleatoriamente as lojas por presentes e outros itens que sejam vermelhos ou sugiram o feriado e os retiram das prateleiras. A cada ano, um número de comerciantes são detidos durante vários dias por infringirem a lei.

O Dia de São Valentim, banido por causa de suas origens como celebração do mártir cristão do século III, é alvo de perseguição por que homens e mulheres solteiros não podem ser deixados sozinhos.

1 comentário

Cancelar esta resposta

Junte-se à conversa -> José

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.