Enquanto boa parte do mundo assistia televisão para saber os resultados das eleições americanas [1], muitas televisões no México foram sintonizadas nas imagens do trágico acidente de avião na capital do país. Na terça-feira de manhã, um pequeno avião carregando 8 pessoas, dentre as quais dois membros importantes do combate do governo mexicano ao crime organizado e ao tráfico de drogas, caiu na hora de maior movimento no trânsito, na vizinhança de Chapultepec, deixando pelo menos 13 pessoas mortas, todas as que estavam no avião e algumas vítimas em terra.
Entre as casualidades, estava Juan Camilo Mouriño, que era o segundo mais poderoso membro do executivo depois do Presidente Felipe Calderón [2]. O presidente expressou seus pêsames dizendo aos filhos de Mouriño que “o pai deles trabalhou até o fim para deixar-lhes um país melhor. [3]” [es]
Mex Files explica quem Mouriño era dentro do governo [4] [en]:
This is a huge issue, with both national security, political and international implications. Mouriño, who was only 37 years old, but was the second most powerful figure in the Mexican executive branch. Secretaria de Gobernacion has no real equivalent in English. His title is sometimes translated as “Interior Minister” or “Home Secretary” but the closest U.S. counterpart would be the Secretary of Homeland Security … as well as Director of National Security, and the closest thing Mexico has to a Vice-President.
His selection last March, as a replacement for President Calderon’s original Secretaria de Gobernacion, Francisco Ramírez Acuña, was highly controversial. Ramírez was widely despised even in his own party for his alleged ties to narcotics dealers, and accused of being AWOL — or at least negligent — in the anti-narco war, on top of his tolerance of human rights abuse during his tenure as Governor of Jalisco. Mouriño, though seen as a young, fresh face came with his own baggage.
Sua eleição em março passado, em substituição do Secretaria de Gobernacion original do Presidente Calderon, Francisco Ramírez Acuña, foi altamente polêmica. Ramírez foi bastante desdenhado até mesmo em seu próprio partido por causa de seus laços, segundo consta, com traficantes de drogas, e por ser acusado de ter se abstinado — ou pelo menos ter sido negligente — na guerra contra o narcotráfico, além de sua tolerância a abusos dos direitos humanos durante seu mandato no Governo de Jalisco. Mouriño, embora seja visto como jovem, um rosto novo, veio com bagagem própria.
*Nota da tradução: Em traduções em português, o cargo dele aparece mais comumente como Ministro do Interior ou ministro de Governo (interior).
No avião estava também o ex-promotor público no combate às drogas, Jose Luis Santiago Vasconcelos, que já tinha sido alvo de uma tentativa de assassinato no passado. A presença dos dois homens na aeronave resulta na teoria de que não houve um acidente, e sim um atentado deliberado contra suas vidas. Tais especulações apareceram em muitos blogues mexicanos, escritos por pessoas que se acostumaram a ouvir histórias de oficiais públicos e autoridades de segurança sendo mortas no decorrer dos últimos meses. Mesmo que o governo Mexicano tenha atendido a uma recente coletiva de imprensa e divulgado fitas e vídeo [5] que indicam que não houve explosão, o que teria espalhado destroços por toda a parte, as investigações terão continuação, embora muitos as vejam como uma dura tentativa de fazer relações públicas.
RBD Boy do Blog.com.mx [es] acha que, seja como for, haverá especulações e teorias em função do papel dos ocupantes do avião na luta contra o tráfico de drogas [6]:
Personalmente, creo que será una tarea muy difícil para el Gobierno Federal explicar este tragico suceso y convencer a todo el país que no fue un atentado; ya que esto podría ser (y recalco, “podría ser“) una represalia del narco por la purga que se esta dando en la SIEDO.
O que isso significa para a sociedade Mexicana? Daniel Manrique do Tome Chango Su Banana [es] vê [7] tanto o lado pessoal quanto o político:
Let me be cold-hearted for a while and state this: Mouriño’s death will not have a great impact for Mexico or even for president Felipe Calderón’s team, his plans or aspirations. Because for all the power his position brought, Mouriño himself was a rather grey politician. So yes, let the president give speeches about how we lost a “great mexican” (he was born in Spain so even that is debatable). But the truth is, Mouriño will get replaced by someone else, with similar political prowess, capabilities, aspirations and a similar position to further Calderón’s plans, whatever they are. And in the public eye, Mouriño will fade and then disappear, to become a footnote like Ramón Martín Huerta (whose name, incidentally, has resurfaced in connection with the Mouriño tragedy).
He will disappear, that is, in the eyes of everybody but his family and friends: these people didn’t just witness the death of a high-ranking government officer; they lost a friend, a father, a husband, and a son. To them, and to all the relatives of the deceased, the tragedy has a very personal feel. This is the level at which us normal people can empathize and understand the magnitude of what happened, for any loss of human life is to be regretted. So indeed, let our prayers (for those who pray) and our condolences and best wishes be with mr. Mouriño’s family, as well as with those of all the others who lost their lives or were injured in the tragedy.
Foto [8] de Afagen