Brasil: O aborto é um direito, não um crime

O Sapataria, um blogue brasileiro sobre direitos LGBT e da mulher, publicou fotos do recente protesto promotivo por entidades ligadas a questões de gênero contra o enfoque dado ao aborto nas leis brasileiras, e partilha conosco algumas idéias sobre o tema: “Em vários países o fato do aborto ser considerado crime penaliza diretamente as mulheres pobres, principalmente as negras, que tem menos acesso aos serviços de saúde e métodos contraceptivos. […] Trata-se de um atentado à autonomia e à dignidade das mulheres, em sua maioria pobre, sem acesso a assistência jurídica e psicológica.”

43 comentários

  • Sim

    Amigo isso e tudo muito bonito e eu concordo com cada 1 faz o que quer tem liberdade para isso o problema e que depois prejudicam a minha vida prejudicam a vida da criança obrigam-nos a pagares-lhe casa comida e tudo , e a criança revoltada ainda vem matar os nossos filhos por isso essa utopia que voce tem de bonito nao resulta veja o resultado que ta ai , voce tem o direito a fazer o que quiser desde que nao ultrapasse a liberdade dos outros , se uma pessoa nao tem dinheiro para comer nao deve ter filhos , eu nao sei como as pessoas ajudam africa sabendo que a fome doenças vai-se prepetuar porque eles tem 10 crianças por pessoa em vez de incentivarem a nao terem mais filhos para finalmente terem uma sociedade boa.

  • Vamos por partes então, Sim…

    As minhas palavras, que você chama de utopias, são marcos mínimos de respeito aos direitos humanos. Se você acredita que o respeito aos direitos humanos é uma utopia, considero isso um bocado preocupante. O que você quer dizer, por exemplo, com “obrigam-nos a pagares-lhe casa comida e tudo”? Crê, por exemplo, que os necessitados o são por que o querem? Acredita na falácia liberal de que quem trabalha enriquece e que os pobres são os preguiçosos que não quiseram trabalhar para enriquecer? Acredita que todos tem chances? Estará chamando de preguiçosos então os africanos, nas costas dos quais — por meio da escravidão — Portugual enriqueceu explorando suas colônias? Estará chamando de preguiçosos aqueles que foram privados e roubados daquilo que tinham para enriquecer outros, que exploravam também seu trabalho? O que é que você chama de preguiça? Se você acredita que ser roubado, violentado e empobrecido simplesmente por que tinha riqueza é preguiça, deveria pensar então que seus filhos — que você teme que sejam atacados pelos “filhos dos pobres” — devem ser muito preguiçosos, afinal eles só seriam atacados pois tem coisas a serem roubadas, a serem cobiçadas. Pense nisso.

    Não é também, a meu ver, uma utopia respeitar as dificuldades e questões de pessoas que vivem em contextos que você não entende nem tem como entender. Você já andou pela África? Já estudou sua história fora dos livros que os maiores exploradores do continente africano escreveram? Já leu a história escrita pelos explorados, ou será que a história dos “preguiçosos que só sabem ter filhos” não te interessa? O mundo é mais complicado do que a rua calma que contemplas de sua janela européia, mas pode acreditar — a bonança que tens e temes que seja roubada foi construída com o sangue daqueles que agora deploras. Sente-se no direito de fazê-lo? Então não se surpreenda com a revolta daqueles que tão soberbos criticas agora. A violência social é em grande parte uma expressão desta revolta.

    E se você não sabe por quê as pessoas ajudam a Africa, talvez devesse entender um pouco melhor por quê a Africa é a Africa que hoje vemos. Terá sido sempre um continente pobre “cheio de coelhos preguiçosos”? Ou será que a pobreza, a guerra, a doença e a desgraça que hoje açoitam o continente africano tem, de muitas formas, algo a ver com a invasão, a colonização, a manipulação política e econômica e a exploração lá promovidas pelos colonizadores, missionários e emissários de Europa?

    E o que tudo isso tem a ver com o direito da mulher em decidir o que fazer com seu corpo? Como é que fomos parar de uma coisa na outra? Para mim parece simples: é muito fácil falar de um tema e esquecer da forma como ele se articula com tantos outros. Conhecimento, consciência, não são coisas fáceis de se obter. É por isso, pelo reconhecimento de nossa própria ignorância, que deveríamos saber ouvir mais do que falar. Pois a cada passo na direção que consideramos certa, podemos estar tropeçando em tantas mais outras questões que são bem mais complexas do que entendemos…

    E assim gira o mundo, Sim. E ele não gira à volta de nossos umbigos brancos, burgueses e ricos.

