No último fim-de-semana, a revista de notícias Semana revelou que alguns agentes do Departamento Administrativo de Segurança (DAS, na sigla em espanhol), a “polícia secreta” da Colômbia, fez escutas telefônicas ilegais de políticos, jornalistas, magistrados, intelectuais, e – desta vez – até dos oficiais de governo próximos ao presidente Álvaro Uribe, incluso de secretários particulares e jurídicos, e de um membro de sua equipe de seguranças. A situação é ainda pior: de acordo com a revista, alguns destes agentes supostamente venderiam a informação obtida com o grampo ilegal para “quem desse o lance mais alto”, e entre os compradores seriam as guerrilhas, os paramilitares ou os traficantes de drogas. A maioria das gravações, segundo a revista, foram destruídas [es] entre os dias 19 e 21 de janeiro. A história foi repetida [es], por outros meios de comunicação, depois da revista chegar às bancas na manhã de sábado.
No domingo, agentes do Centro Tecnológico de Investigação (CTI), do gabinete do procurador geral da República, forçaram a entrada no quartel do DAS, causando um conflito [es] entre as instituições. Em seguida, o primeiro oficial de alto-escalão do DAS foi dispensado. O Supremo Tribunal emitiu um comunicado [es] exigindo conclusões do procurador geral. A oposição acusou o governo pelas escutas. Um caso de invasão de emails foi denunciado [es]. O presidente Uribe nega a acusação, declarou que também é “vítima”, e culpou “uma máfia infiltrada” no DAS. O ministro da Defesa Juan Manuel Santos queria que a agência de inteligência fosse desmembrada, mas o governo discordou [es].
Grampos telefônicos (ou ‘chuzadas’, como são conhecidas coloquialmente no espanhol da Colômbia) não são novidade na administração de Álvaro Uribe. Em maio de 2007, a mesma revista publicou gravações de comandantes paramilitares, em cárcere, conversado sobre planejamento de crimes, e depois mais grampos ilegais, feitos por uma unidade da elite da polícia da inteligência, foram descobertos. Como conseqüência, Uribe dispensou 14 generais da polícia, tornando Gen. Óscar Naranjo o novo (e atual) diretor da polícia nacional. Mais tarde em 2008, o senador de esquerda (e antigo guerrilheiro do M-19) Gustavo Petro denunciou que ele e seu partido estavam sendo seguidos pelo pessoal do DAS desde agosto e publicou dois memorandos emitidos por um chefe de seção do DAS. Seu diretor e um oficial de médio-escalão, que ordenaram a ‘vigília’, foram dispensados. Em ambos os casos, o governo negou estar envolvido.
Sentido Común e Charly escrevem sobre as palavras de Uribe a respeito do escândalo. Sentido Común [es] se preocupa com a nossa segurança nacional:
De corroborarse la reiterada tesis de Uribe sobre la existencia de una mafia al interior de su gobierno, se estaría evidenciando la impotencia gubernamental para controlar cabalmente los cuerpos secretos del Estado, situación que estaría exponiendo al país a un estado de indefensión en materia de seguridad en diferentes flancos y con la gravedad que implica la convivencia con organizaciones mafiosas, enquistadas dentro del propio Gobierno.
Enquanto isso, Charly [es] parece desacreditado com o governo e pergunta sobre quem está atrás de tudo isso:
No me como el cuento que funcionarios de mandos medios del DAS actúen solos y que el Gobierno sea víctima de un complot. Estamos ante escándalos de mayores proporciones que, sumado al caso de Noguera y al de la Dipol (que tumbó a varios generales) evidencian una crisis de la democracia, un atentado contra el pensamiento y la libre opinión en Colombia.
Valentina Díaz questiona alguns pontos [es] em Realidades Colombianas:
La presidencia de la república niega, el Director del Das hace lo mismo. Ninguno de los mandos ni jefes del servicio secreto a disposición del Presidente de la República ha ordenado escuchar a un grupo selecto de personas no adeptas a su gobierno. Pregunta: ¿Acaso, al interior del Das cada cual hace lo que se le viene en gana? ¿Se trata de gente desbocada y sin control superior? “Según información que me han dado, hay conversaciones que están ahí y eso es muy grave”, dice el jefe del Das. En otras palabras, muchos saben de la intercepciones telefónicas, son dominio público, solo lo ignoran el presidente y el Jefe.
