Madagáscar: Uma resolução para a crise política que assola o país há um mês?

negotiation with armed forces

Negociações

(Crédito da foto: Avylavitra)

Desde 7 de fevereiro, quando a violência política iniciada no fim de janeiro [en] culminou na morte de pelo menos 30 pessoas em Madagáscar [en] atingidas por tiros disparados pelas forças armadas, o país é palco de um tenso impasse politico. Nas duas semanas que passaram, várias delegações diplomáticas estrangeiras [en] tentaram mediar um acordo entre o Presidente Marc Ravalomanana [en] e Andry Rajoelina [en], líder da Autoridade Máxima de Transição. Apesar de várias tentativas de mediação, os dois rivais nunca se encontraram frente a frente, uma vez que as partes não entraram em acordo [en]  quanto às condições prévias para esse encontro.

Em 19 de fevereiro, Rajoelina incitou seus partidários a invadir alguns gabinetes ministeriais e instalar os ministros que ele designou para o governo de transição. Depois que uma delegação da oposição conseguiu entrar prédios governamentais, as forças armadas retomou o controle [en] dos prédios à noite. Ethan Zuckerman [en] escreveu um resumo dos acontecimentos e trouxe um amplo contexto dessa peculiar cadeia de eventos [en].

Após jurar que faria o que fosse preciso para trazer a democracia e retirar a administração atual do poder, Rajoelina surpreendeu muitas pessoas ao concordar em encontrar Ravalomanana em um local neutro [en], sendo que foi escolhida a sede da igreja ecumênica de Madagáscar [en] (FFKM).

A reunião resultou em um documento com cinco pontos [mg] onde os dois lados concordaram em suspender a retórica agressiva, os protestos públicos e prisões políticas, e em avançar nas negociações. A Rádio France International (RFI) noticiou que há a possibilidade de que seja criado o cargo de primeiro-ministro para a transição [fr, áudio].

A opinião pública quanto aos últimos eventos é variada. O longo impasse político parece ter conseguido dividir o país [en] em três campos: um apoiando cada um dos rivais políticos e um terceiro, que parece apoiar a restauração do status quo de antes da crise.

Arinaina destaca a tomada e retomada dos gabinetes ministeriais [en]:

Andry Rajoelina threatened the armed forces that their wives would be at the front line of the protests, were they to dare shooting at the people. On Thursday, TGV leaders proudly announced that 4 ministries were taken: Ministry of Education – Ministry of Interior – Ministry of Homeland Security – Ministry of decentralization. Early on Friday morning, bad news for the protesters with TGV. The news on RNM (the national radio) announced that, the night before, military forces came to the ministers and arrested the TGV agents who stayed there to keep the ministries. Those arrested were kept at the HQ of Betongolo. On Friday, angry or disappointed (I do not know), Andry Rajoelina announced the meeting at the Place du 13 Mai that the protesters will march on to keep fighting on Saturday

Andry Rajoelina desafiou as forças armadas [perguntando] se eles teriam tido coragem de atirar contra o povo caso suas esposas estivessem na linha de frente dos protestos. Na quinta-feira, os líderes do TGV anunciaram com orgulho que 4 ministérios tinham sido tomados: o Ministério da Educação – o Ministério da Justiça – o Ministério da Segurança Nacional – o Ministério da Descentralização. Na sexta-feira de manhã, chegaram notícias ruins para os manifestantes de TGV. As notícias na RNM (a rádio nacional) anunciaram que, na noite anterior, as forças militares foram ao ministério e prenderam os agentes de TGV que tinham ficado lá para segurar os gabinetes. Os presos foram levados para o quartel-geral de Betongolo. Na sexta, com raiva ou decepcionado (eu não sei), Andry Rajoelina anunciou no encontro no Place du 13 Mai que os manifestantes marchariam para continuar a luta no sábado.

protest

Protesto

(Crédito da foto: Avylavitra)

Jentilisa destaca as lições aprendidas naquele dia agitado ao colocar os eventos em uma perspectiva histórica [mg]:

Hita manko fa tena fihatsarambelatsihy sy fombafomba fotsiny no nataon’ny tafika teo fa tsy zavatra hafa mihitsy. [..]

Indroa (intelo akory aza) manko izay no efa nisy fihetsika toy ireny teto Madagasikara fa tamin’ny vanim-potoana samihafa ihany koa.

Eu acredito que a presença de forças armadas na frente do ministério foi só o começo […] Isso já tinha acontecido antes (duas ou três vezes, na verdade) em pontos diferentes da história de Madagáscar.

Gazetyavylavitra resume o sentimento de que a crise já se passa há muito tempo [mg]:

Be izay andro very izay. Samy milaza sy manao izay tiany hatao na ny andaniny na ny ankilany. Mbola betsaka ny olona manaraka ny hetsika eny amin’ny 13 mai. Nefa koa tsy vitsy ny mpitazana no efa manomboka maneho hevitra eny an-tsisiny eny.

Muitos dias já foram perdidos. Todo mundo diz e faz o que bem quiser, dos dois lados. Há ainda uma grande multidão protestando em Place du 13 Mai. Mas há também um monte de observadores que começam a opor-se contra tudo isso.

Aiky, blogando no Malagasy Miray, quer falar sobre algo que não seja crise só para variar, depois de ter deixado seu ponto de vista em duas postagens anteriores [fr]:

Lors qu’on recherche des articles sur Madagascar, on ne parle plus que de politique et de crise sur le web. Payons nous le luxe de parler d’autres choses dans Malagasy Miray

Política e crise são as únicas coisas que podem ser encontradas sobre Madagáscar na internet hoje em dia. Vamos nos dar o luxo de discutir alguma coisa diferente aqui no Malagasy Miray.

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