    Abraços do Verde.

  • Olá Pola,

    obrigado pelo apoio. Concordo plenamente também com suas colocações. É necessário que as pessoas abram os olhos para tendências que são seguidas e afirmações que são feitas inocentemente, mas que na verdade representam a continuidade da opressão de gênero em nossa sociedade (e em várias outras). O mesmo se aplica a questões raciais e sociais. Por vezes não enxergamos — por não saber ou por não querer ver — mas são justamente as coisas que achamos mais normais aquelas que são mais perversas.

    Abraços do Verde.

  • Sim

    Como voce pode justificar alguem que nao tem dinheiro para si ter 3 filhos e eles morrerem a fome e pura ignorancia nao tenho pena de pobre nao , nao querem trabalhar tem filhos como meio de sustento , nao escolheram nascer assim mas escolheram continuar assim e eu nao sou rico.

  • Justificar? A complexidade humana precisa ser justificada?
    Nem sempre as pessoas agem como nós, olhando de fora, consideramos mais racional. Isso não quer dizer que não tenham seus motivos. Quer dizer, no máximo, que nós não os compreendemos ou enxergamos.

    Mas eu fiquei impressionado com suas frases…
    “nao querem trabalhar tem filhos como meio de sustento , nao escolheram nascer assim mas escolheram continuar assim”?
    Você realmente acredita que “os pobres” não querem trabalhar, e tem filhos como meio de sustento? Pior ainda, acredita que eles escolheram continuar pobres? Você não pode estar falando sério, Sim.

    De qualquer forma, parece que essa discussão não vai a lugar algum. Você nem se deu ao trabalho de responder minhas perguntas. Sabe-se lá se sequer lê o que escrevo…

    Abraços do Verde.

  • Diviol Rufino

    A vida está acima de qualquer credo ou religião. Quando ela está em jogo, não importam as diferenças. O que precisa aumentar em nós é a busca de soluçõe criativas e sermos capazes de lidar construtivamente com a grande tarefa a que todos somos chamados: contruir um mundo solidário. As mulheres negras e pobres que continuam abortando são o espelho da degradação social a que chegamos, elas precisam ser amparadas no seu desejo de ser mães e não serem estimuladas – pela nossa ganância – a serem assassinas.

  • Olá Diviol Rufino,

    Eu também acredito que a vida está acima de qualquer credo e de qualquer religião. Mas chamo a atenção para o quê estamos chamando de vida. Será ela meramente um fato biológico, sobrevivência e continuidade da vida biológica, ou estamos falando de uma vida completa, com dignidade, oportunidades de crescimento e de realização pessoal?

    Quisera vivêssemos em um mundo onde todos tem oportunidades de forma igual. Quisera vivêssemos em uma sociedade que recebe bem a todos, e onde todos podem encontrar apoio entre todos — uma comunidade sem preconceitos, bairrismos, exploração…

    Mas esta não é a nossa realidade. E na nossa realidade, muitas pessoas vivem — no sentido biológico — e morrem sem ter tido uma chance sequer de viver de forma digna, e sem nenhuma oportunidade de sair da situação limite onde nasceu e viveu. E é nesta sociedade, a sociedade em que vivemos, que o direito de escolha por parte da mulher e do casal se faz mais necessário. O direito de escolher se quer colocar no mundo um filho que, assim como você, não terá chances. O direito de escolher se pode arcar com mais uma boca para alimentar, mais um dependente para cuidar, mais uma pessoa para ver sofrer ou, pior ainda, para ter que abandonar.

    Se vivêssemos naquele mundo perfeito, provavelmente todas as pessoas também teriam perfeitos conhecimentos de métodos anticoncepcionais, e todos eles seriam 100% eficazes. Naquele mesmo mundo perfeito, todas as pessoas teriam amor e saúde interior suficiente para criar quantos filhos quisessem, e teriam todo o apoio para isso.