E Carmen Posada zoa a “paranóia” [es] do presidente Uribe:
De acuerdo con Orwell, el Gran Hermano nos vigila todo el tiempo. Ya no podemos ni siquiera tirarnos un pedito sin que Uribe esté enterado, los que usamos la web ya no podremos siquiera mandarle un mensajito calentón al novio porque este degenerado va a pensar que estamos haciendo terrorismo virtual en mensajes cifrados.
No le creo ni media palabra a Uribe en el tema de las chuzadas de los teléfonos, no lecreo que no haya dado la orden aunque no exista una sola prueba de ello y no le creo porque el único interesado en seguir los pasos de la oposición es él que como buen estratega delirante es, además, paranoico.
Mas o jornalista Jaime Restrepo, em Atrabilioso [es], justifica a escuta como conseqüência do conflito armado interno, e ataca [es] alguns canais midiáticos que também publicaram histórias baseadas nos grampos telefônicos:
En medio de un conflicto interno como el que vive Colombia, la investidura de político opositor, periodista o jurista es accesoria, pues en muchos casos son fachadas para ocultar acciones criminales en contra del Estado y por supuesto, contra la administración que lidera un bando en el conflicto.
En ese orden de ideas, mal haría el gobierno en renunciar a la potestad de investigar a aquellos ciudadanos que pueden desestabilizar al país mediante apoyos y manejo de información que beneficie al bando que intenta subvertir el orden y llegar al poder por una vía diferente a la democrática.
Pero aquí hay más de fondo: en Colombia, los grandes beneficiados de las interceptaciones telefónicas han sido los medios de comunicación: Noticias Uno y Semana, entre otros, han liderado la publicación de escándalos basados en grabaciones obtenidas mediante interceptaciones ilegales.
Mas há algo mais: na Colômbia, os maiores beneficiados das interceptações telefónicas foram os meios de comunicação: Noticias Uno e Semana, entre outros, lideraram a publicação de escândalos baseados em gravações obtidas mediante interceptações ilegais.
Mr. Restrepo também questiona a maneira como a Semana obteve a informação de alguns agentes do DAS, como podem ser confiáveis com poucas ou nenhuma evidência, e até mesmo de algumas declarações feitas na reportagem. Ele acredita que há dúvidas e que a história toda pode ser um complô “cuidadosamente preparado” contra o governo.
O jornalista francês Jacques Thomet, antigo editor-chefe da AFP, compara [fr] o escândalo na Colômbia com o de François Mitterrand na France durante os anos 90:
Comme peuvent le constater en France ceux qui qualifient de fasciste le régime de Bogota, […] les médias disposent en Colombie d’une liberté d’expression supérieure à celle en vigueur …en France.
Sous le régime socialiste de François Mitterrand, plus de 3.000 écoutes illégales ont été réalisées dans mon pays contre des journalistes et autres personnalités de 1983 à 1986 par la cellule anti-terroriste créée par le président français dans les locaux mêmes de l’Elysée ! Le résultat ? La presse n’en a parlé qu’en 1993, Mitterrand a éjecté trois journalistes belges qui lui avaient posé la question, et les coupables n’ont été condamnés qu’à des amendes. (…) La république bananière, elle se trouve à Paris ou à Bogota ?
Mas ao final, @ElReticente soma tudo, com ceticismo, desapontamento, e raiva neste tweet [es]:
E, apesar de algumas demissões e do frenesi da mídia, assim como nos outros escândalos, é provável que nada aconteça depois de alguns dias ou semanas, independentemente do fato de que algumas pessoas estão comparando [es] este assunto com o regime de Alberto Fujimori no Peru, durante os anos 90. Outro escândalo, outro ataque, outro assassinato, ou outra controvérsia envolvendo Uribe, as FARC, a oposição, ou a qualquer outra pessoas, estará nas manchetes e será o assunto do dia na Colômbia.
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