    Mas no mundo em que vivemos, com todas as suas guerras, toda a pobreza, toda a doença do corpo e da alma, e como toda a falibilidade humana, retirar do indivíduo o direito de escolher sobre a própria vida, e uma vida que possa vir a colocar no mundo, é um absurdo. É neste mundo em que vivemos, já que não vivemos nem sabemos de nenhum outro, que o aborto deve ser um direito de toda mulher.

    Se um dia vivermos em um mundo diferente, a gente conversa.

    Abraços do Verde.

  • Diviol Rufino

    Se a humanidade tivesse optado pelo aborto, priorizando a classe pobre, nós não teríamos conhecido a genialidade de muitos artistas, atletas, lideres mundiais de peso, jogadores do futebol brasileiro – que trazem inúmeras divisas para os clubes de vários países e empresas do mundo. Foi com esse discurso excludente que – não a muito tempo atrás – o mundo ficou estarrecido com um Hitler, um mussolini e tantos outros que ainda estão cm o poder de extermíno entre as mãos. O que precisamos mesmo é criar vergonha na cara, sairmos do nosso egoismo, da nossa indiferença, dos nossos medos de fundo narcisista, e estender a mão para quem mais precisa, criando políticas públicas adequadas, sistema de saúde garantido para todos, educação de qualidade, habitação e saneamento, – em suma -, formarmos uma geração nova de jovens politizados e conscientes e não deixarmos que muitos que estão no poder – os famosos ladrões de colarinho branco (muitos dos quais nasceram em berço de ouro!), aqueles que não roubam para comer mas para engordar suas contas em bancos do exterior, não metam a mão naquilo que é patrimônio de todos, ganhos honestos de milhões de brasileiros que – como eu e tantos – pagam seus impostos diretos e indiretos (e não são poucos!).
    Trabalhei muitos anos no Rio de Janeiro e conheci – graças ao meu trabalho – inúmeras pessoas de comunidades carentes que trabalham duramente para manter suas famílias na dignidade e na honestidade. Bandidos? Existem, como em todos os lugares. Morei no Rio 12 anos e nunca fui assaltado. Mas, em contrapartida (a poucos dias, na Europa, fui roubado por um grupo de jovens, brancos, ricos, drogados!) Não sou preconceituoso – diga-se de passagem – mas, fatos como esses nos convencem de que o que precisamos é de outra coisa: precisamos de mais vida, mais amor!

  • Sim

    Quando voce nao estuda e nao tem pais ricos , voce escolhe ser pobre , quando voce tem um emprego com um salario minimo e quer viver na segurança disso , voce escolhe ser pobre , quando voce tem filhos ja tendo pouco dinheiro ai assina sua sentença de pobre para toda vida , agora quando voce faz sacricicios para investir no seu negocio na sua vida e adbica de muita vida pessoal para ter uma boa vida no futuro ai nao escolhe ser pobre.

  • Senhor Diviol Rufino, concordo plenamente com as necessidades sociais que apresentas em sua resposta. Precisamos mesmo de mais e melhor educação para nosso povo, melhores oportunidades para nossa gente, indiferente de classe ou cor da pele. Precisamos de mais segurança, mais e melhor atendimento de saúde, mais respeito e incentivo à cultura. Precisamos, sobretudo, de mais respeito pelo ser humano.

    E é por uma questão de respeito — respeito pela dignidade e pela soberania da mulher sobre seu corpo — que defendo o direito de escolha. Direito de escolha não significa estímulo ao aborto, como pode ter sugerido nosso comentador ‘Sim’, nem significa desvalorização da vida. Pelo contrário, significa valorizar muito mais a escolha livre que cada mulher poderá fazer — a de ter filhos em um contexto em que estes não são uma obrigação. Valorizará muito mais também a vida, vida desejada, que advirá da gestação escolhida e desejada pela mãe. Valorizará, sobretudo, o direito de todos a uma vida digna, neste mundo em que vivemos ou em qualquer outro.

    Precisamos de mais vida e mais amor, disso não há dúvida. Mas precisamos também sair de nosso pedestal de machos que enxergam o mundo apenas com os olhos do gênero que há séculos domina a cultura e a sociedade, e entender o que querem, e merecem, estas mulheres que chamamos de esposas, filhas, senhoras, meninas, empregadas, chefes, beatas ou putas, mas que dificilmente sabemos enxergar como aquilo que na realidade são — mulheres, com suas demandas, suas dificuldades e suas particularidades. Precisamos de mais respeito à mulher!

    Abraços do Verde.

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